Capítulo 4
O som abafado dos tiros ecoou pela rua deserta. O corpo do homem caiu no chão com um baque surdo, e a fumaça dos canos das armas ainda flutuava no ar, dissolvendo-se lentamente na noite fria. Laura abaixou a pistola, encarando o homem no chão sem emoção visível, enquanto Sam permanecia impassível ao seu lado, a expressão dura como sempre.
Sem uma palavra, eles se viraram e começaram a se afastar do local, deixando para trás o rastro de mais uma missão cumprida. O silêncio entre eles, no entanto, não era mais o mesmo de antes. Havia um peso, uma compreensão compartilhada que não precisava de palavras.
Enquanto caminhavam, Laura sentiu a necessidade de falar, mas não conseguia encontrar as palavras certas. Ela sempre se escondia atrás do humor e da frieza, mas o que Sam havia compartilhado naquela noite... havia quebrado algo dentro dela. Havia uma conexão entre eles agora, algo que ela não podia ignorar.
Você não tem que carregar tudo sozinho, sabe? - disse ela, finalmente. Sua voz era baixa, quase um sussurro, enquanto os passos deles ecoavam pelas ruas vazias. - Eu sei que você está acostumado a fazer isso, mas... você não está mais sozinho.
Sam parou por um instante, virando-se para olhar para ela. Seus olhos penetrantes pareciam buscar algo nas palavras de Laura, como se estivesse tentando entender o que ela realmente queria dizer. Havia uma batalha interna acontecendo nele, um conflito que ele não sabia como resolver. Durante anos, ele havia se fechado, construído muralhas ao seu redor para proteger o que restava de si mesmo. Mas agora, com Laura... era diferente.
Eu nunca tive escolha - ele disse finalmente, sua voz áspera. - Sempre foi só eu e minha sobrevivência. Se eu abrir espaço para mais alguém, tudo desmorona.
Laura deu um passo à frente, seus olhos fixos nos dele. - Você acha que já não está desmoronando? Olha pra você, Sam. A vida que você vive... ela está te destruindo. Talvez o que você precise não seja continuar lutando sozinho, mas deixar alguém lutar ao seu lado.
Sam desviou o olhar, o peso das palavras dela batendo nele com força. Ele não sabia se poderia confiar em alguém, se poderia permitir que alguém se aproximasse o suficiente para ver suas fraquezas. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar a verdade nas palavras de Laura.
Eles continuaram caminhando em silêncio, mas dessa vez a distância entre eles parecia menor, mais íntima. Era como se, de alguma forma, ambos estivessem se aproximando do ponto em que seus traumas e cicatrizes se cruzavam.
Ao chegarem ao esconderijo, Laura parou na porta, observando Sam por um momento antes de falar novamente.
O que a gente faz não define quem somos, Sam - ela disse suavemente. - A gente ainda pode escolher. Talvez... talvez a gente ainda tenha salvação, de algum jeito.
Sam não respondeu. Ele apenas entrou no quarto escuro, deixando a porta aberta para Laura. Ela o seguiu, e juntos, sentaram-se no chão, encarando o vazio da noite através da pequena janela suja. O silêncio, desta vez, não era mais de tensão, mas de uma conexão silenciosa, quase reconfortante.
Por mais que carregassem seus fardos, pela primeira vez, não estavam mais sozinhos.
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amor, ou ganância?
RomanceSam, marcado por um passado de pobreza e dor, busca poder e riqueza como capanga de um poderoso chefão da máfia. Ao reencontrar Anna, filha do chefão e seu amor de infância, ele se vê dividido entre o desejo por ela e sua crescente ambição. No meio...