amor, ou ganância?

sentimentos

Capítulo 5

O som abafado da porta pesada ecoou pela sala quando Sam e Laura voltaram para a base de Ricardo. O cheiro forte de fumaça e álcool preenchia o ar, misturado com a tensão que os acompanhara desde o fim da missão. Sam, com o olhar fixo no chão, foi direto para o quarto, mas Laura ficou parada por um momento, observando-o com um misto de preocupação e algo mais profundo que ela ainda não sabia descrever.

Ele não era mais o mesmo desde que haviam trocado confidências naquela noite. Laura sentia que, por um instante, havia rompido a muralha impenetrável que Sam construíra ao seu redor. Mas agora ele parecia ainda mais distante, e ela sabia que ele estava lutando para enterrar de volta tudo o que tinha confessado.

Laura suspirou, fechando a porta atrás de si e caminhando até o corredor onde Sam havia sumido. A base estava estranhamente silenciosa, o que fazia o ar parecer mais pesado. Ela tinha um pressentimento incômodo de que o silêncio não duraria muito.

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Anna observava pela janela do corredor enquanto Sam e Laura entravam. Algo estava diferente. Sam sempre fora frio, fechado, mas agora havia algo mais. Ele parecia... inquieto. Desde que retornara daquela missão, ele mal a olhara nos olhos. Ela sabia que a vida dele ao lado de seu pai exigia decisões difíceis, mas aquilo não parecia apenas uma questão de trabalho. E Laura... a proximidade entre os dois começava a incomodá-la de uma maneira que ela não estava disposta a admitir.

Ao vê-los juntos, Anna sentiu o peito apertar de uma maneira que misturava raiva e medo. Por dentro, ela sabia que era mais do que ciúmes. Era algo mais profundo, uma sensação de perda iminente.

Caminhando pelo corredor, Anna decidiu confrontar Sam. Ele não podia continuar agindo daquela forma, e ela precisava de respostas, mesmo que isso significasse enfrentar o que mais temia.

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Sam estava deitado na escuridão de seu quarto, o braço repousando sobre os olhos, tentando bloquear as lembranças que insistiam em vir à tona. A conversa com Laura, os flashes de sua infância, tudo estava ali, pulsando em sua mente. Mas antes que pudesse afundar mais em seus próprios pensamentos, um som suave na porta o despertou.

Ele se sentou na cama, a luz fraca iluminando apenas parte do quarto. Anna estava parada na entrada, seus olhos fixos nele, cheios de perguntas não ditas. Ele sabia que ela estava ali por uma razão, mas não estava preparado para aquilo.

- Você vai continuar fingindo que nada está acontecendo? - A voz de Anna era firme, mas havia um tremor por trás das palavras.

Sam suspirou, passando a mão pelo cabelo raspado. - Não sei do que você está falando, Anna.

Ela entrou no quarto, fechando a porta atrás de si, cruzando os braços. - Desde que voltou daquela missão, você está diferente. E não estou falando apenas sobre o trabalho. Estou falando sobre... ela. - Anna não precisou dizer o nome. A forma como seus olhos escureceram ao mencionar "ela" deixava claro que se referia a Laura.

- Não é o que você está pensando - Sam murmurou, evitando o olhar dela.

- Então me diz o que está acontecendo. Porque de onde eu estou, parece que você está se afastando de mim. - Anna deu mais um passo em direção a ele, a raiva começando a transbordar. - Você acha que não percebo a maneira como ela olha para você? Ou como você tem agido ultimamente?

Sam levantou-se da cama, encurtando a distância entre eles, mas ainda mantendo uma barreira invisível. - Não tem nada acontecendo entre mim e Laura, Anna. Ela é... só uma capanga como eu. Só isso.

- Então por que você está me tratando assim? - A voz de Anna quebrou um pouco, e pela primeira vez desde que entrara, sua expressão de força desmoronou. - Eu só quero entender o que está acontecendo com você, Sam.