Capítulo 22

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Yaman foi abaixando até sentar-se ao chão, levando Seher junto no movimento. De repente, Seher sentiu sua roupa úmida e estranhou que Yaman não a estava abraçando. Os braços dele caiam pesados ao lado. Afastou-se um pouco e fico chocada com o que viu. A frente de sua roupa e a camisa de Yaman estavam enxarcados de sangue. Yaman estava quase desfalecido. Seu rosto alternava entre uma expressão de dor e de topor, quando quase desfalecia, mas Yaman era um homem muito forte e resistiu ao máximo para não perder os sentidos. Seher começou a gritar desesperada por socorro. Ali e Kiraz vieram rapidamente ao encontro. Ali tirou a camisa e ficou fazendo pressão na ferida do tiro. Alguém gritou: Uma ambulância, por favor uma ambulância. A ambulância que tinha sido chamada pelos policiais, partira dali conduzindo Hakan. Ali queria levá_lo no carro, mas Yaman era um homem enorme para caber desfalecido dentro do carro dele. Seher chorava copiosamente. Ela estava suja do sangue dele. Yaman mal conseguia manter os olhos abertos, tinha perdido muito sangue. Quando tomou o tiro, sentiu um queimor e viu escorrer algum sangue, mas achou que tivesse sido apenas de raspão. Enquanto estava tentando salvar Seher, devido ao medo e a adrenalina não percebeu que seu estado era mais sério do que pensara. Seher abraçada a ele, chorava e rezava baixinho. A ambulância chegou em minutos. Seher foi junto, apesar dos protestos dos paramédicos que não queriam. No hospital ele foi levado às pressas para cirurgia. Seher andava de um lado para o outro no corredor, desesperada, amedrontada e achando-se culpada pelo ocorrido. Dizia baixinho: Allah, por favor não o puna pelos meus erros. Por favor Allah, eu te peço, não me castigue através dele, por favor. Seher se culpava. Achava que por não tê-lo ouvido acabou cometendo o erro de ir até a casa de Eda e daí todas as consequências de seus atos culminaram com o tiro que ele levara. Ela estava ansiosa sem notícias de seu colibri. Já fazia mais de uma hora que ele tinha entrado e ninguém tinha vindo falar com ela ainda.

Ali chegou com Kiraz e também com dona Nida. Seher a abraçou e disse aos prantos: me perdoa dona Nida, me perdoa. É tudo minha culpa.

Dona Nida vendo a angústia de Seher, embora estivesse muito apreensiva de que alguma coisa pior pudesse acontecer com seu filho, tentou tranquilizá-la, disse: querida, você não tem culpa alguma. Os culpados são aquele Hakan e a mulher dele. Vai ficar tudo bem, eu acredito nisso. Vai ficar tudo bem! Olha, meus meninos são fortes. Yaman e Ali são uns touros. Não é Ali?

A: sim. Seher, se acalme, vai dar tudo certo. Yaman vai sair dessa, você vai ver.

N: É Seher, você vai ver. Já te disse, meus meninos são fortes. Você sabia que Ali sofreu um atropelamento horrível? E ele sobreviveu. Yaman também vai.

Mas Seher não conseguia atinar quase nada do que diziam. Kiraz a conhecia muito bem e sabia que ela não estava assimilando nada do que ouvia. A pegou pelo braço, a sentou e disse: Calma, eu estou aqui. Vou buscar um café bem forte para você. Ali se dispôs a buscar o café enquanto Kiraz tentava lhe acalmar.

K: Seher? Olha para mim? Acabou! Acabou tudo. Não existe mais chantagem, não existe mais noivado falso, não existe mais perigo, Baba Yusuf está bem e Yaman vai ficar bem também. Fique calma, taman?

S: você acha Kiraz? Você acha que ele vai ficar bem? Foi tudo minha culpa. Eu não quis ouvi-lo e foi por isso que ele levou aquele tiro. Será Kiraz que esse inferno acabou mesmo? E os agiotas?

K: Os agiotas não existem. Foi tudo uma invenção deles. Eles queriam pegar o dinheiro, mas não iriam admitir, por isso inventaram essa história de agiota e de que pegariam o Aslan para que você fosse ao banco e transferisse o dinheiro para eles. Era o crime perfeito. Afinal, você nunca iria achar que eles te roubaram e sim que você os ajudou a salvar a vida do filho deles. Você não daria queixa e pronto eles sairiam com o dinheiro e você ainda acharia que tinha feito uma boa ação. O problema é que Hakan, apesar de ser um crápula, tentou desistir quando viu que a coisa estava saindo do controle e Eda não aceitou e aí o trem descarrilou.

A Flor e o ColibriOnde histórias criam vida. Descubra agora