Capítulo 4

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A partir daí, não trocaram uma palavra sequer um com o outro. Tinham andado em círculos, tanto na floresta como em seu relacionamento.

Andaram mais algumas horas até que encontraram uma espécie de gruta. Era, na verdade um agrupamento de rochas que sobrepostas em cima e ao lado fizeram um abrigo. Um abrigo feito pela natureza. Não era grande, mas cabia os dois, apertados, mas cabia. Iriam ter que ficar muito juntos, praticamente encostados um no outro. Era apertado, mas passariam a noite em segurança. A gruta não tinha muita altura e nem profundidade, mas tinha largura suficiente em que os dois poderiam se deitar para descansar. Trataram de arranjar algumas folhas. Yaman trazia e Seher arrumava, cobrindo o chão, fazendo uma cama de folhas. Não tinham mais comida, somente duas garrafinhas cheias de água e uma vazia. A mochila de Yaman, como a de acampamento, tinha entre outros itens, lanterna, kit de primeiros socorros, repelente, protetor solar, uma manta enorme de tecido que ficava enrolada e presa por presilhas no lado de fora e um saco de dormir. Yaman foi tirando os itens da mochila para ver o que necessitariam utilizar para passar a noite.

Seher olha com deboche e diz: Olha, não é que o piloto está bem equipado!!!

Y: Pois é, é para você ver que as vezes devemos conhecer melhor as pessoas antes de criticá-las.

S: é mesmo é? Concordo com você. Devemos sempre conhecer melhor as pessoas antes de tirarmos conclusões.

Y: Tome, pode ficar com o saco de dormir.

S: Não obrigada. Eu vou me deitar no canto, então você que vai ficar mais perto da abertura, deve ficar com o saco de dormir.

Yaman pensou: atrevida! Estou tentando ser cavalheiro e ela com toda essa empáfia! Disse: Ok, se a madame prefere assim...

S: Sim, a madame prefere assim. Desculpe se lhe desagradei, meu comandante. Fez uma continência debochando.

Ela entrou e ficou no canto, quase encostada na rocha. Ele calmamente, abriu o zíper da lateral do saco de dormir, entrou, fechou o zíper e virou para o lado. Dormiram.

Florestas costumam ser úmidas devido à densidade de vegetação. Então durante o dia, no verão, faz muito calor, mas à noite, quando já não há mais a quentura do sol, faz frio, e, dependendo do lugar, muito frio!

Era madrugada e Yaman acordou sentindo algo se mexer perto dele. Pegou a lanterna e olhou em direção à abertura, mas nada viu. Virou-se e viu Seher dormindo e tremendo de frio. Abriu o zíper da lateral do saco de dormir, a puxou para dentro e fechou o zíper. Seher acordou com esse movimento, mas fingiu que ainda dormia. Embora não estivesse satisfeita com a situação, sabia que se não se aquecesse, estaria doente no dia seguinte. Não tinha outra opção naquele momento. Estavam apertados dentro daquele saco. Yaman virou para o lado contrário ao dela, em direção à abertura da gruta e ela estava virada em direção ao fundo da gruta.

Quando amanheceu, Yaman acordou primeiro. Estavam virados de frente um para o outro, tão próximos que ele podia sentir sua respiração. Ficou ali parado a olhando, admirando seus grandes cílios, sua boca carnuda e seu nariz delicado. Ficou inebriado com o cheiro de seus cabelos. Ele a achava linda. A achou linda desde o momento em que a viu pela primeira vez no hangar. Disfarçou quando pensou que Hakan fosse o seu marido, mas, na verdade, a achou divina! Seher foi despertando aos poucos e abriu seus olhos. A luz que vinha de fora os iluminou, deixando-os ainda mais verdes. Ela se remexeu procurou o zíper do seu lado e abriu, sentou-se e disse tentando disfarçar: Me desculpe eu não percebi que tinha entrado no saco de dormir. Tirei seu conforto.

Y: Você não entrou, fui eu quem a puxei. Se você não tivesse sido tão teimosa, poderia ter ficado com o saco de dormir quando eu lhe ofereci.

Seher com raiva pela reprimenda diz: e quem mandou? Quem lhe deu autorização para me puxar para dentro?

Y: Você estava tremendo de frio! Queria que eu te deixasse morrer congelada? Mal-agradecida!

S: tá bom, agora já amanheceu. Vamos sair desta gruta. Dá licença, por favor? Eu quero passar.

Yaman sai e diz: Claro princesa, pode passar. O plebeu já saiu da frente. Quer que eu peça para o mordomo trazer o seu café da manhã?

S: Irritante!!!

Yaman com um sorrisinho debochado diz: vou ver se acho algo para comermos. Saiu.

Seher saiu também para procurar comida. Andou para o lado contrário ao que ele tinha ido. Achou um riacho não muito fundo. A água batia um pouco acima de sua cintura. De águas tão límpidas que era possível enxergar o fundo com seixos de todos os tamanhos. Um verdadeiro espetáculo da natureza. O sol nascido trazia junto o calor e a umidade da floresta. O suor era denso, colava ao corpo. Resolveu tomar um banho tirou toda a roupa ficando apenas de calcinha, mas lembrou-se que ele poderia aparecer a qualquer momento. Então colocou a sua blusa, de um tecido fino, por cima e mergulhou. Quando emergiu, deu de cara com Yaman dentro do rio, completamente nu. Virou-se de costas e disse: Mas o que é isso?

Y: Um homem nu ué? Nunca tinha visto um?

S: Já, claro que já vi um homem nu, mas porque você não entrou pelo menos com a roupa de baixo?

Y: porque eu não gosto de tomar banho de roupa. Mas, já que te incomodo, vou tapar com as mãos. Pronto pode virar.

Ele tinha tapado seu sexo com as mãos. Ela virou-se e ele ficou deslumbrado, porque o tecido da blusa molhada tinha colado na pele e era possível ver todo o seu corpo, inclusive os seios pequenos e firmes. Ela não se deu conta de que estava muito mais sexy do que se estivesse completamente nua.

Yaman ficou ali admirando aquela paisagem em silêncio, enquanto Seher esbravejava: Muito indecente de sua parte. Se sabia que eu estava aqui podia ter se comportado e colocado a cueca. Por que não fez como eu? Por que não tentou ser um pouco mais discreto?

Yaman deu um sorrisinho e disse: Você tem razão, foi muito rude da minha parte, princesa. Você sim, fez da melhor maneira possível. Continue fazendo assim, porque eu adorei! Saiu deixando à mostra seu bumbum.

Seher irritada diz: idiota! Só porque é um homem bonito, acha que todas vão cair aos seus pés. O que ele quis dizer com: eu adorei? Olhou-se e percebeu que a blusa molhada colada ao seu corpo, mostrava muito mais do que escondia. Droga! Era disso que ele falava.

Yaman saiu dali rapidamente porque a visão que tivera daquela mulher linda com a roupa molhada grudada em sua pele, o excitou. E se não tivesse saído naquele momento não conseguiria mais disfarçar. Pegou suas roupas e vestiu. Tentava esquecer a visão que acabara de ter. Não conseguiu. Estava tatuada em sua mente. Aquele corpo, seus cabelos molhados, seus olhos brilhantes com o reflexo do sol que batia na água do riacho, seu umbigo marcado pelo tecido molhado, sua boca rosada, aqueles seios...Teve que se esconder atrás de uma árvore e se masturbar. Era a primeira vez que se despejava pensando nela.

Seher foi até à margem, olhou em volta, tirou a blusa molhada, colocou o sutiã, a calça e o terninho. Ia levando a blusa molhada nas mãos e pensando: que homem espetacular! Ele era lindo, forte, barba e bigode bem-feitos, cabelos fartos e lindamente castanhos, assim como seus olhos cheios de expressividade. Tinha um membro imponente, para não dizer grande e um bumbum lindamente redondo. Por que estou tão atraída por ele? Será que é por conta dessa aventura que estamos vivendo? Não se iluda Seher, quando sairmos daqui tudo será esquecido. Foca em voltar, afinal tem pessoas que te amam e te esperam e que devem estar muito preocupadas com você.

No caminho até a gruta, achou um pé de amoras e um de morangos selvagens. Colheu alguns. Era pouco, mas serviria para dar energia aos dois. 

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