• You and I would've found each other

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Carina estava sentada em um dos bancos próximos ao parquinho, tentando respirar fundo e controlar a agitação crescente em seu peito. A presença de Andrea ao seu lado era um ponto de calma, mas a confusão dentro dela crescia a cada segundo, as risadas das crianças que antes pareciam reconfortantes agora soavam distantes quase irreais como um fundo que não pertencia a sua vida.

E então, ela viu Maya.

O mundo de Carina parou, seu coração disparou como se estivesse prestes a explodir e por um instante, ela sentiu que o ar havia sumido de seus pulmões. Ali estava ela a sua Maya, a mulher que ela amava, que havia dormido nos braços apenas dois dias atrás. Aquela mulher com o andar determinado e o uniforme de bombeira era inconfundível, o cabelo loiro amarrado num rabo de cavalo a postura confiante e forte era a mesma Maya que conhecia cada detalhe de seu corpo, que a fazia sentir segura e amada.

Mas ao mesmo tempo, não era.

Carina sentiu o mundo desmoronar quando os olhos de Maya cruzaram com os seus a conexão que esperava sentir aquela faísca de reconhecimento... não estava lá. Em vez disso, o olhar de Maya passou por ela sem importância, como se fosse apenas mais uma pessoa qualquer, uma estranha, não havia nem mesmo um vislumbre de familiaridade e isso foi como um soco no estômago.

Carina sentiu uma onda de náusea a atingir, ela podia vomitar a qualquer momento com a intensidade da angústia que dominava ela, seu corpo começou a tremer e a sua mente parecia incapaz de processar o que estava acontecendo. Como isso era possível? como Maya a mulher que amava mais do que qualquer coisa, não a reconhecia?

Antes que pudesse ser dominada pelo pânico, ela sentiu as mãos firmes de Andrea na sua cintura um gesto reconfortante que a trouxe de volta à realidade por um breve momento.

— Carina, você está bem? — a voz de Andrea soou preocupada.

Ela piscou algumas vezes, tentando focar no rosto dele. Suas palavras saíram trêmulas quase inaudíveis.

— É... é a Maya. — ela apontou discretamente para a loira, que agora conversava com algumas crianças ao longe, alheia ao caos emocional de Carina.

Andrea seguiu a direção do dedo de Carina, observando Maya por um momento antes de voltar o olhar para a irmã.

— A que você me falou? — ele perguntou, sem entender o impacto daquela presença.

Carina olhou para Maya mais uma vez como se tentar entender a distância entre elas fosse uma dor física. Como era possível que a mulher que significava tudo para ela estivesse ali mas fosse completamente desconhecida?

— Ela é... — Carina hesitou a tristeza apertando seu coração. — A mulher da minha vida.

Andrea franziu a sobrancelha confuso, ele não conhecia essa história e cada vez mais as peças que Carina apresentava não faziam sentido para ele. No entanto, seu tom permaneceu leve, talvez tentando aliviar a tensão que via na irmã.

— Você tem um bom gosto. — ele disse com um sorriso meio brincalhão, tentando acalmar ela.

Carina soltou uma risada mas era uma risada amarga, carregada de tristeza.

— A mulher da minha imaginação tem um bom gosto. — ela corrigiu — Mas essa real... provavelmente não.

Ela desviou o olhar tentando esconder as lágrimas que ameaçavam cair novamente. Andrea percebendo a gravidade do momento, passou o braço ao redor de seus ombros, apertando ela de leve em um abraço silencioso. Carina tentou se concentrar no calor reconfortante do irmão, mas a visão de Maya continuava ali como uma assombração.

Timeless - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora