• Precious things that time forgot

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Carina não conseguia desviar os olhos de Maya a mulher na sua frente era um turbilhão de charme e intensidade cada sorriso, cada olhar e cada provocação a envolviam mais e ela queria se entregar, se deixar levar completamente mas havia algo sutil, uma nota fora do compasso naquela melodia que, de algum modo a mantinha alerta como se estivesse o tempo todo aguardando que algo familiar se revelasse por trás do desconhecido.

O jantar se estendia entre conversas e olhares a química entre elas pulsando de um jeito quase palpável. Maya era charmosa e segura, mas era uma confiança que parecia mais... leve talvez até despreocupada. Enquanto falava, Carina tinha o cuidado de esconder fragmentos de seu passado com Maya, lembrando de que para essa Maya elas ainda eram desconhecidas, ela jogava com sutileza tentando manter a familiaridade sem assustar ela mas era estranho ver a até então namorada agir como se cada detalhe fosse uma descoberta. No entanto Maya parecia genuinamente encantada reagindo a cada toque, cada risada, cada sorriso.

À medida que as taças de vinho esvaziavam e a noite avançava o ar ficava mais quente e Carina se permitia um pouco mais se entregando aos toques e flertes, os olhos de Maya escureciam de desejo observando ela com a intensidade que Carina tanto conhecia e amava.

Porém cada vez que se deixava envolver, algo dentro dela a puxava para a realidade, sentia aquela pontada persistente no peito uma espécie de alerta sutil algo que lhe dizia que havia algo a mais, que não era simplesmente Maya à sua frente, mas um retrato uma versão tão parecida e tão distante.

Quando o garçom trouxe a conta Maya segurou a mão de Carina e a puxou para perto roçando os dedos delicadamente sobre a pele dela. Carina sentiu um arrepio subir por todo o corpo os nervos se acendendo e sem perceber ela prendeu a respiração ao sentir a mão de Maya deslizando suavemente pela sua perna, os olhos dela carregados com uma promessa silenciosa.

— O que acha da gente ir para um lugar mais reservado? — Maya perguntou a voz levemente rouca, carregada de desejo.

Carina olhou para ela com um sorriso de canto tentando disfarçar a súbita aceleração do coração.

— Maya Bishop querendo me levar para outro lugar sem sequer me beijar antes? Que ousadia — ela respondeu com um tom brincalhão mas as palavras saíram entrecortadas a respiração levemente instável.

Maya ergueu uma sobrancelha divertida, e se aproximou um pouco mais.

— Bom, isso não é um problema... posso corrigir agora mesmo — respondeu com a voz grave.

Antes que Carina pudesse reagir Maya se inclinou e colou seus lábios nos dela, o beijo foi firme e lento no começo mas rapidamente se intensificou uma corrente elétrica que percorreu Carina da cabeça aos pés. Ela sentiu a familiaridade no toque no modo como Maya segurava seu rosto com uma mão firme e a outra ainda sobre sua perna transmitindo o mesmo desejo e intensidade que Carina conhecia tão bem, era como reviver uma memória; tudo nela reagia ao toque, ao calor à sensação tão visceral.

Mas então no meio do beijo a dorzinha que vinha tentando ignorar voltou a cutucar. Era um vazio leve, mas que ecoava em algum lugar profundo, insistente. Aquela Maya era igual, mas diferente cada movimento, embora preciso e carregado de significado ainda não era exatamente o que o coração de Carina queria, quando o beijo terminou ela se afastou levemente, tentando não demonstrar a confusão que consumia por dentro.

Maya sorriu para ela o olhar cheio de expectativa.

— Que tal agora? Acha que sou ousada demais?

Carina soltou uma risada baixa tentando recuperar o fôlego e esconder a agitação que se formava em seu peito.

— Acho que você só está... no ponto certo — ela respondeu tentando soar leve, mas sentindo a voz trêmula.

Elas riram juntas mas no fundo Carina sabia que aquela noite seria difícil, mesmo com a química inegável e o desejo mútuo, aquela dorzinha continuava ali, lembrando ela de que apesar de tudo, aquela Maya não era a sua Maya e que talvez aquela noite fosse a única chance de sentir ao menos um pouquinho do amor que elas tinham compartilhado.

Timeless - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora