9 - Sombra do Passado

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Capítulo 9: Sombra do Passado

Pov: Malia

O sol se punha, lançando uma luz dourada pela sala, enquanto eu ainda estava sentada no chão, com a mão entrelaçada na de Kylie. O conforto daquela tarde parecia surreal, e, mesmo assim, não conseguia afastar os fantasmas do passado que se escondiam nas sombras.

Com o olhar perdido na parede, comecei a recordar os dias em que Kylie era a chefe da máfia. O poder e a confiança que ela exalava naqueles momentos me deixavam intrigada e, confesso, um pouco fascinada. Havia algo sedutor na maneira como ela manipulava a situação ao seu redor, como se estivesse jogando um jogo e sempre soubesse qual seria o próximo movimento.

Naquela época, eu não me sentia desconfortável. Ao contrário, me lembro de ter me divertido, mesmo em situações perigosas. Uma memória específica surgiu em minha mente: o dia em que Kylie "me sequestrou". O jeito que ela segurou meu pescoço, aquele olhar intenso e desafiador nos olhos... A adrenalina corria em minhas veias, e eu não conseguia evitar de me sentir atraída por aquela aura de perigo.

— Você sabe que eu poderia facilmente acabar com você, não sabe? — ela havia dito, a voz baixa e carregada de emoção, enquanto a arma que apontava para mim brilhava sob a luz. Em vez de medo, uma onda de excitação me invadiu. Naquele momento, a sensação de vulnerabilidade misturada ao poder de Kylie era intoxicante.

Recordando isso, percebi que, de certa forma, a ideia de Kylie como chefe da máfia não era tão ruim. Na verdade, era algo que sempre me atraiu. A força que ela demonstrava, a capacidade de proteger os que amava ao mesmo tempo em que impunha respeito e medo aos outros... tudo isso me deixava intrigada.

As memórias continuaram a surgir: as vezes em que Kylie me puxou para perto, sussurrando promessas de proteção, enquanto eu me sentia envolta na segurança de seu abraço. Havia algo sexy em sua ousadia, na maneira como ela desafiava os limites e navegava pelo perigo com tanta facilidade.

— Malia? — a voz de Kylie me trouxe de volta à realidade. Eu a olhei, encontrando preocupação em seus olhos. — Você está bem?

— Sim, só... só estava pensando — respondi, tentando organizar os pensamentos que dançavam em minha mente.

Kylie inclinou a cabeça, a curiosidade a iluminando. Era o momento perfeito para compartilhar o que estava me consumindo.

— Lembrei de como você era antes, quando liderava a máfia. Havia algo em você que sempre me fascinou — confessei, a sinceridade nascendo como um impulso. — Eu não tinha medo de você, sabia? Havia uma atração em todo aquele poder.

Um sorriso brincou nos lábios de Kylie, e pude ver um brilho em seus olhos, como se ela estivesse relembrando também aqueles dias.

— Era uma época complicada, mas eu gostava de quem eu era... de quem nós éramos. Não era apenas sobre o crime, era sobre controle, poder — ela respondeu, sua voz suave.

Fiquei em silêncio, contemplando suas palavras. Embora tudo aquilo tivesse sido cercado de perigos, a conexão que construímos naquela época era intensa, e eu não poderia negar que parte de mim ainda se sentia atraída por tudo aquilo.

— Eu gostava da forma como você se impunha. Era sexy — não consegui conter a sinceridade. — Havia uma confiança em você que me fazia querer saber mais.

Kylie riu, e a leveza do momento me fez sentir que estávamos realmente construindo algo diferente, algo que poderia nos tirar das sombras do passado.

— Você sabe que agora sou uma versão diferente de mim mesma, não é? — ela perguntou, o tom brincalhão no ar.

— Eu sei. E é isso que me confunde. Parte de mim sente falta da Kylie que era chefe da máfia, mas a outra parte tem medo do que isso significa — respondi, sentindo que cada palavra revelava mais do que eu queria.

Kylie se inclinou para frente, segurando meu olhar. — A mudança é difícil, Malia. Mas a verdadeira Kylie ainda está aqui. Apenas evoluí.

Por um momento, o tempo pareceu parar. O passado e o presente se entrelaçavam em um fio delicado, e, ali, no limite da nossa nova realidade, percebi que o que realmente me atraía era a complexidade de quem Kylie era: a força, o perigo e a vulnerabilidade que agora compartilhávamos.

A insegurança do passado não desapareceria, mas talvez, com cada passo que dávamos, pudéssemos transformar essas sombras em algo que nos unisse ainda mais.

— Um passo de cada vez, certo? — eu disse, repetindo as palavras que se tornaram um mantra entre nós.

Kylie assentiu, o olhar sério, mas havia um brilho de esperança. A conexão que havia se formado entre nós, uma mistura de passado e presente, estava apenas começando a se desenvolver.

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Vendida a uma mafiosa 2 - KyliaOnde histórias criam vida. Descubra agora