Capítulo Cinco

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Travis sentia cada movimento de Taylor ao seu lado, o leve tremor de suas mãos e a tensão em seu corpo que parecia aumentar a cada passo que davam pelas ruas. Eles caminhavam juntos, seus braços entrelaçados de maneira natural, mas ele sentia as unhas dela fincando em seu braço, como se estivesse se segurando em uma âncora para não se perder no mar de olhares que os cercavam. As ruas estavam abarrotadas de pessoas que, animadas, observavam o festival do Dia da Família, mas a atenção delas, naturalmente, recaía sobre a família real. E, claro, sobre a mulher que agora fazia parte de todo aquele espetáculo.

Ele observava a família na frente deles — seus pais liderando o caminho, seguidos por Jason e Kylie, enquanto Ross e Sarah estavam mais atrás e soldados discretamente os escoltavam. Para o público, tudo parecia perfeito: a realeza passeando tranquilamente em meio à celebração popular.

— Não precisa ficar tão nervosa — ele sussurrou, mantendo a voz baixa e suave, na esperança de acalmá-la. — Tá tudo bem.

Taylor não respondeu de imediato. Ele podia ouvir a respiração dela se acelerar um pouco, e sua mão apertou ainda mais o braço dele, como se suas palavras não fossem suficientes para dissipar o pânico que ela sentia.

— É fácil falar — a mulher respondeu, a voz tremendo levemente, quase inaudível. — Nunca tive tanta gente olhando pra mim ao mesmo tempo...

O príncipe não pôde evitar o suspiro que escapou. Ele entendia perfeitamente o que ela estava sentindo, mas ele também sabia que não era apenas o festival que a deixava nervosa. Era o que havia acontecido mais cedo naquele dia.

Seu pensamento voltou ao momento anterior, quando a situação com Sarah havia explodido. O rei descobrira que Travis havia promovido a mulher a assistente de Taylor sem consultar ninguém, e a repreensão que se seguiu foi brutal. Ele ainda podia ouvir a voz grave e firme de seu pai ecoando no salão, o olhar desaprovador cravado em sua direção. Por vários minutos, seu pai o lembrou, palavra por palavra, que ele não tinha o direito de tomar esse tipo de decisão sem a aprovação da coroa.

O pior, no entanto, foi quando o rei ameaçou demitir Sarah. A ideia de que sua pequena ação poderia resultar na demissão de alguém tão dedicada e gentil o deixou desconcertado. Ele tinha consciência de que, ao promover a mulher sem consultar ninguém, estaria entrando em terreno perigoso. Ainda assim, uma parte dele acreditava que seu pai não levaria a situação tão longe.

E Taylor, claro, também havia sentido o impacto daquilo. Ele viu o olhar de pânico nos olhos dela quando a possibilidade de demissão foi mencionada. A única razão pela qual Sarah não foi demitida foi porque Lady Lana, como sempre, interveio. Ela argumentou que o escândalo de demitir alguém nesse contexto pegaria mal publicamente, especialmente se a empregada viesse a público quando todos os olhos da mídia já estivessem tão focados no casal. O alívio de Travis ao ouvir aquilo foi imediato, mas o dano emocional já havia sido feito.

Agora, enquanto caminhavam pelas ruas lotadas, ele sabia que a mente da mulher ao seu lado estava longe. Ele sabia que precisava mudar o foco, distraí-la de alguma forma.

Tentando aliviar o peso da situação, ele olhou ao redor e avistou uma série de barracas de comida e artesanato. Era uma das poucas coisas que eles podiam fazer livremente durante o festival, sem tantas restrições. O homem inclinou a cabeça e apontou discretamente para uma barraquinha à frente, onde um homem trabalhava com miçangas, criando acessórios coloridos e delicados.

— Tá vendo aquela barraquinha de acessórios? — Ele falou com um tom mais leve, tentando desviar a atenção dela. — O cara tá fazendo colares e pulseiras de miçanga. Que tal darmos uma olhada? Quem sabe você não sai daqui com um presente novo?

American Stories (Tayvis)Onde histórias criam vida. Descubra agora