Capítulo Três

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— Muito bom, Ethan! — Taylor sorriu para seu aluno de treze anos, que ainda estava sentado no banquinho em frente ao piano. A luz suave da sala iluminava o rosto do garoto, e ela viu a alegria refletida em seus olhos. — Acredito que em mais alguns anos teremos o novo Beethoven!

Ele riu, balançando a cabeça com modéstia.

— Eu ainda preciso superar você primeiro, senhorita Taylor.

A resposta dele fez o coração da mulher aquecer. Ela se sentiu tocada, como se cada elogio fosse um pequeno reconhecimento de todo o seu esforço e dedicação. Lembranças de sua própria infância passaram pela sua mente: as aulas de música, os desafios e as pequenas vitórias que a moldaram. Ela sempre foi apaixonada por música, um refúgio em momentos de dificuldade e um canal para expressar seus sentimentos. Agora, ao ensinar, tinha a chance de passar essa paixão adiante, de ser uma luz na vida de seus alunos.

Claro, o salário que recebia não era muito. Os dias eram longos e as dificuldades eram reais, mas quando via o progresso de Ethan e de outros pequenos, todo o esforço parecia valer a pena. Cada nota que ele tocava era um lembrete de que sua paixão poderia realmente fazer a diferença, de que ela estava contribuindo para algo maior do que si mesma.

— Vamos tentar mais uma vez? — sugeriu, animada, enquanto se aproximava do piano.

Naquele momento, toda a raiva e frustração que a envolviam em sua vida pessoal pareciam se dissipar. A sala, o piano, e a conexão que ela compartilhava com seu aluno se tornaram seu mundo. Ela precisava disso, precisava sentir que estava no controle de algo.

Dois dias haviam passado desde o incidente no palácio e, para sua surpresa, nada tinha sido exposto e as redes sociais e os jornais estavam em silêncio sobre o assunto. Essa ausência de notícias fez com que ela se sentisse um pouco mais tranquila, como se um peso estivesse sendo lentamente levantado de seus ombros.

Havia algo reconfortante na ideia de que o príncipe estava lidando com o escândalo, como se sua influência pudesse realmente fazer a diferença. A imagem de Travis, firme e decidido, voltava à sua mente com bastante frequência. Ela se pegava pensando em como ele a acalmou em seu ataque de pânico, em como suas mãos e seus olhos a mantiveram no lugar e em como ele parecia determinado em ajudá-la.

Talvez ele tenha conseguido controlar tudo isso, pensou, sentindo um sopro de esperança. A ideia de que a situação poderia ser resolvida sem maiores repercussões a deixava mais aliviada, permitindo que ela se concentrasse no que realmente amava.

Um barulho de saltos chamou a atenção de Taylor, e ela se virou no banco para olhar para trás, vendo Dianna e Elisa, as mães de Ethan, entrarem na sala de música. Elas estavam bem vestidas, adornadas com jóias que brilhavam sob a luz suave do ambiente.

— Taylor, querida — Dianna chamou, aproximando-se com um sorriso, enquanto sua esposa ia em direção ao sofá. — Você gostaria de um café?

— Não, senhora Thompson, obrigada. — Ela sorriu de volta, tentando manter o foco em Ethan, mas uma inquietação começou a borbulhar dentro dela como se sentisse que algo fosse acontecer.

O tempo passou em um turbilhão de notas musicais e risadas, até que, de repente, Elisa soltou um suspiro espantado que ecoou pela sala. Taylor virou-se, intrigada.

— O que foi? — Dianna perguntou, já se inclinando para ver o que estava acontecendo.

Elisa olhou para o iPad que segurava, um brilho travesso nos olhos.

— O príncipe Travis!

Taylor congelou. A menção do nome dele fez sua respiração falhar por um instante. Todo o alívio que sentiu ao longo do dia evaporou, substituído por um frio na barriga.

American Stories (Tayvis)Onde histórias criam vida. Descubra agora