𝓐𝓮𝓵𝓵𝓪 é uma semi-deusa filha de Zeus com uma mulher desconhecida. Zeus quebrou a sua promessa quando ela nasceu e para protegê-la, ordenou que ela crescesse no acampamento meio-sangue.
Ela nunca saiu para ver o mundo lá fora, até que, ela consu...
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Eu estava me sentindo especialmente infeliz naquela noite.
Percy havia falado sobre a mãe dele no caminho de volta, e o carinho em cada palavra dele me atingiu de uma forma que eu não esperava. Fiquei imaginando como seria ter alguém assim, alguém que esperasse por mim, que se importasse, que me entendesse sem precisar dizer nada. Como seria se eu tivesse uma mãe ao meu lado, alguém para compartilhar meus medos e dúvidas?
E, então, pensei no meu pai. Será que Zeus alguma vez pensou em como é estar sozinha? Será que ele sabe o vazio que sinto? Eu queria que ele fosse mais do que uma presença distante, um nome em murmúrios e promessas quebradas.
E ainda tem Hera... Como posso lutar por um lugar neste mundo se ela me trata como se eu nem merecesse estar nele? Desde que ela descobriu que existo, minha vida virou uma constante batalha contra os caprichos dela, como se tudo de ruim estivesse sempre esperando para me derrubar.
Naquela noite, eu só queria entender como seria ter uma família de verdade, mas talvez isso seja pedir demais.
Pisquei os olhos algumas vezes para prender o choro. Minhas mãos tremiam levemente.
Tentei olhar em volta para me distrair; Annabeth roncava deitada ao chão. Grover acabou dormindo sentado com uma latinha de coca de mão. E Percy ao meu lado brincava com sua caneta-espada.
— Porque não dorme? - perguntou ele, notando meu olhar.
— Como se eu conseguisse... - falei sem pensar.
— Como? - disse ele, confuso.
Agora como eu iria explicar isso?
— Desde que... hum... eu voltei do... - gaguejei. — Tártaro.
Eu senti um arrepio percorrer meu corpo.
— Não consigo comer direito, nem dormir sem acordar assustada. E... porra! Todos os dias eu sinto como se estivesse lá de novo! Sempre tenho pesadelos, não consigo dormir! - falei tudo muito rápido, não respirava direito.
— Você já... no Tártaro?... - a voz de Percy soava distante para mim.
Eu senti o chão tremer sob meus pés. Por um momento, eu quase acreditei que estava de volta no Tártaro. O som abafado das vozes ao redor parecia um eco distante, distorcido, e minha visão começou a se estreitar. O ar pesava em meus pulmões, como se eu estivesse presa em um lugar sem saída.
Eu me afastei apressada, tentando encontrar um canto isolado, longe de todos que estavam ali. Minha respiração ficou rápida, irregular, e meu peito começou a apertar de uma forma que parecia insuportável. As lembranças começaram a surgir: o cheiro de enxofre, a escuridão opressiva, as criaturas que eu ouvia se aproximando sem nunca poder ver.
