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Katarina estava sentada no sofá da sala, com as mãos entrelaçadas no colo, os olhos fitando o vazio à sua frente. A casa, que antes era cheia de vida e risadas, agora parecia envolta em um silêncio pesado, opressor. Fabrício ainda estava no trabalho, e Isaque havia saído mais uma vez sem dizer para onde ia. Isaías estava no quarto, provavelmente tentando estudar, mas ela sabia que ele também sentia o peso de tudo que estava acontecendo.

Ela suspirou profundamente, levantando-se do sofá. O ar estava denso, e Katarina sentia como se estivesse carregando o peso do mundo sobre os ombros. As contas acumuladas na mesa da cozinha eram um lembrete constante dos problemas financeiros que pareciam não ter fim. A situação com Isaque piorava a cada dia, e ela não sabia mais como alcançá-lo. Por mais que tentasse ser uma mãe presente e amorosa, o distanciamento do filho mais velho a despedaçava por dentro.

Ela caminhou em direção ao quarto de casal, fechando a porta suavemente atrás de si. As lágrimas que ela segurava há dias finalmente começaram a descer, silenciosas, marcando seu rosto cansado. Katarina sentia-se impotente. Tudo o que ela conhecia, a família pela qual tanto lutou, estava desmoronando diante de seus olhos. Sua fé, que antes era uma fonte de força, agora parecia distante, como se estivesse sendo abafada pelo caos.

Caminhando até a cama, ela se ajoelhou ao lado, o coração apertado e a mente confusa. Fazia tempo que não orava de verdade, com o coração sincero e aberto. Nos últimos meses, ela havia feito apenas orações rápidas, automáticas, tentando manter as aparências de que estava tudo sob controle, mas no fundo, sabia que não estava. Agora, o desespero era maior do que sua capacidade de fingir.

— Deus... — Katarina começou, a voz falha e entrecortada pelo choro. — Eu não sei o que fazer. Eu não sei mais como lidar com tudo isso...

Ela fechou os olhos com força, como se, ao fazê-lo, pudesse bloquear a dor que a consumia. O choro veio com mais intensidade, e as palavras começaram a fluir de seu coração ferido.

— Meu casamento está desmoronando, meu filho está se afastando... e eu não sei mais o que fazer. Eu estou cansada, Deus. Cansada de tentar sozinha, de carregar esse peso sozinha...

Katarina sentiu o chão frio contra seus joelhos, mas não se importou. Seu coração estava despedaçado. As memórias dos primeiros anos de casamento com Fabrício, cheios de amor e companheirismo, vieram à sua mente. Eles eram felizes, unidos, com sonhos e planos para o futuro. Mas agora, parecia que estavam em direções opostas, incapazes de se conectar, como se cada um estivesse vivendo em um mundo diferente.

Ela soluçou, a dor transbordando em cada palavra que saía de seus lábios.

— Eu preciso de Ti, Senhor. Eu preciso de Tua direção, de Tua paz... Eu não posso fazer isso sozinha. Eu sinto que estou falhando como mãe, como esposa, e eu não sei mais como seguir em frente. — Suas mãos tremiam enquanto ela falava, mas em meio à dor, havia uma sinceridade profunda em sua oração, uma súplica desesperada por ajuda.

Aos poucos, conforme o choro diminuía, uma sensação de alívio, ainda que pequena, começou a preencher seu coração. Katarina não tinha respostas imediatas, mas ao derramar sua alma diante de Deus, sentiu como se uma parte da angústia fosse retirada. A oração não resolveria todos os problemas instantaneamente, mas era um começo, um primeiro passo para se reconectar com a fé que ela sabia que era seu alicerce.

Ainda de joelhos, ela sussurrou:

— Eu confio em Ti, Senhor... mesmo quando não vejo a saída. Ajuda-me a encontrar o caminho para restaurar minha família.

Quando se levantou, seus olhos estavam inchados de tanto chorar, mas seu coração estava um pouco mais leve. Katarina sabia que o caminho à frente ainda seria difícil, mas naquele momento, ela se entregou à fé. Mesmo em meio ao desespero, ela confiava que Deus estava ao seu lado, guiando-a através da tempestade que enfrentava.

Restauração de uma família destruída Onde histórias criam vida. Descubra agora