Capítulo 28

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O Nascimento de Katherine e a Tempestade.

As semanas passaram, e Mia cumpria seu novo papel com a resistência de quem havia sido domada, mas não quebrada. Ela trabalhava ao lado dos vilões, sempre com Felix a observando como uma sombra, atento a cada movimento. Era um lembrete constante de que qualquer deslize poderia ser fatal para ela e para o bebê que carregava. Mas mesmo em meio a essa vigilância, Mia mantinha os olhos abertos, buscando por qualquer oportunidade de retomar sua liberdade.

Enquanto isso, Morgana avançava para o oitavo mês de sua gestação, e a mansão dos Ricci estava mais agitada do que nunca. O quarto de Katherine já estava decorado com minúcia, e a ansiedade pela chegada da filha crescia. Enrico, sempre ao lado de Morgana, mostrava um lado diferente, menos frio e mais cuidadoso, especialmente quando acariciava a barriga de Morgana e sentia os movimentos da criança.

Naquela noite, uma tempestade desabou sobre Londres, os ventos fortes e a chuva torrencial pareciam ecoar a intensidade dos eventos que se desenrolavam dentro da mansão. Relâmpagos cortavam o céu, iluminando os salões escuros da casa, e trovões ecoavam como tambores de guerra.

Morgana, já sentindo as primeiras contrações, estava pálida e ofegante, segurando-se ao braço de Enrico. Ele a levou para o quarto principal, onde ela tentou manter a calma, mas a dor era visível em seu rosto. Enrico, em uma tentativa de manter o controle, estava ao lado da cama, segurando sua mão com força e sussurrando palavras de incentivo, mas o desespero cintilava em seus olhos.

— Vai dar tudo certo, minha lady das trevas — disse ele, a voz trêmula. — Katherine vai nascer forte, como você.

Morgana apenas acenou com a cabeça, o suor já escorrendo por sua testa. Foi quando Mia, que estava por perto e ouviu os gritos, entrou no quarto, vendo a situação crítica. Felix hesitou, mas sabia que Mia era a única ali com alguma experiência para lidar com o parto. Enrico olhou para ela, a desconfiança evidente, mas o medo pela vida de Morgana e da filha o fez ceder.

— Ajude-a, Mia. Se algo acontecer a elas, eu não hesitarei em te fazer pagar. — A voz de Enrico estava carregada de ameaça, mas também de uma súplica contida.

Mia respirou fundo, deixando a antiga rivalidade de lado naquele momento. A tempestade rugia lá fora, mas ali, no quarto, ela se concentrou apenas em uma coisa: trazer a criança ao mundo. A cada passo do parto, ela guiava Morgana, dando-lhe orientações e tentando manter a calma da mãe e de Enrico, enquanto as dores se intensificavam e os gritos de Morgana ecoavam pela mansão.

— Respire, Morgana... empurre! — Mia dizia, firme, enquanto Enrico mantinha Morgana apoiada contra seu peito, suas mãos tremendo levemente ao segurar a esposa.

O momento parecia durar uma eternidade. Mas, por fim, um último esforço de Morgana trouxe um som que cortou a tensão: o choro forte de um bebê recém-nascido. Mia segurava a pequena Katherine nos braços, a envolveu em um lençol macio, e a entregou à mãe.

Morgana, exausta e com lágrimas escorrendo pelo rosto, pegou a filha nos braços e olhou para Enrico com um misto de alívio e amor. Enrico se inclinou para beijar a testa de Morgana e depois a pequena Katherine, uma expressão rara de ternura iluminando seu rosto geralmente tão duro.

— Nossa herdeira... — sussurrou ele, emocionado, acariciando a cabeça do bebê enquanto a tempestade lá fora começava a enfraquecer.

Morgana, segurando a filha junto ao peito, fechou os olhos por um momento, sentindo a força daquele laço. Apesar de todo o poder e escuridão que a envolvia, havia algo puro e vulnerável naquele instante. Enrico, ao seu lado, parecia compartilhar do mesmo sentimento, abraçando Morgana com força e protegendo sua nova família da tormenta do lado de fora.

Enquanto observava aquele momento, Mia sentia uma mistura de emoções. Ela sabia que o nascimento de Katherine significava que os vilões tinham agora uma nova motivação para proteger seu império e que seu poder, com a chegada da herdeira, poderia se fortalecer ainda mais. Mas, ao mesmo tempo, viu um vislumbre de humanidade nos dois que jamais tinha imaginado existir. E isso, de certa forma, fazia surgir uma pequena esperança de que, talvez, houvesse uma fraqueza ali, uma brecha que poderia ser explorada... algum dia.

Por ora, ela guardaria essa percepção para si. Afinal, havia uma tempestade maior à espreita, e o papel que ela desempenharia naquele futuro ainda incerto estava longe de ser definido.


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