Coincidência

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República Popular Democrática da Coreia, Manhã seguinte.

Depois de uma noite bem dolorida e mal dormida por conta do chão duro — tão diferente de sua cama king size plus que agora mal lembrava o cheiro direito —, Taehyung foi acordado suavemente pelo militar, que indicou que precisavam ir. Se arrumou sem pressa e montou um look com algumas das roupas que comprou com as amigas no dia anterior, sorrindo satisfeito com o que viu no espelho.

Agora, se encontrava já dentro de uma das cabines do trem, sentado de frente para o capitão. Sem celular e sem internet, sua maior distração estava sendo os comerciantes dentro do trem, que tinham sanfonas e outros instrumentos musicais e ainda cantavam. Taehyung batia palmas junto ao ritmo, animado.

Pelo menos tinha algo para se entreter.

Viu alguns deles passando pelo vagão e colocou a cabeça para fora para espreitar, pulando para fora avistou comida.

Olhou para a pequena carrinha com comida que a mulher empurrava pelos corredores do trem e parou em frente a mesma, sinalizando para o militar se aproximar.

— Jeongguk, olhe só! — apontou.

O capitão se aproximou de imediato, suspirando quando viu o sorriso que dizia "vai comprar pra mim, não vai?" de Taehyung para si.

No final, sabia que nem tinha escolha.

Depois de pagar, o acastanhado entrou de volta para dentro da cabine, contente com seus dois ovos e uma garrafa de refrigerante de uma marca não conhecida por si.

Sentou-se em seu lugar, vendo Jeon já no seu próprio mundo, olhando para a vista da janela distraído. Estendeu um dos ovos que segurava, mas o capitão sequer desviou a atenção.

Deu de ombros, descascando o ovo.

— A propósito, o estúdio de foto no hotel é o único lugar onde dá para tirar a foto do passaporte? — questionou e finalmente teve os olhos de Jeongguk em si.

— Esse estúdio é designado pelo estado. É o único lugar permitido. — voltou a olhar a janela, quase como se não quisesse olhar mais do que o necessário para o outro.

— Entendi...

Silêncio.

Abriu a garrafa de refrigerante após comer o ovo inteiro de uma vez só, com os olhos presos no moreno.

— Sabe, eu tenho uma pergunta. — deu um gole da bebida, ouvindo Jeongguk suspirar. Se aproximou um pouco e sussurrou. — Quando eu desaparecer... sabe, quando eu estiver na Europa... as coisas vão ficar ruins por aqui?

Jeongguk o encarou confuso.

— Melhor dizendo, nada vai acontecer com você não é mesmo? Digo, nada de mal. — perguntou preocupado.

Encarou o sul-coreano a sua frente, enquanto as palavras que trocara com seu pai ecoavam em sua mente.

"— Se a pessoa que você recomendou se juntar ao time nacional e causar algum problema, eu não vou poder te ajudar. Sabe que eu só quero ajudar, não sabe?"

"— Eu entendo. Assumirei toda a responsabilidade."

Suspirou.

— Não vai acontecer nada. — afirmou.

— Tem certeza? — assentiu seco, desviando o olhar. Taehyung murchou. — Que bom, então.

O silêncio reinou no ambiente, Jeongguk perdido em pensamentos e Taehyung concentrado demais em terminar de comer, até que o trem de repente começou a parar devagar e um anúncio soou pelo megafone presente próximo da cabine.

Crash Landing - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora