Capítulo 4

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Dois dias depois...

A noite está fria, com uma lua pálida brilhando por entre nuvens que se movem devagar. No entorno do edifício onde vai ocorrer o leilão, a equipe de Arllow está posicionada, cada membro ocupando seu ponto estratégico. Com comunicadores nos ouvidos, armas nas mãos e olhares atentos, os atiradores aguardam o sinal, mas o alvo ainda não apareceu.

Dentro do leilão, o ambiente contrasta com o silêncio e escuridão do lado de fora. O saguão principal é um espetáculo de ostentação. Lustres de cristal pendem do teto abobadado, lançando luz suave sobre tapetes persas, móveis de madeira maciça e estátuas de mármore que adornam o salão. As paredes pintadas com afrescos renascentistas evocam um senso de grandiosidade. A música ao fundo, um jazz suave, confere um ar sofisticado ao ambiente.

Os convidados estão à altura do evento: homens de terno impecável, alguns usando abotoaduras de ouro e relógios que valem o preço de uma casa e mulheres envoltas em vestidos de seda e joias cintilantes, movendo-se com elegância pelo local.

Garrafas de champagne são servidas, e conversas discretas preenchem o ar com promessas de negócios, alianças e segredos.

Entre esses vultos da elite, uma figura se move com fluidez... Genesis. Ela está vestida com o uniforme simples de uma garçonete e é quase invisível no meio de tanto luxo. A roupa preta e o avental impecavelmente alinhado, um par de salto alto preto e uma máscara de tecido negro que cobre sua boca e nariz, exatamente como a dos demais garçons. O disfarce é eficaz: não havia olhares curiosos, ninguém esperava que fosse uma policial de renome servindo drinks e canapés.

Genesis mantém uma bandeja equilibrada em uma das mãos, enquanto seus olhos cor de avelã examinam o ambiente por trás de um par de óculos. Ela observa com atenção cada expressão e gesto dos convidados, sabendo que o tempo está contra ela.

Ela encostou-se brevemente a uma pilastra, perto de uma escada, tocou o microfone e sussurrou:

— Sem sinal do alvo ainda. Vocês têm algo aí fora?

— Nenhum sinal. Mantenha a calma, estamos de olho em todas as entradas. — A resposta veio quase instantaneamente pela voz baixa e calculista de Arllow Blake.

Genesis conteve o suspiro. A missão é: capturar viva ou morta, uma das maiores assassinas e ladras dos Estados Unidos... Sua irmã.

Enquanto espera a próxima instrução, ela nota uma figura peculiar subindo a escada em espiral. Genesis teve um mau pressentimento e, sem hesitar, seguiu com discrição na mesma direção, mantendo a bandeja como um álibi.

Do lado de fora do edifício, dentro de uma van estacionada a alguns quarteirões do edifício de cinco andares onde decorre o leilão, Amin ajusta seu laptop e verifica os múltiplos monitores exibindo o sistema de câmeras de segurança do prédio. O ar frio do ar-condicionado circula suavemente, enquanto o som dos teclados preenche o espaço.

Amin conecta-se à rede interna do prédio com alguns cliques precisos, ajustando o áudio de todos os dispositivos de escuta instalados pelos membros da equipe.

— Equipe, conseguem me ouvir? Verifiquem a transmissão, por favor. É importante que a nossa comunicação esteja em linha, para evitar erros e surpresas — ela diz.

Uma série de confirmações rápidas vem pelo canal: "Positivo", "aqui tudo claro", "tudo certo até agora."

Amin sorri satisfeita. Ela desliza o dedo por uma tela, trocando entre as câmeras dos diferentes andares e do saguão. Imagens claras aparecem em alta definição, revelando o movimento calmo dos funcionários no prédio.

Another MeOnde histórias criam vida. Descubra agora