LEGACY

Capítulo 2: Alerta de ameaça.

"Sentiria saudades suas até mesmo sem te conhecer..."

Fernanda Cristine Cunha

O dia nem sempre era bonito atrás dos muros que protegiam toda Osíris, mas naquela manhã específica, após uma chuva que alguns consideraram uma bênção e outros um atraso em suas rotinas, um lindo arco-íris se formou no céu, acompanhado de um sol radiante que o povo não via há bastante tempo. Foi esse mesmo sol que entrou pela janela aberta do quarto de Jeon Jungkook e o fez resmungar logo cedo pela manhã.

— Por que eu não fechei essa cortina? — O novo-jovem balbuciou e eram apenas em momentos como esse que Jungkook realmente parecia um jovem como qualquer outro fora do Legado — Pera aí, como o Yoongi me carregou bêbado em uma moto? — Assim que pensou nessa possibilidade, se ergueu na cama, sentando-se imediatamente, expulsando de forma involuntária a preguiça de seu corpo, mesmo que ainda estivesse meio sonolento.

Jungkook, antes de qualquer coisa, examinou minuciosamente seu corpo em busca de hematomas, nódoas ou qualquer sinal de ter se envolvido em uma briga, talvez até se machucado durante as tentativas de seu melhor amigo de levá-lo para casa. No entanto, não encontrou nada. Em vez disso, percebeu estar vestindo seus pijamas limpos e encontrou um comprimido ao lado de sua garrafa de água na mesa de cabeceira, acompanhado por uma bebida para aliviar a ressaca.

Enquanto tomava os remédios, Jungkook tentou desesperadamente recordar os eventos da noite anterior, mas tudo o que conseguia lembrar, com muito esforço, eram aqueles olhos penetrantes e o rosto da pessoa que parecia ler sua alma ao olhá-lo. Ele sacudiu a cabeça, tentando afastar esses pensamentos e quando estava prestes a se deitar novamente devido à intensa dor de cabeça, a campainha tocou.

Considerando o silêncio que permeava a casa, ele percebeu que estava sozinho. Embora quisesse ignorar a visita matutina, a etiqueta exigia que ele fosse minimamente cortês ao atender à porta e sugerisse que a pessoa voltasse em outro momento. Jungkook desceu as escadas lentamente, mais uma vez ignorando a campainha enquanto rumava à cozinha em busca de uma fruta.

O Jeon pegou uma maçã e, enquanto a mordia, dirigiu-se até a porta, abrindo-a com a pior expressão que conseguia reunir, especialmente considerando a importância do visitante. Jungkook rapidamente se recompôs, fazendo uma reverência respeitosa, mesmo com a fruta meio mordida na mão, em um gesto de respeito ao superior, conforme aprendera desde pequeno.

— Bom dia, Jeon Jungkook, imagino. Peço desculpas por interromper seu momento de descanso — Osíris se curvou também, um sorriso ameno apareceu no rosto de feições sempre serenas — Se importa de me deixar entrar por alguns minutinhos?

— Eu aceito suas desculpas, mas não são necessárias, eu quem peço desculpas pela minha falta de atenção, acordei a pouco tempo e estou um pouco confuso com sua visita, também — Jungkook abriu espaço para que Osíris pudesse entrar — Por favor, entre.

Osíris entrou na casa padrão e olhou ao redor, mas tudo que conseguiu chamar sua atenção foi a foto pendurada na parede da sala da família, onde os três pareciam bem felizes e adaptados na sociedade, diferente do que leu quando pegou para avaliar o pedido do filho único da casa, sugerindo a mudança de seu nome de registro, alegando estar incompleto e que seu nome o fazia sentir-se não pertencente àquele lugar. O lugar que Osíris batalhou tanto para acolher e ser considerado um ambiente perfeito para todos.

Jeon Jungkook sempre foi uma pessoa naturalmente desconfiada, mas se tratando do homem em questão, nenhum dos seus sistemas de intuição ao perigo pareciam ficar em estado de alerta. Ainda assim, no momento em que fechou a porta e caminhou ao lado da forma humana de Osíris para sua sala de estar, sua mente antes sonolenta começou a formular algumas questões perigosas, questões que o deixavam inseguro sobre seu plano de investigar o caso de sua mãe. Teria Osíris descoberto tudo?