𝐑𝐡𝐚𝐞𝐧𝐲𝐫𝐚 𝐈

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110 CA

"Viserys, meu amor."

Essas foram as últimas palavras febris de sua mãe.

Ou pelo menos, as últimas palavras que Rhaenyra conseguiu ouvir antes de sair correndo do quarto, sabendo o que estava por vir e incapaz de suportar a cena.

Agora, um dia após sua morte, essas palavras reverberavam em sua mente enquanto suas pernas balançavam incontrolavelmente, incapazes de tocar o chão.

Com apenas treze anos, o banco na torre do Meistre ainda era alto demais para que ela se sentasse confortavelmente, forçando suas pernas a balançar para fora dele.

Ela fixou o olhar em Meistre Clemon, seus olhos cansados cheios de perguntas, enquanto ele abria outro pequeno pergaminho trazido por um corvo.

Ele a olhou com um sorriso triste e balançou a cabeça.

Nenhuma palavra de King's Landing. Nenhuma palavra de seu pai.

Rhaenyra nunca precisou ouvir uma palavra do pai antes.

Sempre houve um desejo, é claro, mas não a necessidade visceral que ela tinha hoje.

Ela precisava que ele dissesse alguma coisa. Que reconhecesse a morte de sua mãe.

"Viserys, meu amor."

As palavras ecoaram novamente, provocando-a.

"Algo vai acontecer, querida", consolou Meistre Clemon.

O Meistre do Ninho da Águia era um de seus poucos amigos.

Rhaenyra sabia que, assim como sua mãe, ela era querida no Vale. No entanto, estava profundamente ciente de que eles não a amavam como se amaria uma amiga, uma filha ou uma irmã.

Eles a viam como "O Prazer do Vale", o que a tornava uma garota solitária.

Meistre Clemon, afastado da política e das intrigas do Reino, era uma das raras pessoas que lhe oferecia uma verdadeira companhia.

Não era a primeira vez que passava horas na torre.

Em tempos mais felizes, Rhaenyra se sentava com Clemon e rasgava todas as mensagens e notícias que chegavam ao Vale.

A prática começou por sua curiosidade sobre qualquer notícia de sua irmã mais velha e dos eventos da família em Porto Real.

Mas, com o tempo, tornou-se algo muito mais significativo.

Ela desenvolveu uma verdadeira fome por conhecimento sobre o mundo exterior, e as missivas trazidas pelos corvos para o Ninho da Águia eram a única coisa que a saciava.

Mas hoje, não havia apetite por conhecimento, apenas a busca por descanso e uma expectativa em relação a notícias do rei.

Clemon permitiu que ela ficasse com ele na reclusão da Torre dos Meistres, oferecendo refúgio dos sussurros e da amargura de Lady Jeyne Arryn.

Ele havia criado um abrigo, embora inadequado.

Agora, ajudava-a a separar os corvos que chegavam ao Ninho da Águia, aguardando novidades do Rei.

Ele tentou desencorajá-la a princípio, afirmando que tais esperanças só trariam desgosto, mas Rhaenyra não cedeu.

Rhaenyra percebeu que o Meistre estremeceu ao ler mais um pergaminho trazido por um corvo.

"O que foi?", ela perguntou, com a voz rouca após horas de choro intermitente.

O Meistre pareceu quase alarmado com sua intrusão. Ele lhe lançou um sorriso desconfortável e enrolou o pedaço de pergaminho mais uma vez.

𝐒𝐮𝐧𝐫𝐢𝐬𝐞 𝐚𝐧𝐝 𝐌𝐨𝐨𝐧𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora