Imprevisto... (Parte 4)

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...

Mãe- então vocês estão juntos desde as nossas férias à dias...

Eu- sim. - disse finalmente calma.

Pai- inacreditável...

Olhei para ele com um olhar assustado e ao mesmo tempo zangado. Sei que era difícil de acreditar mas depois de tudo o que foi dito, era complicado dizer algo contra.

Pai- não que eu não acredite! - disse rapidamente - mas é complicado, lá isso é.

Eu- sei que pode ser difícil para vocês mas... Peter está comigo. Se ele sai, eu sai-o. - disse levantando-me e dando a mão a Peter, olhando séria para os meus pais.

Mãe- calma lá rapariga! - disse levantando-se bruscamente.

Eu- não me importa o que digas! Não vou mudar de ideias!

Pai- calma! Ninguém está aqui a expulsar o rapaz de casa! - disse de forma calma.

Peter e eu - ai não?!?!?!

Pai- bem, se essa história é verdade ou não, não sei, mas que esses ferimentos são bem reais, isso sim é a verdade que eu vejo com os meus olhos. Rapaz, não te vou deixar assim desamparado.

Não sei o que me deu, mas abracei o meu pai com uma força imensa e comecei a chorar.

Eu- obrigado, obrigado, obrigado... - agradeci a chorar.

Peter- muito obrigado, prometo que não incomodarei.

Pai- e agora pergunto rapaz... tens documentos de identificação?!

Peter- identificação?!

Pai- claro! Tens de ter documentos que comprovem quem tu és!

Peter- eu... eu não faço ideia.

Mãe- querido, o melhor a fazer é tratar disso já hoje! Se não o fizermos, será um risco ele andar por ai nas ruas.

Pai- vai ser difícil. Não podemos dizer que ele nasceu em 1911!!!!

Mãe- isso vai ser um problema...

Depois de o meu pai estar pensativo olha para a minha mãe com um ar sério.

Pai- tu sabes que eu tenho contactos, mas também será igualmente um risco. De qualquer maneira, tratarei disso hoje.

Peter- peço imensa desculpa pelo incomodo. - disse baixando a cabeça e apertando mais a minha mão.

Pai- meu rapaz - começou pondo a mão no ombro de Peter - não sei se o que dizes é verdade, mas no final a historia tem cabimento. Se voas ou não, eu não sei, mas que foste mal tratado, isso foste. Vejo que a minha filha deu o melhor de si nessas ligaduras, mudando-as todos os dias, mas mesmo assim rapaz, isso está muito feio. Assim que tiveres documentos, vamos ao hospital e trataremos dessas feridas.

Peter- muito, muito obrigado. E quanto a voar, bem, eu posso mas se apenas me deixarem fazer uma demonstração dentro de casa, pelo menos a Wendy ralha comigo com razão, dizendo para eu me habituar ao máximo a não fazê-lo.

Mãe- isso quer dizer que... se eu te pedir para voar, tu voas?!

Peter- claro! Com a sua permissão.

Foi então que os seus pés saíram do chão. Os meus pais ficaram estupefactos!!! Nem sei como é que o meu pai não caiu para o lado, ahah.

Pai- meu Deus!

Foi então que Peter voltou para o meu lado, no chão.

Mãe- não consigo acreditar... - disse pondo a mão na boca, ainda chocada.

Peter- obrigado por tudo. - disse mais uma vez agradecendo.

Pai- oh rapaz, perdoa-me! Perdoa-me porque eu pensei que eras louco e que tinhas endoidecido a minha filha...

Peter e eu- ahahahah...

Mãe- bom, por favor, vão chamar os meninos lá acima. Vou fazer o almoço.

E assim passamos o dia. Almoçamos e o meu pai tentou ao máximo tratar da documentação de Peter durante quase toda a tarde, o que nos deixou sem tempo para o shopping. Depois de algumas confusões e algum dinheiro envolvido, conseguiu convencer um amigo seu a criar um cartão de cidadão para Peter, deixando-o como um rapaz adotado pelo meu falecido tio solteiro fazendo com que ele fosse viver connosco após a sua morte. História complicada neh?!?! Bom, não se deve dizer mentiras mas era para o bem de Peter que estávamos a fazê-lo. Após um dia cheio de emoções, veio uma grande decisão.

Pai- Peter, eu gosto de ti, a sério que gosto, mas não te vou mais deixar dormir com a minha filha.

De certo modo, eu já esperava algo do género, e durante a tarde tinha avisado Peter que algo assim podia acontecer.

Peter- sim, eu compreendo. Mas... quero que fique claro que eu nunca desrespeitei a sua filha e que nunca tenciono fazê-lo. Dormirei onde o senhor desejar. - disse baixando um pouco a cabeça, respeitosamente.

Mãe- esta noite dormirás aqui no sofá da sala. Wendy, ajuda-me a preparar o sofá cama para Peter.

E assim foi. Peter dormiu no sofá, mas antes o meu pai fez questão de deixar bem explicito que, se o encontrasse na minha cama naquela noite, que o deixava porta fora. Eu acho que ele exagerou pois ele não é homem de "tirar o tapete" a ninguém, mas provavelmente deixaria de confiar em Peter.

Naquela noite, senti uma visita da minha mãe ao nosso quarto, provavelmente para se certificar que Peter não estaria lá a meu lado, e para ser sincera, eu gostaria que ele estivesse pois a sua presença à noite tornara-se importante para mim. A maneira como ele me abraçava, a maneira como me beijava antes de dormir e de manha ao acordar. Sem duvida que iria sentir falta disso de agora em diante...

Leva-me até à Terra do Nunca (PT-PT) HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora