Effy

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Terça, 18 de Agosto.

De tarde, em Veneza.

"Jesus, você o quer tanto ", disse Katie. Ela estava me olhando meio que pensativa. Como se ela estivesse vendo alguém diferente. Outra eu.

Eu acendi um cigarro. "Não seja ridícula."

"Eu não sou cega", ela pegou meu cigarro e tragou. Tossiu melodramaticamente e me entregou de volta.

"Eu já vi isso antes, lembra?" Dei a ela um olhar vazio.

"Mas daquela vez, você deixou mais óbvio ao transar com ele", ela abraçou os joelhos.

"Freddie? Enquanto eu estava inconsciente?"

Eu esfreguei os dentes, coçando de tanto fumar e beber. "Eu pedi desculpas."

"Só porque não queria que ele pensasse que você era uma vadia. O que ele fez, a propósito." "Ele pensou? Suponho que eu era."

"Aquele olhar em seu rosto quando viu como os filhos do Aldo ficam quando estão com ele... o mesmo olhar maldoso que você dava para mim."

Eu funguei. "Aposto que você amou isso", eu disse. "Que você tinha o Freddie e eu não."

Ela concordou com a cabeça. "É, eu amei, enquanto durou. Você era superior pra caralho.

Você podia escolher. Todos queriam você", ela sorriu. "Até que um não quis."

Que inferno, meus olhos estavam se enchendo de lágrimas. Se recomponha, sua idiota, eu pensei.

"Effy sempre consegue o que ela quer", Katie chutou o degrau com seu salto alto.

"Olha, você vai construir uma ponte e passar por cima disso, ou o quê?", eu disse pegando a garrafa de vinho nos meus pés. Eu tomei um gole grande e senti o embalo do álcool.

"Eu já passei", ela começou a brincar com a tira de sua sandália. "Eu sei quando sou derrotada", ela observou enquanto eu enchi minha boca de vinho. "Você tem de tentar. É um alívio e tanto, pra falar a verdade."

Eu não respondi. Não tinha uma resposta legal. Eu tinha nada. Não sei como é ser feita idiota. Mas quando Freddie começou a transar com Katie... eu estava humilhada, para dizer o mínimo. Isso era a porra de um show.

Katie Fitch. Desesperada e carente Katie. Sempre pensei que se esses dois adjetivos se aplicassem a mim eu iria me matar. Mas era isso o que eu sentia sentada nesses degraus com ela. Carente e desesperada. É como se toda essa merda não tivesse ficado para trás, no fim das contas. Ela entrou no avião, me seguiu e me engoliu. 

Pouco surpreendente que Katie tinha percebido isso. Estava esperando Aldo vir aqui de novo, depois da festa em nosso apartamento ontem à noite. Um gato em um telhado de zinco quente. Passando e repassando o que aconteceu naquele dia. Com medo de entregar aquele livro a ele. Patético. Tão ansiosa para agradar. Eu me sentia uma bagunça, nervosa e paranoica. Continuava inventando desculpas para descer as escadas, mas ele nunca estava lá.

Então, quando ele finalmente veio meia hora atrás, ele esteve com ela. Dando suporte e essas merdas. Me tratou como a porra de uma criança. Bem, eu estava agindo como uma.

Eu me odiava.

"De qualquer jeito, Florence vai voltar do hospital em breve", disse Katie mudando totalmente de assunto. "Agora ela está melhor."

Florence foi levada por uma ambulância depois da festa. Disseram que foi um derrame leve. Minha mãe ficou com ela a noite toda.

"É, eu vou vê-la", eu disse. Eu peguei outro cigarro, minha mão tremendo enquanto eu o acendia.

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