Katie

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Sábado, 15 de Agosto.

Apartamento da Effy, mais tarde.

"Então", disse Anthea abrindo mais outro pacote de cigarros. "O que vocês duas vão fazer de noite?"

Effy olhou de lado para mim e depois de volta para sua mãe. "Ainda não decidimos. Eu pensei que Aldo nos levaria a algum lugar. Se ele estiver por aí." Ela encarou Anthea. "Ele disse alguma coisa noite passada..."

"Disse?". Anthea soltou uma corrente de fumaça. Grossa. Ela devia estar no quadragésimo do dia. "Não o irrite, Effy... ele pode se sentir obrigado."

"Por que ele se sentiria obrigado?". Effy abanou a fumaça de seu rosto. "Ele gosta de mim."

"Claro que ele gosta de você. Não significa que você deveria tirar vantagem disso. Só isso."

Anthea se levantou e começou a andar pelos armários. Ela tirou alguns copos e os colocou na mesa. Effy deu um bocejo violento. As observei. Que porra de energia essas duas tinham?

Ela estava de boa quando voltamos do apartamento noite passada até ela ver a mãe dela ficando bêbada com o Alfredo. Pelo resto da noite até Anthea ir para a cama ela estava com uma cara emburrada. E as duas estavam zumbindo em volta de Alfredo como abelhas em volta do mel. Estranho pra caralho.

Assim que Anthea desapareceu, Effy fez um baseado e Aldo se juntou a nós na pequena varanda para fumar. Effy fez questão de se sentar do lado do Aldo, tocando seus cabelos e rindo muito. Se divertindo, como sempre. Eu estava exausta, então só sentei, tentando ficar confortável na cadeira de metal.

"Eu fazia isso várias vezes", disse Aldo, fumando seu baseado. "Quando eu era um estudante". Ele sorriu vagamente. "Quando a vida se estendia para mim como-", ele chacoalhou suas mãos em busca de palavras, "-como esse prado enorme de... liberdade e irresponsabilidade". Passou o baseado para a Effy. "Eu amava. Mas chega um tempo que não se encaixa bem com... com a busca de satisfazer a existência". Ele olhou sobre a varanda, nos trilhos do esquecimento. "E o amor."

Effy tossiu, esticou as pernas e traçou sua coxa com um dedo. Uma mão ainda segurando o baseado. Os seus olhos seguiam o seu dedo se movendo.

"Então quem você amava?", ela perguntou.

Aldo esfregou a testa. "Eu estava muito apaixonado por uma garota da universidade. Rosalla. Ela era... difícil. Muito séria e muito resistente sobre meus avanços. Ela era tão bonita". Ele olhou diretamente para nós pela primeira vez. "Ela sabia disso, e isso não a deixava feliz. Deixava-a desconfiada, na verdade. Ela achava que nenhum homem de verdade a amava... a sua aparência notável ficava no caminho". Ele chacoalhou a cabeça. "Mas beleza não é o bastante. Tinha de ter mais. Ela era quieta, pensativa e frágil". Ele desviou seu olhar de novo.

"Eu queria cuidar dela."

Effy estava o encarando. Ela derrubou o resto do baseado no chão de concreto e botou as mãos nos joelhos. "O que aconteceu com ela?"

"Ela se matou", ele disse friamente. "Ela se enforcou em seu quarto".

"Merda", eu murmurei. Effy ficou pálida.

"Foi aí que eu mudei", disse Aldo. "Eu parei de pensar que minha vida fosse tão indulgente... um joguinho indulgente. Pareceu importante não a desperdiçar. Em vez disso eu resolvi achar e manter essas coisas que Rosalla pensou que nunca poderia ter."

Effy estava se balançando levemente em sua cadeira. Ela levantou suas pernas e sentou, abraçando-as. "Então você esqueceu da Rosalla?", ela disse.

Ele balançou a cabeça. "Eu penso nela todo dia, mas você tem de deixar esse tipo de amor para trás". Ele parou. "Te destrói se você não fizer isso."

Effy e eu nos olhamos em silêncio. Eu estava começando a achar isso estranho.

"Alguém quer mais outra bebida?", disse Effy ficando em pé. "Eu comprei uísque".

Neguei com a cabeça. "Ugh. Não, obrigada".

"Eu vou querer um pouco, obrigado", disse Aldo. Eu estava chapada e tal, mas eu tenho certeza de que os dedos dele tocaram a bainha de sua saia quando ela roçou perto dele. Eu estava começando a me sentir como uma parte pequena na porra do show de Aldo e Effy.

Enquanto Effy estava pegando a uísque, Aldo sorriu para mim. "Você é uma boa amiga da Effy?"

Eu hesitei. "Conhecemos várias pessoas em comum", eu disse, fugindo da pergunta.

"Eu acho que ela precisa dos amigos dela agora". Aldo cruzou as pernas. "Ela não é o que parece."

"Certo. Sim", eu disse estranhamente. "Talvez."

Effy apareceu com dois copos e uma pequena garrafa de uísque.

"Eu acho que eu vou para a cama agora". Me levantei, sem saber aonde isso ficava.

"Tudo bem". Effy acendeu um cigarro e acenou para mim. "Pode ficar na minha cama". Ela me deu um meio sorriso, observando o olhar na minha face. "Não se preocupe, você vai ficar completamente segura". Ela serviu Aldo com uma quantidade larga de uísque e para ela e olhou de lado para mim. "Não espere por mim."


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