Emily

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Sexta, 14 de Agosto

De volta ao chalé

Eu dormi todo o caminho de volta de Paris. Acordei às oito da manhã para fazer o check out do hotel. Nauseada e depressiva. Não usaria cocaína de novo tão cedo.

Enquanto eu ficava na mesa da recepção, os eventos da noite passada voltaram à minha mente. A luz gelada do dia fez com que a noite passada parecesse grotesca - eu estremeci. Eu não gosto dessas predadoras como a Anna por um motivo. Elas normalmente são um pouco loucas. Eu ansiava por Naomi. Só de pensar em seu nariz e sua boca se contraindo quando ela tenta não rir me deixou desesperada.

Mas eu nunca mais veria alguma dessas pessoas. Eu fui cuidadosa para não dar à Anna qualquer detalhe para contato. E de qualquer forma, eu me lembrei pela centésima vez. Naomi estava fora de área.

Minha mãe estava esperando na estação, em seu visual Desperate Housewife em uma roupa de corrida roxa da Juicy e sandálias cheias de joias. Ela me olhou de cima a baixo.

"Você esteve andando por Paris com essa roupa de quem acabou de acordar?", ela perguntou admirando meu tênis e minha calça harem de algodão amassado. "Você deve ter dado a eles um susto certeiro, querida!"

Eu não estava com vontade de ouvir conselhos de moda da minha mãe. Tinha coisa melhor para fazer. Dirigimos em silêncio de volta ao chalé, e assim que chegamos corri para dentro para colocar meu celular no carregador. Bebi quase um litro de água esperando por sinal.

Dez chamadas perdidas. Todas da Naomi. Eu senti uma mistura de alívio e pavor em mim enquanto eu escutava as mensagens. Primeiro elas eram simpáticas e amáveis, Naomi falando sobre a patética maratona de sexo do Cook e do Freddie. Sentindo minha falta. Mas após a quarta mensagem ela ficou hostil. "Se você não estiver ocupada demais nadando nua com seu namorado, me ligue qualquer hora." Na décima mensagem o lado princesa do gelo dela estava ativo. "Vai se foder, Emily. Se você mudou de ideia, pelo menos tenha coragem de me falar isso."

Merda. Não entendi. Contei a ela sobre meu telefone estar desaparecido. Ela tinha o número da Katie. Que porra aconteceu?

Nervosamente, liguei de volta. Ela atendeu depois de trinta segundos, que são séculos se você pensar bem.

"Sim?"

"Naomi?", minha garganta estava apertando, minha voz resfolegando e nasalada ao mesmo tempo. "Desculpa, querida. Não sei o que aconteceu. Eu não estava com meu celular, mas eu te dei o número da Katie. Você não me ligou de volta."

"Você nunca me ligou", sua voz estava como gelo. "Nenhuma vez."

"Eu liguei", eu estava entrando em pânico. "Eu juro por Deus. Eu te liguei várias vezes."

"Qual é o meu número?"

"O quê?"

"Qual é o meu numero, Emily? E não olhe no seu telefone."

"O7793... 23468", eu disse hesitante, eu sempre me confundia com os números do meio.

"Errado. Errado. Errado", disse Naomi.

Houve silêncio.

"Merda, então eu estive ligando para um completo desconhecido", eu fechei meus olhos. Então foi tudo um mal entendido horrível. "Mas meu Deus, Naomi. Eu tive os dois dias mais estranhos da minha vida, você não vai acredi-"

"Que seja", ela me cortou, friamente. "Não importa que você não consiga nem lembrar do meu telefone. Que você estava muito ocupada saindo com seu amigo para checar a porra do meu número duas vezes."

"Escuta, querida. Eu e Katie fomos para Paris. Ela afanou meu telefone e depois caiu fora no meio da noite. Simplesmente fugiu. Eu passei o dia todo ontem louca, atrás dela." Eu mordi o lábio, eu não queria pensar na noite passada. Nunca aconteceu. "E ela só entrou em contato essa manhã para dizer onde ela está", eu parei, ignorando aquela mentirinha. "Então desculpa se eu não tive recursos para te perseguir. Eu estive presa na porra de um drama pessoal", eu parei e respirei.

"Então aonde ela está?", disse Naomi depois de alguns segundos. "Aonde a vadiazinha está agora?"

"Em Veneza, com a Effy."

"Está brincando?"

"Não. Talvez ela queira resolver as coisas ou alguma merda assim?"

"Hmmm", Naomi suspirou. "Bem, suponho que isso explique sua negligência."

Eu sorri para o telefone. "Eu não parei de pensar em você. Senti muito sua falta. Está sendo frustrante para mim também, sabe."

"Sim, sim", ela disse. "Eu te perdoo, Emily Fitch. Posso ver como essa pantomima ridícula aconteceu. Tudo planejado pela gêmea do mal, como sempre."

Isso não era muito justo. Mas melhor deixar pra lá por enquanto.

"Enfim", disse Naomi. "Tenho de ir. Kieran tem algumas coisas para me mostrar."

"Certo. Que coisas?"

"Nada demais", ela disse vagamente. "Olha... vamos nos falar essa noite, certo?"

"Certo", eu disse, magoada. "Falo com você depois. Te amo." "Sim, tchau", disse Naomi. "Até", ela desligou.

Bem feito, Emily, eu disse a mim mesma. Bem feito mesmo.


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