Katie

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Quarta, 12 de agosto.

Hotel, noite.

"Por que você não pode fazer um esforço?", eu perguntei à minha irmã, vendo seu vestidoblusa cinza amassado e seu Converse. "Nós estamos em Paris, pelo amor de Deus.

Como em chique parisiense?", eu gesticulei a mim mesma, que estava gostosa (modéstia a parte) em um vestidinho preto e salto escarlate. Ela não se incomodava por eu estar muito melhor que ela?

Emily pulou da cama onde estava lendo enquanto eu me arrumava. "Essa sou eu, Katie", ela disse, abrindo a porta. "Lide com isso."

Por que ela simplesmente não colocava um macacão e mostrava o pêlo das axilas? Vai para um buraco, sua porca.

Eu realmente não a entendia.

Mas, fora do hotel, nós duas nos animamos. É difícil ficar rabugenta em uma noite de verão em Paris, e era legal ser apenas nós duas de novo.

"Que lugar é esse mesmo?", eu perguntei. Emily estava seguindo um mapa que tinha arrancado de um livro turístico.

"Café Baroc. Noite dos anos oitenta", ela disse, virando a página para conseguir orientação.

"É longe?"

"Mais ou menos... quinze minutos de caminhada."

"Que inferno, Emily, esses sapatos estão me torturando. Não podemos pegar um táxi?"

"Se você vir algum, sinta-se livre para sinalizar", ela respondeu, me entregando uma garrafa de vinho que pegamos mais cedo. Eu dei um gole e devolvi.

"Não se preocupe", ela disse secamente. "Eu seguro."

O clube era legal. Um pouco brega – e não estou entendendo o que tanto falam sobre os homens franceses. Alguns deles me olharam de cima a baixo quando chegamos, mas não do jeito que os garotos na Inglaterra fazem. Era como se eles se sentissem superiores. Eram os mais velhos que pareciam mais interessados. Continuem sonhando. Eu não vou tocar nessas bundas caídas, não importa a quantidade de perfume Eau Savage que tenham usado. Me senti um pouco deprimida, para ser honesta. Não importava o quanto eu bebia, eu não estava ficando bêbada. Emily parecia totalmente feliz apenas dançando sozinha, olhando para ninguém ao nosso redor. Mas eu não sabia o que fazer comigo mesma. Eu fui de me sentir irresistível a me sentir um desperdício de espaço.

Emily segurou minhas mãos. "O que aconteceu?", ela disse. "Você estava tão animada para vir aqui mais cedo."

"Sim." Eu tentei sorrir, mas minha boca não cooperava. "Eu estava. Eu estou", eu dancei desajeitada em sua frente. Era como se tivéssemos 10 anos, na festa de fim de ano da escola ou algo assim.

"Katie?", Emily se moveu mais pra perto. "Por que você não pode simplesmente relaxar?", ela estendeu sua garrafa de cerveja de frutas. "Bebe."

Eu tomei um gole. Nada. Senti um misto de solidão, e completa falta de objetivo em mim. Eu não conseguia me conter. De repente lágrimas estavam rolando em minha face.

"Katie?", Emily parou de dançar. "Querida, o que está acontecendo?", ela me abraçou. Sentir seu cheiro almiscarado familiar e me agarrei a ela mais apertado.

"É... nada. Eu estou bem", eu esfreguei meu rosto. "Só estou sendo uma idiota."

"Vem aqui", Emily me levou a um banco perto do bar. "Vai ficar tudo bem, Katie", ela disse. "Só estão sendo tempos estranhos", ela terminou sua cerveja. "Também é estranho pra caralho para mim, sabe..."

Eu pensei quanto tempo ela demoraria.

Eu dei de ombros, me sentindo a milhões de kilômetros de distância dela novamente. "É, bem.

Aproveite enquanto dura."

Os olhos de Emily se estreitaram. "O que isso significa?"

"Nada dura, só isso", eu disse, com os olhos sem lágrimas de novo. "Não se pode depender de alguém."

"Sim, pode...", ela disse, parecendo incerta. "Nem todos são imbecis retardados", ela mordeu o lábio. "Que horas são?"

"Meia noite", eu disse, checando meu telefone.

"Me empresta isso?"

Eu o segurei atrás das minhas costas. "Agora não, Em. Ela está dormindo. Espere até de manhã."

"Ah, vamos lá. Só vou deixar uma mensagem."

Eu suspirei alto e entreguei meu telefone, e olhei enquanto Emily deixava a quinta mensagem do dia. Eu senti uma pontada de culpa.

Era tão ruim assim Emily estar feliz?

De volta ao hotel, nós sentamos na cama bebendo vinho e comendo aqueles bolinhos que dão de graça em supermercados da França.

"Meus dentes estão engraçados", ela disse esfregando-os com a ponta do dedo.

"É culpa do bolo barato", eu disse. "E o vinho de dois euros e a cerveja doce nojenta." Emily brindou minha taça, bêbada. "Ninguém poderia nos acusar de sermos chiques." "Fale por si mesma", eu disse, soluçando.

"Justo", seus olhos passaram pelo meu celular na cama. Eu o deixei fora de vista.

"Me pergunto porque Naomi não responde", eu disse. "Não sei. Talvez ela não seja o tipo que fica por aí reclamando e essas merdas? Ela é mais do que isso."

Emily caiu na cama. "Me deixa em paz, Katie."

"Mas", eu prossegui. "Você não disse que ela não gosta de ser rotulada... como lésbica e tal?

Talvez ela esteja um pouco assustada."

Silêncio completo. Eu segurei minha respiração.

"Eu vou pra cama", disse Emily friamente. Ela tomou outro gole de vinho.

"Mas eu nunca vou te deixar", eu esfreguei sua perna. "Você sempre vai ter a mim."

"Que doce", ela disse, entregando o vinho e indo para baixo das cobertas. "Só me deixa em paz, pode ser?"

"Jesus Cristo", eu disse para suas costas. "Você foi que quis vir para cá. Agora você está me excluindo de novo."

"Você é uma mentirosa, Katie", disse Emily. "Fingindo que está interessada em mim e na

Naomi. Você só quer enfiar a faca em nós o tempo todo. Não consegue evitar. Você está com inveja. Não é minha culpa se sua auto-estima está lá embaixo e você só consegue se sentir melhor deixando qualquer coisa que se mova te comer."

Eu surtei e peguei o cabelo dela, colocando meu rosto perto da dela.

"Pelo menos eu não sou uma sapatazinha idiota que só consegue outra sapata miserável pra chupá-la. Pelo menos eu consigo pinto de verdade."

"Não, você é uma idiota patética", Emily rosnou. "Cai FORA!"

Ela me empurrou com tanta força que eu caí de costas da cama. Doía pra porra. Outro machucado para adicionar a minha coleção. Eu disse nada. Só fiquei lá parada, chocada, até que eventualmente a ouvi roncando. Eu me levantei e fui, tipo, em câmera lenta até o banheiro.

Me despindo na frente do espelho de corpo todo, eu evitei olhar para os machucados na minha perna. Quando tirei minha maquiagem, olhei para meu rosto limpo no vidro. Uma vadiazinha infeliz e feia me olhou de volta. Eu apontei meu dedo para o reflexo.

"Você é uma vadia estúpida e solitária. Nunca encontrará alguém para te amar assim", eu disse ao meu rosto. "Ninguém iria dar a mínima se você não estivesse aqui." Eu olhei para as minhas roupas no chão.

Nada havia sobrado para mim.


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