Die With a Smile | Bruno Mars

Prólogo

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Helena sabia como fazer parte da lista das modelos mais bem-sucedidas da atualidade (mesmo não sendo considerada tão alta quanto uma modelo deveria ser) e, ainda assim, manter a sua essência de menina levada, encantando a todos com a sua alegria contagiante. Embora carregasse traumas e medos que lhe foram dados de "presente", sem que ela ao menos desejasse recebê-los, vindos do seu antigo e caótico relacionamento com Felipe.

Bruno, por sua vez, sabia como prender a atenção alheia e, com isso, roubar todos os olhares do mundo para si — tomando posse de cada um deles — em cima de um palco e até mesmo fora dele (mesmo sendo desprovido de altura). E, por mais que ele se considerasse 'tímido', seu sorrisinho de lado, cheio de charme e com um quê de safadeza, o entregava facilmente. Todavia, ainda assim, ele se sentia incapaz de compreender certas decisões e escolhas tomadas por Helena.

O cantor conseguia se recordar com riqueza de detalhes da primeira vez que seus olhos curiosos pairaram sobre a figura majestosa dela. Conseguia recordar de seus passos precisos e certeiros na passarela do imponente desfile da Victoria's Secret em 2016, enquanto ele cantava. Ele conseguia recordar que aquela tinha sido oficialmente a primeira vez dela como uma Angel. Ele conseguia recordar que toda a sua atenção permaneceu exclusivamente sobre ela, apenas sobre ela. No entanto, mesmo diante disso, nada de extraordinário aconteceu entre os dois — além do seu encanto — ela era comprometida e ele também não estava longe de um relacionamento demasiado longo — o que os levava a riscar o tópico 'amor à primeira vista' da lista de coisas que os ligavam, até porque, se ele tivesse existido de fato naquela época, seria um tanto quanto errado dos dois lados.

Na segunda vez, porém, com os dois livres e desimpedidos, ele recordava que, em meio ao seu famoso after-party em uma balada badalada de Las Vegas — à qual ela foi levada contra sua vontade, arrastada por sua amiga eloquente e festeira — ela não queria ser notada por ninguém, muito menos tornar-se o centro das atenções. Contudo, seus olhos teimosos e inquietos, por sua vez, não conseguiam se desvincular dela, tornando-a "forçadamente" e sem querer o foco de sua atenção particular. Era como se ela tivesse um ímã, atraindo-o apenas para si. E, mesmo que ele estivesse cercado por um aglomerado de pessoas contagiantes e interessantes na Cidade do Pecado, ele só tinha olhos para ela.

Naquela noite, ele gravou em sua mente, por detrás das lentes escuras de seus óculos, cada detalhe dela, cada detalhe por completo — por mais pequenos que esses detalhes pudessem ser aos olhos, não deixando nada passar despercebido —, recordando-se da primeira vez que a viu. Quer dizer, tinha como esquecê-la? Não! Impossível! Aquilo era impossível! Ela era como uma obra de arte cheia de plenitude que, uma vez vista, jamais seria esquecida; estaria para sempre registrada em sua memória.

O efeito que ela tinha sobre ele era assustador e, nem por isso, deixava de ser avassalador.

Ele se questionava incessantemente como ela conseguia tamanha façanha. 

Como alguém com quem ele não tinha compartilhado meia dúzia de palavras, além de um educado "olá" e olhares demorados em 2016, conseguia deixá-lo daquela maneira? Totalmente entregue?

Ele se lembrava de tudo; no entanto, não conseguia lembrar claramente de quantas vezes seus olhos se encontraram com o corpo dela — sem que ela percebesse ou fingisse não perceber, enquanto sentia o olhar dele queimando sua pele — durante aquela noite, até finalmente ser notado por ela. Ele observou atentamente quando a melhor amiga dela esbarrou em seu ombro, como se a avisasse e a mandasse reagir. Helena sorriu para ele, e a troca de sorrisos longínquos fez seu coração acelerar.

Ela era perfeita até sorrindo.

A descoberta súbita de amigos em comum entre ambos fez seu coração acelerar pela segunda vez, com a possibilidade de conversar de maneira mais profunda do que um simples "olá" e sorrisos compartilhados à distância.