VILA MADALENA, SÃO PAULO
HELENA BARCELOS
Eu encarava o homem tatuado parado à minha frente, com um sorriso largo desenhando em seu rosto, nenhum pouco abalado com aquele reencontro inesperado que estava acontecendo entre nós. Eu me sentia meio perdida e um pouco envergonhada — talvez —, enquanto dois pares de olhos curiosos e inquietos, os do meu irmão e da minha cunhada, vagavam incessantemente entre Eric e eu, à espera de palavras proferidas ou ações de ambos os lados. Ouso dizer que, naquele momento, eles pareciam incapazes de piscar, atentos a qualquer novidade que surgisse ao alcance dos olhos deles.
A minha pergunta permanecia pairada no ar, sem resposta alguma, em meio ao silêncio que se instalara. Contudo, da varanda ainda era possível ouvir uma musiquinha infantil — a qual, desta vez, eu não sabia cantar e tampouco conhecia o nome — soando, e as risadas de Lorenzo e Maria Júlia também se faziam ouvir. Certamente, eles estavam dançando e se divertindo com isso — e eu aqui, tendo que lidar com um reencontro não programado por mim com o meu ex-cunhado favorito.
O que é a vida?
Uma maravilha, não é?
Eu contemplava, sentindo meu coração se agitar de nervosismo diante disso, os passos desprovidos de timidez de Eric enquanto ele caminhava em minha direção. Eu assistia a tudo sem conseguir me mover do lugar, e talvez tenha sido por isso que, mesmo contemplando suas ações, fui pega de surpresa por um abraço apertado dele.
— O que faz aqui, E-panda? — questionei baixinho, correspondendo ao seu abraço de maneira afoita.
— Senti saudades suas, Lena! — disse, choroso, com um quê de nostalgia em seu tom de voz, sem responder de fato à minha pergunta em meio ao nosso abraço. — Por que você foi embora?
Inquiriu certeiro e sem aviso, pegando-me desprevenida e ignorando a pergunta que eu havia feito mais uma vez. Meu estômago se revirou só de pensar em respondê-lo.
Na realidade, sendo sincera, eu não estava nem um pouco preparada para enfrentar aquilo.
Custava alguma coisa ele responder à minha pergunta e deletar a que me fez?
Não! Não custava!
... hoje eu morro de nervosismo e ansiedade!
Ainda presa em nosso abraço, ensaiei várias tentativas de abrir a boca e falar qualquer coisa, mas foram tentativas em vão.
O que eu diria, afinal?
Que o medo, junto ao meu passado, me fez ir embora para longe do irmão dele?
Eu me sentia patética só de pensar nisso.
O medo é mesmo cara de pau, não é? Ou será que sou eu?
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Die With a Smile | Bruno Mars
FanficPessoas, em sua maioria, guardam segredos, e Bruno não estava longe de ser esse tipo de pessoa. Helena era o seu segredo mais bonito, a sua brasileira favorita, junto a todas as boas lembranças da relação sigilosa e sem rótulo de relacionamento séri...