PRINCESA MAL EDUCADA. C.1

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                                        🥀

A floresta parecia mais escura do que o normal, e o vento frio atravessava minhas roupas, congelando-me até os ossos. Eu estava agachada atrás de uma árvore grossa, tentando controlar a respiração, mas meu peito subia e descia descontroladamente. O som da minha própria respiração parecia alto demais, como se pudesse me denunciar a qualquer momento. Cada estalo de galho quebrado ou farfalhar das folhas parecia um aviso de que ele estava se aproximando.

Eu sabia que ele por perto. O silêncio, quebrado apenas pelo ocasional balançar das árvores, carregava a presença dele. Meu corpo inteiro tremia, não apenas por causa do frio, mas pelo medo que crescia dentro de mim. O ar tinha um cheiro denso de terra molhada, e, por um momento, me perguntei se este seria meu último lugar.

Fechei os olhos, tentando reunir coragem para me mover, mas então ouvi um som inconfundível de passos. Lentamente, calculados, eles vinham em minha direção. Meu coração começou a bater tão forte que eu podia senti-lo na garganta. Queria correr, mas minhas pernas pareciam presas no chão, como se o medo me tivesse enraizado ali.

- Não precisa ter medo, princesa. O lobo mal não vai ter comer. - Ele disse, sua voz penetrante e sarcástica.

Meu sangue gelou, e meus pulmões pareciam incapazes de puxar o ar. Ele sabia onde eu estava. Sabia o tempo todo.

Minhas pernas se moveram antes do meu cérebro pudesse processar. De repente, me vi correndo pela floresta, cada passo me empurrando para longe dele. Os galhos batiam contra o meu rosto, e o vento frio chicoteava meu cabelo, mas nada importava. Só precisava correr. Precisava me afastar dele.

- Corra o quanto quiser. No fim, sou em quem decide quando o jogo acaba. E acredite, eu adoro brincar.

Meu coração disparou ainda mais rápido. Ele estava se aproximando, cada passo dele parecia ressoar dentro da minha cabeça. Eu estava acostumada a estar sozinha desde o orfanato. Mas nada, nem os dias mais sombrios naquele lugar, me prepararam para esse terror. Eu queria gritar, mas sabia que só seria o meu fim.

Me joguei atrás de outra árvore, tentando controlar minha respiração e me esconder novamente, mas ouvi som de galhos se quebrando atrás de mim. Virei-me, sentindo uma presença logo atrás, e antes que pudesse reagir, uma pancada violenta atingiu minha cabeça. A dor foi insuportável, e antes de perder a consciência, ouvi sua voz, carregada de uma satisfação cruel.

- Go tô sleep.

                                      🗡️

  
  Quando acordei, uma dor latejante dominava a minha cabeça, e meus olhos demoraram a se ajustar a pouca luz ao meu redor. Olhei ao redor e vi que estava em lugar pequeno, com grades a minha volta e uma cama encostada na parede. Minhas mãos estavam amarradas com cordas.

A sala era fria, havia um cheiro metálico no ar, misturado com odor que eu não conseguia identificar. Na parede ao lado das grades, vi uma coleção de lâmina de diferentes tamanhos, dispostos como troféus. A visão dessas armas me gelou o sangue.

- Ora, ora... A princesa despertou - Sua voz ecoou fria, mas quase divertida. - Vamos as cordialidades, como a princesa chama?

- Não te interessa.

- Olha só, a princesa é mal-educada também? - Ele disse, com um sorriso sarcástico.

Ele abriu os cadeados da grade e se aproximou, o ar ficou ainda mais pesado. Senti meu corpo todo arrepiar e quando ele parou na minha frente, me encarando com aqueles olhos frios. Quando chegou perto suficiente, inclinou-se para o meu rosto, seu hálito quente roçando minha pele. Minha respiração ficou presa na garganta.

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