NOME REVELADO. C.2

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   Estou limpando a casa, mas minha minha mente está longe, perdida em pensamentos sobre o que será da minha vida daqui em diante, como uma de suas lâminas?

Já faz um tempo que ele saiu. Ouvi o som dos cadeados sendo trancados por fora. A casa é grande e bonita, algo que o orfanato onde cresci nunca foi. Mas, por mais que minha curiosidade me consuma, sei que minha vida vale mais do que espiar aquele quarto.

Suspiro, pensando nos sonhos que parecem ser tão distantes agora: fazer faculdade, conhecer alguém, casar, ter filhos. Mas ele... Esse homem sem nome é a última pessoa que quero perto de mim. Obscuro, cruel, um assassino sem remorso. Como alguém pode tirar a vida de outro ser humano com tanta facilidade? E o mais estranho... Por que ele ainda não me matou?

Enquanto terminar de limpar, ouço o som do cadeado novamente. Meu coração acelera. Ele está de volta. Quando o olho, ele está vestido todo de preto, encharcado de sangue. Meus olhos se arregalam de horror enquanto ele tira a blusa pingando sangue e vai para a lavanderia. Desvio o meu olhar e respiro fundo várias vezes, tentando tirar a imagem do sangue pingando sobre o piso.

- Se não consegue encarar sangue, vai ter problemas aqui.

- Se eu estivesse escolha, já estaria longe.

- Infelizmente pra você, não tem.

Será mesmo? Decido mudar de assunto. O sorriso dele apenas se alarga.

- O jantar está pronto. - Digo sem emoção.

Caminhando lentamente até a mesa e me observando, desvio o olhar tentando não demonstrar que estou nervosa.

- Me sirva.

- Virei garçonete também?

Ele me observa por um momento com aquele olhar de autoridade, me passando a mensagem que quem mandava ali era ele.

Eu o sirvo, pensando várias vezes se jogava o prato em sua cabeça. Ele me olha com uma mistura de desafio e diversão. Assim que termino, ele gesticula para a cadeira a sua frente.

- Sente-se e coma também.

Sem discutir, obedeço. A fome é forte demais para ser ignorada. Eu como em silêncio, mas as perguntas borbulham dentro de mim. Respiro fundo e arrisco:

- Posso te fazer uma pergunta?

- Fala. - Ele mastiga devagar, os olhos nunca deixando os meus.

- Qual o seu nome?

Ele pausa por um momento, como se pesasse minha curiosidade.

- Por que quer saber?

- Porque eu não sei como te chamar. - Tento manter o tom casual.

- Jeff.

Tento processar a resposta, mas minha mente está cheia de outras perguntas, outras dúvidas. Ele parece perceber, o seu olhar se torna mais sombrio.

- Por que não me matou? - Minha voz sai mais baixa do que eu esperava, mas a pergunta está no ar, impossível de ser retirada.

Jeff ri. Não é riso alegre, mas um som gelado, vazio.

- Quem disse que não vou? - Ele se inclina um pouco a mesa, os olhos brilhando de uma maneira perigosa.

Eu tremo, mas não vou dar a ele o prazer de ver meu medo tão facilmente.

- Então, por que não agora? - Pergunto, tentando manter a voz firme. - Ou será que você gosta de prolongar o sofrimento?

- Você tem uma imaginação fértil. - Ele se recosta na cadeira, cruzando os braços. - Gosto de ver a forma como sua mente trabalha. Está sempre tentando descobrir o que vem a seguir, como se eu fosse previsível. Mas aqui vai uma dica: você nunca vai saber o que eu vou fazer. E isso... - Ele faz uma pausa, inclinando a cabeça, como se estivesse avaliando a minha reação. - ... é o que torna isso divertido.

Eu travo a mandíbula, determinada a não me deixar abalada. Ele está brincando comigo, testando os meus limites, e eu não vou ceder.

- Se é tão imprevisível assim, talvez eu devesse estar mais preocupada com o que você vai fazer agora. - O sarcasmo na minha voz sai mais afiado do que planejado.

Ele se levanta lentamente, pegando o prato vazio e colocando-o na pia com movimentos calmos, como se estivesse considerando minhas palavras.

- Talvez você devesse mesmo, Maya. - Ele se aproxima com passos calculados, o olhar fixo em mim como um predador cercando sua presa. - Mas vou deixar você se preocupar com isso sozinha. E quem sabe... a resposta para a sua pergunta venha mais cedo do que você imagina.

Jeff para ao meu lado, tão perto que posso sentir o calor do corpo dele, contrastando com o frio que parece emanar de sua presença. Minha respiração fica presa na garganta.

- Agora vá. - Sua voz é suave, mas o comando é claro. - Já fez perguntas demais por hoje.

Antes de me mover, olho para ele, tentando decifrar algo, qualquer coisa em seus olhos. Mas tudo o que vejo é uma escuridão impenetrável.

Ele me conduz de volta para a minha cela, sem dizer mais nada, o som do cadeado se fechando ecoa pelo espaço, um lembrete constante da minha prisão.

Sento no chão, encostando a cabeça na cama. "Jeff", repito em pensamento. Pelo menos agora sei o nome dele. Mas isso não muda nada. Minha vida ainda está nas mãos de um psicopata.

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             ATÉ O CAPÍTULO 3 🥀🖤☠️🗡️

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