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SÃO PAULO

Kauani

- Filho, seu café tá na mesa. A mamãe vai tomar banho rapidinho. Quando você acabar escova os dentes, por favor. - Dou um grito baixo e deixo o seu pratinho do homem aranha e o copo do hulk na mesa e corro para o banheiro.

De volta a rotina. Não posso reclamar, eu gosto do meu dia a dia, e com tantas responsabilidades não posso me dar o luxo de sequer pensar em fraquejar. Não posso falhar.

Saio do banheiro, vou para o quarto e visto a roupa que eu já havia separado, uma calça flare verde esmeralda e uma camisa preta de manga curta e decote redondo, coloco um salto também preto, prendo meu cabelo num rabo de cavalo e faço uma maquiagem simples. Rímel e gloss, não utilizo blush, ainda estou vermelha da praia.

- Já acabei, mamãe! - Pego minha bolsa e vou até a sala.

- Colocou a louça na pia? - Pego as chaves, o meu celular e a mochila do Leo.

- Sim, senhora. - Vejo o topo da sua cabeça com cabelo castanho claro por cima do balcão e ele vem até a porta.

- Vamos. - Digo e saímos.

///

Quando Leo coloca o cinto dou partida no carro. Olho para o multimídia do carro. 07:37.

- Você escolheu o tema da sua festa já, amor? - Pergunto e o olho pelo retrovisor. Suas bochechas redondas e rosadas, sua íris castanha claríssima como as do seu pai, porém redonda e grande como as minhas.

- Acho que do homem de ferro, mãe. - Ele sorri e sua janelinha aparece, eu sorrio junto.

- De novo? Ano passado já foi do homem de ferro, você não quer escolher outra coisa?

- Eu gosto do homem de ferro.

- Eu também, ele é meu herói favorito, você sabe. Mas achei que você fosse querer algum personagem diferente.

- Não. - Ele diz calmamente e boceja.

- Seu pai gostava do Relâmpago McQueen. - O que não é de todo mentira, ele realmente gostava, mas o pai dele era um nerd que tinha como herói favorito um desconhecido, um tal de magneto. Eu não ia achar nada de festa desse cara, então tive que inventar alguém.

- Sério? - Seus olhos brilharam e ele se endireitou no banco, interessado, e senti uma pontada de tristeza no peito. - Eu quero dele então, mãe. Por favor.

- Beleza! - Ficamos em silêncio.

- Você sente falta dele? - Ai estava. Toda vez que eu falava qualquer coisa de seu pai, ele me perguntava algo relacionado a ele, como se não quisesse que o assunto acabasse.

- Eu e ele não estávamos mais juntos como um casal quando ele morreu, bebê. Mas eu sinto, sim, não por mim, por você. - Sou sincera.

- Ah. - Acho que não gostou da minha resposta. - Por quê? - Eu o olho pelo retrovisor rapidamente. Ele olhava pela janela, um semblante vazio e eu suspiro. As vezes nem sei o que falar.

- Depois que você nasceu muita coisa mudou e nós dois não dávamos certo mais, a mãe se sentia muito só, o seu pai não me encontrava mais na mulher que eu havia me tornado, então decidimos que seria o melhor pra todos. Mas nós éramos muito amigos. Sinto falta disso. Ele era um ótimo pai.

Akai Ito. - VEIGHOnde histórias criam vida. Descubra agora