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SÃO PAULO.

Kauani


O carro está silencioso enquanto observo ele dirigir pela avenida deserta e quase durmo no banco do passageiro. Ele me olha rapidamente algumas vezes, mas logo volta o olhar pra direção. Passo os olhos pelo seu rosto, maxilar definido, o pescoço tatuado..

Gostoso.

Ele ri alto e eu percebo que pensei alto demais, me encolho no banco sentindo minha cara arder.

- Pensei alto. - Falo baixinho e ele coloca a mão uns 5 centímetros acima do meu joelho, muito longe de onde eu gostaria que ela estivesse.

- Que bom, eu gostaria de ler seus pensamentos. Você é complicada de entender. - Eu quase não presto atenção no que ele fala, estou muito focada na sua mão esquentando a pele nua da minha coxa.

- Você pode me perguntar o que quiser. - Eu falo delicadamente, e ele me olha por mais tempo dessa vez. Eu coloco a mão no seu rosto e forço ele a olhar pra frente. - Não queremos nenhum acidente.

- Na rua vazia às 3:16 da madrugada? - Ele fala sarcasticamente, mas não me olha novamente. Ao invés disso, ele tira a mão da minha perna e eu automaticamente sinto falta do calor que ela estava causando. - Por quê cê fica me evitando? - Ele pergunta baixo e eu sou pega desprevenida pela pergunta tão direta. - Tipo, eu sei que você sente esse mesmo bagulho inexplicável que eu sinto quando nois ta junto, então por quê cê foge de mim?

Consigo sentir uma pontada de mágoa na sua voz e de repente aceitar vir embora não pareceu uma ideia tão boa.

- Não é tão simples. - Eu falo depois de alguns segundos em silêncio. - Eu tenho muitas responsabilidades. Eu me cobro demais em tudo que faço. - Suspiro e fecho os olhos.

- Mas cê não me conhece. - Ele diz, cortando a minha linha de raciocínio. - Nois se beijou duas vezes, parça. Cê tá levando o bagulho em outro patamar, já.

E eu deveria me sentir ofendida, ele ta basicamente me chamando de emocionada, mas eu apenas balanço a cabeça em negação.

- Parece que falamos línguas diferentes. - Eu digo calmamente. - Eu não estou dizendo que nós vamos casar, pelo amor de Deus. - Dou uma risada sem humor. - Eu quero dizer que você é uma distração, e eu não posso me distrair.

- Nem se for só pra matar esse desejo e depois nois não precisa mais se ver. - Ele fala na cara de pau e eu oficialmente perco absolutamente qualquer resquício de respeito que eu tinha.

- Não vou nem te responder. - É tudo que digo.

- Falei alguma coisa errada? - Ele pergunta genuinamente e eu me pergunto como alguém pode ser tão sem noção.

- Você não me conhece, você se quer sabe o meu sobrenome, então eu gostaria que você achasse o senso do ridículo que você perdeu por aí e não me tratasse como uma vagabunda sedenta pra te dar. - Falo rapidamente sentindo a raiva ferver meu sangue. - Se você é assim tão fácil, e tá acostumado com as mulheres tirando a calcinha quando você pede, saiba que eu não sou assim. Eu posso até querer, mas eu não abro mão das minhas morais e valores. Sinto muito, não funciono assim. - Finalizo e me sinto aliviada por ver o meu prédio se aproximando.

Akai Ito. - VEIGHOnde histórias criam vida. Descubra agora