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SÃO PAULO

Thiago

De todas as coisas que eu esperava que fosse rolar hoje, essa não era uma delas.

Como eu fui encontrar essa mulher em Recife se ela estava tão próximo? Desde quando ela conhece a minha irmã? Por quê ela não falou nada?

São tantas perguntas e eu não posso fazer nenhuma com a minha irmã aqui, eu preciso entender o que tá pegando antes de tudo. Eu realmente só espero que ela não esteja perseguindo a minha família pra chegar em mim. Não sei nem o que eu sou capaz fazer se for isso.

- Você vai buscar o Leo? - Minha irmã pergunta.

Leo? Levanto uma sobrancelha em questionamento.

- Não, ele tá na casa dos meus pais hoje, nem foi pra escola. - Ela responde e encara as ruas pela janela.

Quem é Leo?

- Ah, que bom! Ia ficar preocupada de você passar mal e acontecer alguma coisa... - Minha irmã olha alguma coisa no celular.

- Eu já estou bem. - Kauani responde. - Foi só uma queda de pressão.

Eu abaixo o vidro do carro e o segurança me olha, fazendo um sinal pro controlador de acesso abrir o portão do estacionamento.

- Eu vou te esperar aqui. - Falo pra Lyllian. - Assim você fica com pena e não enrola tanto.

Ela gargalha e balança a cabeça em negação. Eu olho pelo retrovisor e paro o carro. Elas descem e batem a porta e ouço a Kauani falar algo sobre pegar alguma coisa no carro, me fazendo olhar no banco de trás, pra ver o que ela esqueceu.

Nada. Mina louca.

Então vejo Lyllian chamar o elevador e a Kauani ir até o outro lado do estacionamento e destrancar o seu carro, só aí entendo o que ela tava querendo dizer.

O elevador chega e Lyllian entra no mesmo, eu saio do meu carro e vou até o carro da Kauani. Que está de costas pra mim, meio empinada tentando pegar algo no banco de trás. Ô mulher abençoada!

- Eai! - Digo e ela pula, batendo a cabeça no teto do carro e eu não consigo segurar o riso. - Tá em choque?

Ela sai do carro com a mão na cabeça e algumas mechas do cabelo bagunçadas.

- Que susto, porra! - Ela bate a porta do carro atrás de si e olha pra cima, me encarando. - Você é doente? - Ela faz uma cara de brava e eu sorrio.

- Foi sem querer, desculpa. - Eu coloco as mãos no bolso, arrumando minha postura. - Cê tá me perseguindo, por acaso?

- Eu não sabia que ela era sua irmã, e muito menos que ela morava aqui. Se eu soubesse eu não teria me aproximado tanto dela. Faz só alguns dias que eu descobri que vocês são irmãos e eu não sabia como falar pra ela. - Ela me olha nos olhos e eu consigo sentir que ela está falando a verdade. Não consigo explicar como, eu apenas sei. - Eu gosto muito dela, ela é o tipo de pessoa que vale a pena ter por perto, se você quiser contar pra ela e ela decidir se afastar de mim, tudo bem, mas eu não quero isso. Não acho que o que aconteceu entre a gente seja relevante o suficiente pra acabar com a amizade que nós estamos construindo. - E agora eu sei que ela tá mentindo, parece mágica, mas ela também não consegue me olhar nos olhos enquanto fala isso, o que só confirma ainda mais.

- Mentira. Eu tô ligado que você sentiu o mesmo que eu aquele dia. Eu sei que você ta sentindo agora essa vibe inexplicável. Você sabe que não foi irrelevante. - Ela balança a cabeça que não e encara o meu peito, que está no nível dos seus olhos.

Akai Ito. - VEIGHOnde histórias criam vida. Descubra agora