Mia despertou com os pensamentos presos no que Isabelle havia contado no dia anterior: o caso do pai com sua tia Melanie. Sentada na cama, passou as mãos pelos cabelos, tentando organizar as ideias que se embaralhavam.
— Será que Isabelle mentiu? — pensou, mordendo o lábio inferior. — Não... Ela não teria essa audácia. Ou teria? E se foi culpa do papai ela ter ido embora?
Mia suspirou, sentindo a mente pesar com as dúvidas.
— Um marido trair a mulher com a cunhada destruiria toda a família... Mas isso seria suficiente para largar os filhos?
Fechou os olhos por um instante, tentando se colocar no lugar da mãe.
— Se isso acontecesse comigo... Eu largaria meus filhos e fugiria? Não, de jeito nenhum. Isso não justifica... Nem explica.
Ela soltou um suspiro, empurrando o lençol para o lado.
— Mas quer saber? Isabelle se arrependeu. Tá, eu entendi isso.
Mia já havia lidado com o trauma do Ben e, de alguma forma, aceitado que Isabelle realmente lamentava as escolhas que fizera. Mas, mesmo assim, não mudava o que Mia sentia por dentro: Isabelle não era sua verdadeira família.
— Minha família de verdade é o meu pai e o meu irmão. Eles estão aqui, em Nova York. Então é hora de voltar pra casa.
O pensamento trouxe um certo alívio, ainda que houvesse um nó apertado no peito.
— Vou sentir falta do Noah, do Sam e da Scarlett... Mas e daí? — Ela tentou se convencer. — Tem internet pra isso. E posso mandar o jato do papai buscá-los nas férias.
Com a decisão tomada, Mia se levantou da cama e foi direto para o banheiro. Olhou-se no espelho e respirou fundo. Era hora de seguir em frente e colocar as coisas no lugar.
Ela escovou os dentes e lavou o rosto com rapidez, depois começou a se vestir. Mesmo que algumas pessoas ficassem para trás, a sensação de voltar para o lar – o verdadeiro lar – começava a fazer sentido.
Mia se arrumou e decidiu ir atrás do pai. Procurou por ele no quarto, mas não o encontrou. Desceu as escadas e foi até a cozinha, sem sucesso. Finalmente, dirigiu-se ao escritório. A porta estava entreaberta, e ela espiou antes de bater.
— Entra, filha — disse James lá de dentro.
Mia entrou, abrindo um sorriso.
— Bom dia.
— Bom dia, querida.
Ela se aproximou, sentou-se na cadeira à frente da mesa do pai e, como sempre fazia, colocou os pés sobre a mesa.
— Tá ocupado? — perguntou, casualmente.
— Não, boneca. Pode falar.
Mia respirou fundo, ajustando os pensamentos.
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Mia O'Reilly
Teen FictionMia O'Reilly uma adolescente de 14 anos que é forçada a se mudar para Oklahoma para viver com sua mãe, Isabelle, após anos de separação e abandono. Mia, uma socialite de Nova York, enfrenta um novo e hostil ambiente escolar, onde se sente profundame...