Reapers: Ameaça nas Sombras

Memórias de Outro Mundo

A figura, envolta em um manto de trevas, recostava-se em um trono sombrio como um predador à espreita. O rei, fragilizado pelo medo, ajoelhava-se diante do ser, seus olhos refletindo o pavor diante da presença de um poder que já conhecia de lendas sombrias. Esse personagem enigmático – que ainda não havia se revelado por completo – observava com um sorriso sutil de pura maldade.

Com um movimento lento, quase preguiçoso, a figura levantou-se, revelando os olhos que pareciam capturar toda a escuridão do universo. Ele avançou em direção ao rei, que tremia e murmurava súplicas inaudíveis. A figura finalmente falou, com uma voz baixa e fria como o vento da morte. "Você e todos os outros, enfim, saberão meu nome. Sou Atlas, aquele que carrega o peso da verdadeira escuridão."

Enquanto o corpo do rei era arrastado para longe, Atlas contemplava o reino. A lembrança de sua derrota antiga ainda lhe ardia na mente. Agora, mais forte e calculista, ele estava pronto para retomar o que julgava seu de direito. Suas mãos tremiam levemente, não de fraqueza, mas de antecipação. Ele imaginava o caos que espalharia pelo reino, e uma sombra de satisfação passava por seu rosto.

No QG dos Ceifadores

Os ceifadores, cientes do surgimento do novo líder das trevas, estavam reunidos em seu quartel-general. Tatsuo, com o olhar firme e determinado, sabia que a ameaça dos “Obscuros” não podia ser subestimada. Aqueles seguidores de Atlas eram diferentes, perigosos, e não hesitariam em destruir tudo e todos que se colocassem no caminho.

"Temos informações suficientes sobre os Obscuros, mas não podemos nos dar ao luxo de subestimá-los," afirmou Tatsuo, quebrando o silêncio da sala. "Eles não são apenas seguidores de Atlas. São soldados treinados, prontos para sacrificar suas vidas por ele."

Keiko assentiu. “Além disso, dizem que Atlas está mais forte do que na época em que foi derrotado. Precisamos de uma nova estratégia, algo que nos dê vantagem contra ele e seus seguidores.”

Adam, mais experiente em táticas de combate, lançou um olhar de preocupação. “Os ataques dos Obscuros estão aumentando. Eles são calculistas, e temo que estejam tentando enfraquecer nossas defesas. Mas há algo que não me sai da cabeça: por que Atlas deixou pistas tão óbvias para nós? É quase como se ele quisesse que o encontrássemos.”

Tatsuo lembrou-se da última vez que cruzou caminho com Atlas, então conhecido por outro nome. A derrota ainda era uma ferida aberta. Ele se recordava da maneira cruel como foi atacado em uma emboscada, ferido e humilhado, com as palavras de Atlas ecoando em sua mente: “Você é um tolo por acreditar que pode me vencer.”

Agora, reforçado pela fusão com Tsuo e meses de treinamento, Tatsuo sentia-se mais forte e determinado. Mesmo assim, ele sabia que enfrentar Atlas e os Obscuros seria uma batalha quase impossível.

"Akeno," chamou Tatsuo, “suas memórias do outro mundo... pode ser que Atlas ou a influência dos Obscuros estejam desestabilizando a barreira entre os mundos. Se isso estiver acontecendo, nossas chances estão ainda mais ameaçadas.”

Akeno se aproximou, os olhos brilhando com a determinação de sempre. “Eu tenho sentido essas memórias com mais frequência, Tatsuo. São fragmentos de uma realidade onde... nós éramos mais do que amigos.” A admissão fez Tatsuo desviar o olhar por um segundo, antes de recuperar sua postura. “Precisamos entender o que está por trás disso. Pode haver uma ligação entre essas memórias e o fortalecimento de Atlas.”

Adam refletiu. “Se a barreira entre os mundos estiver enfraquecendo, isso poderia afetar não apenas você, Akeno, mas todos nós. É possível que Atlas esteja manipulando esses limites para seu próprio benefício.”

Felix, que até então estava em silêncio, olhou para seus companheiros. “Então é isso. Atlas quer destruir as fronteiras dos mundos para se tornar um poder absoluto. Ele pretende transformar este mundo e o próximo em seu próprio domínio de escuridão. E nós somos a última linha de defesa.”

Com essas revelações, Tatsuo apertou os punhos, sabendo que agora, mais do que nunca, precisavam estar preparados para enfrentar Atlas e os Obscuros. Ele olhou para seus companheiros, cada um com a determinação estampada no rosto, e declarou: “Juntos, nós enfrentaremos Atlas e suas forças. E, desta vez, a escuridão não vencerá.”

O pôr do sol tingia o Campo Verde em tons de laranja e dourado, enquanto Tatsuo e Akeno observavam o novo QG dos Ceifadores à distância. Tatsuo sentia o peso de estar em um lugar que, para ele, ainda era estranho. Esse mundo, tão diferente do seu, o confundia e intrigava, especialmente por tudo que havia passado desde sua chegada.

“Ainda é surreal estar aqui,” Tatsuo murmurou, a voz baixa. “No meu mundo, não havia magia ou criaturas sobrenaturais. Era apenas... a realidade que conhecíamos. E então, Félix apareceu e, de alguma forma, me trouxe para o mundo dele, no último segundo. Salvou minha vida, mas trouxe muito mais do que isso.”

Akeno olhou para ele, surpresa. “Então... no seu mundo, nada disso existia?” Ela fez um gesto amplo, como se englobasse tudo ao redor deles.

Tatsuo assentiu, um traço de melancolia atravessando seu olhar. “Era tudo simples, previsível, sem esse tipo de mistério. Mas aqui, nesse mundo... parece que cada passo pode revelar algo novo, algo impossível no meu mundo.” Ele hesitou, como se tentasse encontrar as palavras certas para explicar a sensação que o invadia. “E, de alguma forma, acho que minha presença aqui está afetando outras pessoas. Como se... os fragmentos do que eu vivi lá estivessem ressurgindo aqui, nos poucos que eu conheci antes de ser trazido.”

Akeno ficou em silêncio, absorvendo o que Tatsuo dizia. Ele continuou: “Eu sinto que essas lembranças e conexões estão despertando, se sobrepondo ao que existe aqui. E com Atlas e os Obscuros enfraquecendo a barreira entre os mundos, essa ruptura parece cada vez maior. Isso não pode ser coincidência.”

“Então é isso que Atlas e os Obscuros estão fazendo,” Akeno comentou, a compreensão começando a surgir em sua mente. “Eles estão explorando essas brechas para tentar algo maior, talvez até desestabilizar a realidade.”

Ela olhou para Tatsuo, e, depois de um momento de hesitação, disse: “Eu sei que, no seu mundo, nós éramos mais do que amigos. Eu posso... sentir isso. Mas aqui, eu não sinto que tenho a obrigação de amar você dessa forma. Talvez... essa lembrança não me defina aqui.”

Tatsuo a observou por um instante, e então, em um gesto simbólico, tirou sua máscara de abóbora, revelando um sorriso sereno. “É exatamente isso que eu quero, Akeno. Ter você como amiga, como alguém em quem posso confiar, sem pressões. Essa é a realidade que quero construir, e o que vivi no meu mundo... posso deixar lá. Porque aqui, o que importa são as escolhas que fazemos.”

Ela sorriu de volta, sentindo uma conexão profunda e respeitosa com Tatsuo, uma amizade verdadeira. “Então, vamos juntos, como amigos e aliados. Vamos impedir que Atlas e os Obscuros continuem rasgando a realidade.”