Coração em guerra

capítulo 6

Capítulo 6

A festa continuou em um ritmo animado, mas na cabeça de MT, tudo estava um caos. Ele estava encostado em um canto, com um copo de cerveja na mão, tentando processar o que acabara de acontecer. “Eu sou hetero, caralho! O que eu fiz? Beijei o melhor amigo da minha irmã e o irmão do meu melhor amigo!”

Ele repetia isso mentalmente, como se fosse um mantra, na esperança de que, de algum modo, isso fizesse tudo parecer menos real. A lembrança do beijo ainda queimava em sua mente, e ele se perguntava se Kael havia sentido algo a mais ou se foi apenas uma loucura de bêbado.

MT começou a colocar a culpa na bebida. “Foi só o álcool, é isso! Não sou eu, é a cerveja falando”, pensou, levantando o copo e tomando mais um gole. Ele precisava de algo que o fizesse esquecer a situação, pelo menos por enquanto. Mas quanto mais tentava afastar o pensamento, mais ele voltava, como uma música que não sai da cabeça.

— E aí, mano? Tudo certo? — ouviu a voz de LK se aproximando. Seu irmão estava rindo e visivelmente animado, sem saber do turbilhão de emoções que estava passando pela cabeça de MT.

— Tô de boa... só pensando — respondeu MT, desviando o olhar.

— Pensando no beijo? — LK provocou, com um sorriso travesso. MT olhou para ele com um olhar de reprovação.

— Cala a boca, cara! Não fala isso. Foi só um selinho, uma besteira, porra! — MT disparou, tentando se defender. A risada de LK só aumentou, e ele pareceu se divertir ainda mais com a situação.

— Você não consegue ver que foi mais do que isso? — LK desafiou. — Você estava todo animado, e ele também. A química estava no ar!

— Ah, para! Eu sou hetero! — MT exclamou, quase gritando. Ele sabia que precisava sair daquela conversa antes que ficasse ainda mais embaraçoso. O que ele menos queria era que alguém visse o quanto estava afetado por aquilo.

Ele deu uma volta pelo quintal, tentando se distrair e se misturar com os outros convidados. Todos pareciam se divertir, dançando e rindo, mas MT estava preso em sua própria mente. O beijo não saía da sua cabeça, e a ideia de que poderia ter algo mais ali deixava seu estômago revirado.

— Ei, mano! — uma voz conhecida o chamou. Era Kael, que se aproximava com um sorriso nervoso. “Ótimo, agora eu tenho que encarar isso”, pensou MT, mas tentou manter a compostura.

— E aí, Kael. Tudo certo? — MT perguntou, tentando soar casual, mas a tensão entre eles era palpável.

— Tô tranquilo, só... pensando na dança — Kael respondeu, olhando para baixo, visivelmente envergonhado.

— Ah, é? — MT falou, tentando quebrar o gelo. — Sobre o beijo... foi só um momento, né?

Kael hesitou, seus olhos se encontrando com os de MT. “Só um momento”, ele pensou, mas a verdade era que tinha sentido algo mais naquele instante.

— É... foi, né? — Kael disse, tentando dar uma risada nervosa. — A gente só estava bêbados...

MT assentiu, mas na verdade sentia um nó no estômago. Ele não sabia como se sentir em relação a Kael. Eles eram amigos, e aquele beijo estava mudando tudo.

— Então, vamos aproveitar o churrasco. — MT disse, tentando desviar a conversa. Ele não queria se aprofundar naquilo. Se o álcool tinha sido a causa, era melhor deixar as coisas como estavam e voltar à normalidade.

Mas, no fundo, MT sabia que nada seria como antes. Aquele beijo estava gravado em suas memórias, e a amizade deles nunca mais seria a mesma. Ele só precisava encontrar uma maneira de lidar com isso.

Enquanto isso, o som da música preenchia o ar e a festa continuava, ignorando a tempestade emocional que se desenrolava em seu coração