Coração em guerra

episódio 13

Capítulo 13

Kael

Eu nunca imaginei que o MT fosse realmente admitir o que sente. O cara sempre fez questão de se esconder atrás das brincadeiras e das provocações, como se tudo entre a gente fosse um jogo. Mas agora, enquanto eu encaro aqueles olhos determinados, sinto que ele tá sendo sincero. Sincero de um jeito que mexe comigo de verdade.

Eu olho pra ele e, por um momento, não sei o que responder. Parte de mim quer continuar com a pose de durão, fingir que o que ele diz não me afeta. Mas a outra parte... a parte que tem pensado nele mais do que deveria, quer acreditar nas palavras dele.

— MT... — começo, tentando manter a calma. — Cê sabe que isso não vai ser fácil, né?

Ele me encara, como se esperasse essa resposta. Dá um sorriso de canto, aquele sorriso que me irrita e me atrai ao mesmo tempo.

— Nunca esperei que fosse fácil. Mas a gente dá um jeito — ele diz, os olhos fixos nos meus.

Eu suspiro, passando a mão pelo cabelo, tentando encontrar as palavras certas. A verdade é que ele tem razão. Eu tô cansado de fugir, cansado de fingir que o que sinto por ele é só amizade ou coisa de momento. Tem algo a mais entre a gente, algo que nem a raiva nem as brigas conseguem apagar.

— Você acha que a gente consegue? — pergunto, ainda um pouco hesitante.

— Só tem um jeito de descobrir, Kael — ele responde, com aquela confiança que só ele tem. — A gente tenta, e se não der certo, pelo menos a gente sabe que tentou.

Por um instante, fico em silêncio, absorvendo o que ele disse. Olho ao redor, vejo o pessoal ainda nos observando, meio sem saber o que fazer com a cena que criamos. E então decido parar de me importar com a opinião deles.

— Tá. Então, vamos tentar — digo, finalmente baixando a guarda.

MT solta um suspiro de alívio, e o sorriso dele se alarga. Ele estende a mão pra mim, como se quisesse selar um acordo.

— Fechado?

Olho pra mão dele, e dessa vez sou eu que sorrio. Seguro firme, deixando que ele sinta que, por mais difícil que seja, tô comprometido com isso também.

— Fechado.

A gente se encara por mais um tempo, e tudo ao redor parece desaparecer. É só eu e ele, finalmente deixando claro o que sentimos um pelo outro. O peso das palavras fica no ar, mas ao mesmo tempo, sinto um alívio que não sabia que precisava.

O sorriso de MT continua ali, e, pela primeira vez em muito tempo, sinto que tô onde deveria estar.