Capítulo 13 - O Castanho dos seus Olhos

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Alguns Depois - 21:53

A noite estava silenciosa, o tipo de quietude que amplifica qualquer som, desde o farfalhar das folhas murmúrio do vento entre as árvores. Sob a luz suave e filtrada da lua, Cael estava quase invisível, sua figura se misturando com a escuridão dos galhos. Ele rodava um pequeno canivete entre os dedos com uma destreza casual, o metal refletindo brevemente o luar antes de ser engolido pela sombra novamente. Seus olhos azuis e penetrantes focavam o vazio com uma expressão calma, e um sorriso ladino tocava seus lábios enquanto observava o movimento do seu atual alvo.

Os fios negros de seu cabelo dançavam, caindo sobre seus olhos, suas orelhas eram pontilhadas de piercings de diversos tipos e tamanhos que brilhavam por causa da lua. Cael relaxava encostado no tronco, sentado em um galho alto, um dos braços apoiado com firmeza enquanto o outro rodava o canivete. Foi quando notou, pelo canto do olho, um pequeno gato, que o observava de perto, seus olhos grandes e azuis fixos na figura do garoto.

-Olá, amiguinho- sussurrou virando a cabeça e apoiando o queixo no próprio ombro, seu sorriso ampliando-se levemente enquanto encarava o felino.

O gato respondeu com um miado baixo, e o olhar do garoto se suavizou momentaneamente. Mas então, uma voz ríspida surgiu do comunicador em seu ouvido.

-Ei, pirralho- chamou Lena, interrompendo o breve momento de tranquilidade.

Cael rolou os olhos, o sorriso sumindo do rosto. A figura antes tranquila tornava-se levemente irritada, como se o som da voz fosse o gatilho que o trouxera de volta para a realidade. Olhou de volta para a cena à sua frente, o canivete agora preso entre os dedos enquanto respondia.

-Achou a garota?- Lena insistiu, com uma impaciência perceptível.

Cael passou a língua pelos lábios, o olhar focado em uma janela iluminada à distância. A porta de um carro preto, estacionado a alguns metros, se abriu silenciosamente.

-Não, nem um rastro- respondeu ele com um tom de indiferença, enquanto observava a janela. Seu sorriso reapareceu por um breve instante, um reflexo involuntário diante do que se desenrolava, mesmo que estivesse sob pressão.

Do outro lado do comunicador, o suspiro exasperado de Lena ecoou.

Desligando o comunicador, o garoto soltou um riso discreto, como quem acaba de ver uma cena divertida. Sua atenção voltou-se para o casal que chegava. Zara, com o olhar perdido na grandiosidade da casa da família Kim, observava tudo ao redor, um misto de admiração e nervosismo, enquanto Taehyung, prático como sempre, retirava as malas do porta-malas e fechava o carro com um leve empurrão. Ele se aproximou da platinada, notando seu encantamento.

-Vamos entrando. Eles só chegam amanhã- comentou o moreno em um tom suave, mas próximo o bastante para assustá-la.

Blazer deu um leve sobressalto e o olhou de relance, com as sobrancelhas arqueadas. Em seguida, começou a segui-lo pelo caminho de pedras que levava à entrada. Ao vê-lo lutar um pouco para encontrar a chave certa, deu uma corridinha e se aproximou, assumindo a postura de quem quer ajudar.

-Deixa que eu ajudo!- disse, estendendo a mão.

Taehyung pausou por um momento, observando-a. Ele hesitou um pouco, mas acabou entregando a chave. Zara encaixou a chave na fechadura, abrindo a porta com leveza, e fez um gesto com a mão, indicando para ele entrar primeiro. Ele passou por ela e suspirou, já antecipando as perguntas da família.

-Quando eles chegarem, a gente fala que foi um engano, que você só veio porque está sob minha responsabilidade- explicou, levando uma das malas para dentro.

Shocrwave- Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora