Capítulo 8 •A mulher de vermelho•

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Bella se acostumou com a frequência dos sonhos estranhos. Eles não a perturbavam tanto quanto antes, e agora, a sensação de estar no corpo de Ophelia começava a parecer natural, como se ela estivesse mergulhando em uma história antiga.

Naquela noite, o sonho voltou a envolvê-la. Ela se encontrava novamente no corpo de Ophelia, uma figura pálida vestida com uma camisola branca, sentada em um quarto grandioso. As velas nas paredes, lançando sombras dançantes pelo ambiente. De repente, houve uma batida firme na porta de madeira maciça. Ophelia se levantou rapidamente, seu coração acelerado, e abriu a porta com expectativa.

Lá estava a mulher de vermelho, uma figura poderosa e envolvente. Ela estava completamente encharcada, os cabelos escuros grudados na pele, suas roupas pesadas pela chuva que caía lá fora. Seus olhos, no entanto, brilhavam com intensidade, como se nada no mundo fosse mais importante do que aquele momento.

- Você veio -disse Ophelia, sua voz carregada de felicidade e alívio, embora sua preocupação fosse visível. Ela observou a mulher, notando como as gotas de chuva escorriam pelo seu rosto e corpo. - Você vai ficar doente.

A mulher sorriu com malícia e diversão.

-Eu não fico doente - respondeu, sua voz baixa e provocativa.

Antes que Ophelia pudesse dizer mais alguma coisa, a mulher de vermelho a puxou para si, selando seus lábios em um beijo profundo, molhando a camisola branca de Ophelia com a água que ainda pingava de suas roupas. A sensação era intensa. Bella, presa dentro daquele corpo, sentia cada toque, cada emoção, como se fossem dela. O beijo era cheio de desejo e urgência, como se o tempo estivesse prestes a acabar, e a paixão entre elas crescia com cada encontro. Suas mãos agarraram as coxas de Ophelia a fazendo entrelaçar suas pernas expostas em torno de sua cintura, e por fim....

Bella acordou. O quarto estava escuro, o silêncio da madrugada a envolvia. Ela respirava rápido, o coração acelerado. Tentou se orientar, lembrando-se de onde estava: seu quarto, em Forks. Era sua última manhã ali.

Olhou para o relógio e percebeu que já estava na hora de se levantar. Com um suspiro cansado, Bella saiu da cama e começou a se preparar.
Era o dia de sua partida, e o voo para a Escócia não esperaria por seus devaneios.


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A manhã da despedida, Bella se esforçou para manter a compostura. Charlie a abraçou com força, sem dizer muito, mas Bella sentiu o peso de sua tristeza. Ele sempre fora um homem de poucas palavras, mas o aperto em seus braços dizia tudo. Sue estava ao lado, lançando-lhe um olhar compreensivo, enquanto passava a mão gentilmente pelas costas de Charlie.

-Vai dar tudo certo, pai -Bella disse, tentando manter a voz firme. -Vou te ligar assim que chegar.

Charlie apenas acenou com a cabeça, piscando com força para afastar qualquer sinal de lágrima. Sue, por sua vez, ofereceu um sorriso tranquilizador para Bella.

-Ele vai ficar bem, Bella -Sue assegurou. -Nós vamos cuidar dele.

Depois de um último abraço em Charlie, Bella pegou sua mochila e mala, caminhou em direção ao portão de embarque. O peso da partida finalmente começou a cair sobre ela. Quando o avião decolou e se estabilizou no ar, Bella se esforçou para se concentrar em qualquer coisa que não fosse o destino que a aguardava. Ela folheou uma revista de bordo, mas nada conseguia distrair sua mente por muito tempo. As imagens de seus sonhos recentes ainda a assombravam, misturando-se com as lembranças de Seraphine.


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S

eus pensamentos foram interrompidos por uma aeromoça de sorriso profissional, que se aproximou com educação impecável.

Estrela da Manhã        (Romance Sáfico) Onde histórias criam vida. Descubra agora