Capítulo 10 •A segunda queda•

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Já era manhã quando um som suave de batidas na porta me trouxe de volta à realidade.
Quando abri, Eiran estava ali, me olhando com seu sorriso tímido.

-Bom dia, Bella.

-Ah... Bom dia, Eiran. Onde está Aurianna?

-Ela mora com... -Ele hesitou, escolhendo as palavras. -Seraphine. Não é sempre que está por aqui.

-E Fréesia? Onde está?

-Está na estufa praticando.

-Hmmm....O que devo fazer? -perguntei, tentando não parecer perdida.

-Vamos tomar café da manhã. Depois, vou te mostrar a sala de estudos. Aurianna deixou livros que precisa ler.

Ele parecia envergonhado, e, por um instante, me ocorreu que talvez ele passasse muito tempo sozinho naquele lugar. Aurianna não estava sempre aqui, e Fréesia... Bem, ela não parecia o tipo de pessoa que daria muita atenção a ele. Ele me olhava de uma forma que misturava admiração e curiosidade, como se ainda tentasse entender minha presença ali.

Enquanto caminhávamos pelos corredores em direção à cozinha, Eiran, com seu jeito tímido, perguntou:

-Você já conheceu a casa toda?

A pergunta me fez rir. Chamá-la de "casa" era, no mínimo, estranho, considerando que parecia mais um castelo do que qualquer outra coisa.

-Aurianna me mostrou alguns cômodos, mas... é bem grande. -Dei um riso leve.

O café da manhã estava servido em uma mesa mais íntima próxima ao Jardim, iluminada pela luz suave da manhã que atravessava as altas janelas. Eu sentia um leve nervosismo ao pensar nos tais livros que Aurianna mencionara, imaginando que tipo de conhecimento eles guardavam ,ou que segredos estavam escondidos entre suas páginas.


Andamos em silêncio por corredores iluminados pelo sol, atravessando uma porta de madeira maciça. Do outro lado, uma biblioteca se revelava, grandiosa e imponente, com prateleiras que iam do chão ao teto em dois andares.
Pinturas renascentistas adornavam o alto do teto, e eu sentia como se estivesse em uma galeria de arte, cada imagem parecendo guardar um segredo ou uma história esquecida. A luz natural iluminava parte do ambiente, enquanto grandes lustres garantiam que cada canto estivesse perfeitamente visível.

Eu estava tão hipnotizada pelas pinturas que quase me esqueci de onde estava. Havia algumas portas no fundo da sala, mas não tive tempo de explorar, porque Eiran apontou para uma mesa longa e imponente, onde repousavam cinco livros de aparência antiga.

-Os livros estão aqui -ele disse, indicando-os com um gesto.

Me aproximei, os observando com atenção. Cada capa parecia distinta, feita de couro grosso, com letras e detalhes dourados que me lembravam manuscritos medievais. Eu quase podia sentir o cheiro do papel envelhecido, como se cada página tivesse sido manuseada por centenas de mãos antes de mim.

-Você leu eles quando veio para cá? -perguntei, curiosa.

Ele balançou a cabeça, a expressão tímida, mas os olhos, sempre atentos, pareciam revelar uma leve surpresa.

-Não, nunca os vi antes. Acho que pelo... -ele hesitou, apontando de leve para a minha mão onde a marca estava. -Ela pode querer que você leia algo diferente.

Toquei a marca inconscientemente, sentindo uma leve pulsação sob a pele.




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D

epois que Eiran saiu, eu fiquei sozinha com os livros, os dedos ainda deslizando pelas capas desgastadas. A estrutura da biblioteca e o ambiente antigo contrastavam com o inesperado toque de modernidade. Aurianna não havia mentido sobre o sinal de celular e a funcionalidade do lugar, era engraçado pensar que havia tecnologia mesmo em um lugar assim.

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⏰ Última atualização: Nov 12 ⏰

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