𝟎𝟑. 𝐀 𝐦𝐨𝐧𝐬𝐭𝐞𝐫 𝐥𝐮𝐫𝐤𝐢𝐧𝐠

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Corra, baby, corra, corra pela sua vidaVou arrancar seu coração, ele sempre será meu

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Corra, baby, corra, corra pela sua vida
Vou arrancar seu coração, ele sempre será meu.


Rússia, sexta-feira, 24 de março

Eu seguia lentamente, mantendo certa distância. Não sabia ao certo onde ou como tudo tinha se distorcido, mas, em retrospecto, parecia fazer sentido. Hiro Kishimoto, quer tivesse chegado com o grupo principal ou separadamente, ainda seria uma convidada de honra. A única que perdeu foi eu, forçada a fingir ser Hiro Kishimoto até alcançar o hotel.

Um sedã preto me aguardava no local onde eu seguia Dmitry. Um homem saiu do banco do motorista, acenou com um gesto contido e, sem dizer uma palavra, pegou minha bolsa e a colocou no porta-malas. Dmitry, com uma formalidade excessiva, abriu a porta de trás para mim.

Com certa dificuldade, me acomodei no assento, cercada por uma hospitalidade que me parecia quase sufocante. Dmitry sentou-se no banco do passageiro, fechou a porta, e o carro deixou o aeroporto rapidamente, como se estivesse fugindo de algo. Meu corpo, ainda dolorido pela longa viagem, afundou no estofado, e fechei os olhos por um instante, tentando relaxar.

Aquele gesto deveria ter sido um sinal para que não houvesse mais conversa, mas Dmitry se virou parcialmente em minha direção, ignorando o recado silencioso.

— Tá cansada, não é?

— Um pouco, por causa do fuso horário — respondi, sem entusiasmo.

Dmitry então começou a perguntar sobre as refeições do voo, o conforto dos assentos, e até sobre a simpatia dos comissários.

Ele prosseguiu, compartilhando histórias sobre suas próprias viagens, como se isso me interessasse. Com a cabeça apoiada contra a janela, eu apenas ouvia, sem vontade de participar.

A noite já havia caído sobre Moscou, mas não se via uma multidão aproveitando a atmosfera da cidade. Onde quer que eu olhasse, carros Lada dominavam as ruas, como se fossem emblemas de uma nova Rússia. Na área central, a mistura do logotipo da Starbucks com inscrições em cirílico chamava minha atenção, uma colagem curiosa de culturas. Os poucos transeuntes usavam chapéus shapka, alguns longos, outros mais curtos, e seus pescoços encolhidos e narizes proeminentes, tingidos de vermelho pelo frio intenso, davam-lhes uma expressão endurecida e até um tanto hostil.

— Está muito frio ultimamente? — perguntei, interrompendo Dmitry no meio de um relato sobre um cruzeiro pelo Japão.

Ele sorriu, claramente não se importando com a interrupção.

— Nem tanto. Apesar de estarmos no inverno, são só 15 graus negativos. É bem suportável. — Suspirei. Detesto o frio, mas Dmitry parecia se animar com a mudança de assunto.

— Às vezes, ouço alguns turistas dizendo que Moscou é insuportável no inverno, mas isso é porque nunca foram a lugares verdadeiramente glaciais. Irkutsk e Verkhoyansk, por exemplo, podem chegar a 20, 30, até 45 graus Celsius negativos. Comparado a eles, Moscou é quase um paraíso. Claro, não se compara a Tóquio. Ouvi dizer que lá a temperatura quase nunca fica abaixo de zero. Se caísse, as pessoas não congelariam? Aqui na Rússia, até o cachorro do vizinho daria risada. — A ideia de enfrentar temperaturas tão extremas quanto 40 graus negativos fez um arrepio atravessar meu corpo.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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𝐌𝐘 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓 𝐁𝐄𝐋𝐎𝐍𝐆𝐒 𝐓𝐎 𝐘𝐎𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora