O Primeiro Ingrediente

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Serena caminhou pela floresta densa com o papel onde o alquimista anotara os ingredientes. Em cada linha, os nomes misteriosos pareciam prometer desafios maiores do que ela imaginara. O primeiro da lista era “Flor da Meia-noite” — uma flor tão rara que, segundo as lendas, só nascia em clareiras banhadas pelo luar, florescendo por apenas alguns instantes sob a luz da lua cheia.

Com o coração batendo rápido, ela decidiu que a busca começaria ao cair da noite. Enquanto o sol desaparecia atrás das árvores, as sombras do bosque pareciam ganhar vida, e Serena se viu refletindo sobre seu desejo. Ela se perguntava se era realmente por Elias, ou se era algo mais profundo, uma busca pela conexão que sempre lhe escapava, como se sua alma ansiava por algo que ela ainda não compreendia.

Quando a noite finalmente chegou, Serena seguiu até uma pequena clareira que havia encontrado no caminho. Ela estendeu um pequeno pano sobre o chão, onde imaginava que a Flor da Meia-noite surgiria, e se sentou, com a mente dividida entre o receio e a expectativa.

Enquanto a lua se erguia, um farfalhar leve chamou sua atenção. Um cervo prateado, de olhos grandes e luminosos, surgiu entre as árvores, observando-a com uma serenidade quase sobrenatural. Serena ficou sem fôlego — o animal parecia tão fora do comum quanto a própria lenda que seguia.

Mas não era só o cervo. Em volta dele, um círculo de pequenas flores começou a desabrochar, como se o animal as trouxesse à vida. Serena se aproximou lentamente, o coração acelerado, e quando estava perto o bastante para colher uma das flores, o cervo inclinou a cabeça, como se desse sua permissão.

Ela estendeu a mão, tomando uma das delicadas pétalas. No instante em que tocou a flor, uma sensação estranha a percorreu, uma mistura de nostalgia e vazio, como se algo dentro dela sussurrasse por respostas que ela ainda não conhecia.

Assim que recolheu a flor, o cervo a observou mais uma vez e desapareceu entre as sombras da floresta, deixando Serena sozinha com o primeiro ingrediente em mãos.

Ao retornar para o caminho de volta, a jovem notou que o bosque parecia diferente, as árvores mais densas, o ar mais pesado. A cada passo, ela sentia como se estivesse indo mais fundo em algo intangível, como se a própria floresta a estivesse guiando para um destino que ela ainda não compreendia. Ao longe, ouviu um sussurro, baixo e delicado, chamando seu nome.

"Serena..."

Ela parou, o coração batendo rápido, os dedos ainda segurando a Flor da Meia-noite. O som era tão suave quanto a brisa, mas nela havia uma força que a atraía, como se o próprio bosque estivesse se comunicando com ela.

Mas ela ignorou o chamado, guardando a flor em uma pequena bolsa de couro antes de seguir em frente. Ao longe, avistou a cabana do alquimista, onde uma luz fraca brilhava na janela, como se ele a aguardasse, sabendo que o primeiro passo havia sido concluído.

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