Noiva por Conveniência

Capítulo 5: O Contrato

Meu coração pulsa forte enquanto atravesso o saguão luxuoso do hotel, um ambiente que raramente frequento. As paredes de mármore, reluzentes sob a luz suave, e os detalhes minuciosos, desde os candelabros elegantes até os arranjos de flores impecáveis, me intimidam. A mensagem da minha colega ressoou em minha mente: "Um empresário influente precisa de uma acompanhante para um evento importante." O pagamento prometido é suficiente para cobrir as próximas mensalidades do internato de Ana. Mais do que isso, representa uma oportunidade de estabilidade que não posso ignorar.

Ao avistar o homem em um canto, sinto uma onda de atração pela sua presença marcante e imponente. Seus cabelos escuros estão penteados para trás, de maneira elegante e impecável. A barba bem definida contorna seu maxilar, conferindo um ar de seriedade ao seu rosto. Ele veste um terno preto que exala sofisticação e profissionalismo, complementado por uma camisa e uma gravata também pretas, mantendo um estilo clássico e discreto. Seu olhar intenso se fixa em mim, e isso apenas aumenta meu nervosismo.

Na verdade, sei pouco sobre ele, exceto que pediu uma "noiva de fachada". O propósito é claro: ele deseja alguém ao seu lado durante um evento, como sua acompanhante. No entanto, à medida que me aproximo do homem que reconheço pela foto, uma inquietação toma conta de mim. O que isso realmente significa para ele — e para mim? A incerteza me faz questionar se estou pronta para este trabalho e as implicações que ela trará.

— Lana Martins? — Uma voz baixa e firme me tira dos pensamentos. 

— Sim, sou eu. — Assinto, tentando manter a calma.

Ele faz um gesto para que eu o siga. Subimos juntos até uma suíte reservada, onde ele indica um pequeno sofá para conversarmos. Sento-me, mantendo uma postura ereta e séria, apesar da vontade de relaxar e parecer menos tensa.

— Sou Daniel Navarro. — Ele pausa, observando-me. — Preciso de alguém que possa desempenhar um papel especial.

— Tão direto — deixo escapar, um sorriso nervoso surgindo nos meus lábios. Em seguida, me recomponho e pergunto, mantendo a voz calma e profissional: — E qual seria esse papel, exatamente?

Daniel respira fundo, como se estivesse se preparando para mergulhar em águas profundas. Ele me observa com uma expressão que mistura vulnerabilidade e determinação antes de começar a falar.

— Eu tenho um evento para comparecer, o casamento do meu irmão — diz ele, a voz firme, mas carregada de emoções. — Mas há um detalhe importante: minha ex-noiva também estará lá.

Um silêncio pesado se estabelece entre nós, e posso sentir a tensão no ar. Ele continua, os olhos fixos nos meus, como se estivesse tentando me fazer entender a gravidade da situação.

— Não é qualquer ex — acrescenta ele, a dor quase palpável em sua voz. — É aquela que saiu da minha vida da forma mais dolorosa possível, levando meu coração consigo. Quando ela decidiu me deixar, eu perdi muito mais do que apenas um relacionamento; perdi uma parte de mim.

As palavras ecoam na sala, e posso sentir o peso da história que ele carrega. Daniel parece se perder em suas lembranças, e por um instante, vejo a fragilidade por trás de sua imagem imponente. Ele precisa de alguém ao seu lado, não apenas para fazer parte da festa, mas para enfrentar os fantasmas do passado que ainda o assombram.

— E é por isso que preciso de você — diz ele, trazendo-me de volta à realidade. — Eu preciso de alguém que possa me ajudar a enfrentar essa situação. Alguém que me faça parecer... feliz, mesmo que por fora eu esteja despedaçado.

Seu pedido ressoa dentro de mim, e, por um momento, sinto uma mistura de empatia e responsabilidade. O que começou como um trabalho se transforma em algo muito mais profundo, uma oportunidade de ajudar alguém a enfrentar suas dores e, talvez, encontrar uma nova esperança.