~ Daniel Navarro ~
Observo Lana se afastar e bater a porta. O aperto no meu peito era intenso, uma mistura de arrependimento e frustração. Eu estou dividido entre Caroline e Lana, e não quero machucar a última. Sabia que o contrato que tínhamos poderia dar errado a qualquer momento, mas, ao mesmo tempo, a razão pela qual Lana esta aqui me pesa na consciência. Ela precisa do dinheiro para seguir com a vida e cuidar da irmã. Será que o que sento por ela é compaixão disfarçada? A ideia me deixa inquieto.
Decidi que preciso me espairecer e vou para o banheiro. O jato quente da água me envolve como um abraço reconfortante, mas nem mesmo isso consegue dissipar a confusão que me atormentava. Como eu pude agir daquela forma com Lana? A lembrança das noites passadas estavam frescas na minha mente, o jeito como ela se entregou a mim, a vulnerabilidade em seus olhos, e como, em um único instante, tudo se transformou em um desentendimento desgastante.
Após alguns minutos de reflexão sob a água, ouvi uma batida na porta que me faz praguejar mentalmente. "Quem é agora?" penso, frustrado. Mas, em um impulso, imagino que poderia ser Lana, que talvez tivesse se esquecido das chaves. Rapidamente me enrolo na toalha, ainda sentindo o vapor da água em meu corpo, e ao abrir a porta, sou surpreendido pela visão de madeixas loiras.
— Caroline? — pergunto, tentando esconder a surpresa que me invade.
— Sim, esperava outra pessoa? — responde ela com um sorriso malicioso, enquanto passa por mim e entra na suíte sem me dar a chance de reagir.
Fico paralisado por um segundo, o coração disparado. Caroline sempre teve essa habilidade de entrar no meu espaço, e, naquele momento, eu não tinha certeza do que queria.
— Eu vi Lana no bar do hotel — ela disse, com um tom provocador. — Não sabia que vocês estavam tão... próximos.
As palavras dela foram como um soco no estômago. A imagem de Lana, a expressão confusa no rosto dela ao me ver com Caroline, me atormentou. O que estava fazendo? O que havia de tão atraente em Caroline que me fazia esquecer a intensidade que eu compartilhava com Lana? O meu lado racional se debatia, enquanto a atração e o desejo começavam a tomar conta.
O que estava acontecendo entre mim e Lana estava emaranhado na minha mente, e eu me sentia culpado. Lembranças de como Lana me olhou na noite passada e como ela estava tão vulnerável ainda queimavam na minha memória. Tinha sido um momento intenso, mas agora parece tão distante, como se tivesse ocorrido em outra vida. E aqui esta Caroline, em toda sua glória, me puxando para a realidade de um jeito que eu não estava pronto para enfrentar.
Ela se aproxima e me dá um beijo, e, no meio da confusão, eu acabo cedendo, permitindo que a atração tome conta de mim. O que começa como um impulso se arrasta pela madrugada, e quando dou por mim, Caroline e eu passávamos a noite juntos, entregues ao momento de maneira impensada.
Na manhã seguinte, a porta se abre com um rangido, e eu me viro, paralisado. A silhueta que aparece na entrada tinha cabelos escuros e olhos brilhantes, e eu reconheço Lana imediatamente. O olhar dela — misto de surpresa, dor e indignação — me atinge como uma onda. A sensação de arrependimento e culpa quase me derruba.
~ Lana Martins ~
Ao abrir a porta, paro imediatamente, meus olhos se fixando na cena diante de mim: Daniel está deitado na cama, a luz suave da suíte refletindo em seu rosto, e ao seu lado, Caroline, com um sorriso de vitória estampado no rosto. O contraste entre os dois me atinge como uma onda fria. Ela está deitada ao seu lado, casual, mas os olhos dela estão fixos em mim, desafiadores. Sinto o sangue ferver nas veias, a dor e o ciúme se entrelaçando, criando um nó apertado no meu peito.
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Noiva por Conveniência
RomanceApós a trágica perda dos pais, Lana Martins se vê obrigada a assumir a responsabilidade pela irmã de apenas 5 anos. Para garantir a custódia da menina, ela é forçada a tomar decisões difíceis, aceitando trabalhos arriscados, como o de acompanhante...