Capítulo 7: O Início do Jogo

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Assim que a porta da suíte se fecha, percebo que estou mergulhando em um mundo distante da minha realidade. Meus olhos vasculham o ambiente sofisticado: uma cama king-size rodeada por móveis modernos e imponentes, decorados em tons de creme e dourado. As amplas janelas se abrem para uma vista espetacular do oceano, o que aumenta a sensação de surrealismo.

Respiro fundo antes de abrir o guarda-roupa, sentindo a antecipação misturada com um toque de nervosismo. Ali dentro, tudo parece cuidadosamente pensado para uma vida de luxo: vestidos elegantes, conjuntos casuais e peças finas que parecem saídas de catálogos de alta moda. Observando mais de perto, noto que cada roupa reflete alguém que eu ainda não reconheço — alguém que pertence a um mundo que conheço apenas de longe. O desconforto dá lugar a uma curiosidade misturada à empolgação.

Ao alcançar uma prateleira no canto, encontro um conjunto de lingeries rendadas, delicadas e reveladoras. O rubor sobe em meu rosto ao perceber o quão minúsculas e sugestivas são as peças.

— Ele só pode estar brincando... — murmuro, segurando uma camisola quase transparente.

Conto mentalmente até dez para acalmar o nervosismo e deixo as lingeries de lado, optando por um biquíni vermelho. Minimalista, mas ao menos menos revelador que as opções tentadoras à minha volta. Uma vez pronta, desço para encontrar Daniel. Assim que me vê, seu olhar parece percorrer meu corpo em câmera lenta, demorando-se em meu decote, escorregando até a linha das pernas, e depois voltando a se fixar em meus olhos.

Cruzo os braços, tentando parecer firme.

— Não vai dizer nada? — pergunto, arqueando uma sobrancelha.

Daniel apenas sorri, oferecendo-me o braço. Quando saímos juntos, tento manter a cabeça erguida, mas os olhares curiosos dos outros hóspedes me fazem sentir-me mais exposta do que esperava. Sei que chamo a atenção, mas estou longe de sentir-me à vontade.

Caminhamos lado a lado até a área da piscina, onde o ambiente é ainda mais intenso, e mal posso acreditar na quantidade de olhos que se voltam em minha direção. Um grupo de homens para de conversar para me observar de maneira indiscreta, e sinto a pressão aumentar. No entanto, Daniel está atento, e, em um gesto inesperado, puxa-me pela cintura, encostando-me firmemente ao seu lado.

Nesse instante, noto alguém que se aproxima: um homem jovem, sorridente, com os olhos claros e uma expressão amigável.

— Esse é meu irmão, Lucas — murmura Daniel, inclinando-se levemente em direção ao meu ouvido.

Lucas se aproxima com um sorriso caloroso e me cumprimenta com um abraço, como se eu fosse, de fato, parte da família.

— Então você é Lana, certo? — ele diz, soando zombeteiro. — Confesso que nunca imaginei que o Daniel me surpreenderia assim. Mas vejo que ele estava escondendo um verdadeiro tesouro!

Sorrio sentindo o nervosismo apertar meu peito. Não quero dar sinais de insegurança, então aperto de leve a mão de Daniel, que dá um meio sorriso discreto. Passamos alguns minutos conversando, e, de vez em quando, olho para Daniel, buscando sinais de orientação para que minha interpretação como noiva não fuja ao tom.

No entanto, algo na atmosfera ao redor captura minha atenção: uma mulher loira e esguia, sentada à sombra próxima à piscina, nos observa com uma expressão indecifrável. Seu olhar está cravado em mim e Daniel, avaliando cada movimento com intensidade.

Logo entendo quem é. Sinto meu coração acelerar e a ansiedade subir pelo meu corpo. É Caroline, a ex-noiva de Daniel. Aquela mulher não parece apenas me observar, mas também me estuda, buscando qualquer falha, qualquer detalhe que desminta a cena montada por mim e Daniel. Com o nervosismo crescente, aperto ainda mais a mão dele, tentando manter a compostura.

— Acho que estamos sendo observados — murmuro, sem tirar os olhos de Caroline.

Daniel percebe o que quero dizer e, com um sorriso que parece tanto encorajador quanto provocador, solta minha mão, segurando meu rosto.

— Relaxa, Lana — sussurra, antes de se abaixar e juntar seus lábios aos meus.

O beijo começa leve, mas se intensifica lentamente. Ele não parece ter pressa para se afastar, e atordoada, tenho dificuldade em recuperar o fôlego quando finalmente ele interrompe o contato.

— Que demora foi essa? — pergunto, com o olhar ainda confuso.

Daniel dá um meio sorriso.

— Quanto mais autêntico, melhor, não acha?

Com o rosto corado, forço um sorriso. Ainda estou impactada pelo beijo, mas a necessidade de me manter firme me faz recuperar a postura. Passado o momento, continuamos nossa caminhada pela área da piscina, com a presença de Caroline ainda pesando sobre mim.

Mais tarde, ao entrarmos na área de convivência, a aproximação é inevitável. Caroline surge ao nosso lado, linda e impassível, como uma figura esculpida em gelo. Daniel faz uma breve introdução, com o tom mais formal que já ouvi sair de sua boca.

— Caroline, esta é Lana, minha noiva — ele fala com segurança, como se a introdução fosse tão natural quanto inevitável.

Caroline sorri, mas é um sorriso que não chega aos olhos. Estende a mão, e eu retribuo o cumprimento.

— Então, você é a mulher que finalmente conseguiu prender Daniel — diz Caroline, com um tom sutilmente sarcástico, enquanto me observa de cima a baixo. — Parabéns. Eu costumava pensar que isso fosse impossível.

Respiro fundo e mantenho o sorriso. Cada segundo da interação parece uma prova, como se Caroline estivesse à espera de qualquer desvio, qualquer hesitação.

— Acredito que ele só precisava de um pouco de convicção — respondo, sorrindo de volta. — Quando você encontra a pessoa certa, tudo parece mais fácil.

Daniel assente levemente, mantendo o braço ao redor de mim. Caroline solta uma risada suave, mas seus olhos continuam afiados. Fica óbvio para mim que Caroline é uma observadora atenta e, por trás de sua simpatia polida, parece esconder um ressentimento que talvez apenas Daniel note.

Quando a breve apresentação termina, Caroline se afasta com um último olhar frio. Relaxo um pouco, mas a tensão ainda está ali, pulsando sob a superfície.

Assim que ficamos sozinhos novamente, lanço um olhar questionador a Daniel.

— Como você suporta ela? E, mais importante, como vou conseguir enganá-la? Ela é... incisiva demais.

Daniel sorri, com uma tranquilidade que quase me irrita.

— Confie em mim, Lana. Isso é só o começo. Basta que continuemos com o plano.

Solto um suspiro, sentindo o peso de cada palavra. As próximas horas serão decisivas, e o que era para ser apenas uma interpretação passageira de uma noiva parece tomar proporções mais profundas e desafiadoras.

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