Capítulo 8: Nosso Halloween

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Uma casa velha localizada em um dos conjuntos habitacionais mais antigos de Nativitsk. Manchas de infiltração visíveis, a poeira tomando conta de todo o espaço e o mau cheiro, foi a primeira visão que Jonathan teve ao ver sua casa nova pela primeira vez. Aquele era, sem sombra de dúvidas, o melhor lugar que ele já tinha morado.

A cidade de Nativitsk é dividida em kommunalkas(1) e alguns outros conjuntos habitacionais pequenos por certas áreas. Ruas mal pavimentadas, portões de madeira desgastados e mal cuidados e lixo pelo chão dos locais visíveis são comuns na cidade.

Enquanto seus irmãos e pai estavam fora, comprando novos móveis para deixar no local, Jonathan e sua mãe estavam no quarto, que somente continha um colchão jogado ao chão. Sentados, o pequeno Jonathan era abraçado por trás pela sua mãe, que cantarola enquanto o segura com ternura.

Mesmo nessas situações ela sempre tentava ser otimista... Jonathan pensa, eu não me lembro uma única vez de ter visto a minha mãe chorar ou ficar abatida, não na minha frente pelo menos, ela sempre... estava tão feliz.

— Mãe — O pequeno Jonathan falava — Por que sou tão diferente dos outros?

— Quem que te disse isso?

— Bem, é que... — Jonathan coça a cabeça — Às vezes eu... sinto algo estranho. Não só uma ou outra pessoa, mas, muitas e... sempre.

— Jake, quantas vezes eu te falei? Eles não devem importar para você.

— Mas, é que... — Ele respira profundamente — Sinto como se eu fosse amaldiçoado.

A mulher, com surpresa e certa tristeza, vira o garoto para sua frente, segurando as mãos dele. Jenny era como uma luz que iluminava todo o ambiente enquanto estava por perto, seu sorriso doce e gentil encantador se destacava sobre todos os lugares que vinha. Jonathan, agora, afunda em um mar de pensamento e incertezas em meio ao vazio, suas memórias jogadas pelo vento enquanto seu corpo luta para não ceder.

Por que... por que eu não me rendo logo? Pergunta sempre a si, em meio a todo o vazio obscuro que vê em sua frente, passa por lugares já muito visitados. Um banheiro antigo de um shopping, um carro velho, uma casa extremamente pequena, uma rua com neve, dentre tantos outros.

Em meio a tanta escuridão, Jonathan finalmente decide abrir seus olhos. Fosforescência azulada a seu arredor, ao umbigo de um abismo inominável, vozes de vileza o assombram enquanto é aureolado pelo vazio.

Via aquela torre, tão alta e brilhante, mas, ao mesmo tempo, tão isolada de si. Lampejos da visão do enorme castelo, como se o conhecesse de algum lugar.

A luminescência azul ao redor de Bayers não aparenta ter uma origem definida, apenas cercando o garoto enquanto ouve as vozes, que proferem timbres exasperos aos ouvidos, ímpios em sua essência e inexprimíveis para Jonathan descrever.

Uma figura emerge da escuridão, a curtos movimentos em caminhada, se põe arroste a Bayers. Pouco é observável em respeito da efígie, apenas que aparenta um ser com contornos similares ao Bayers mais velho, juntamente a sua presença hipnótica.

Maravilhado, Jonathan a vê erguendo o braço para perto de si, relutante, o mais velho ergue sua mão em alguns centímetros, mas a puxa de volta ágil.

Eu... não quero desistir, eu não quero... por que eu não quero desistir?

Seu corpo se move sozinho para resistir a visão da luz, tampando os ouvidos enquanto os sussurros infernais vem para seus lados, fechando os olhos para não ver e, confrangido, continua caindo.

O tempo se passa, o que pareciam minutos viram horas, e as horas se aparentam não fazerem mais sentido em sua mente. Perdido entre esse labirinto de dúvidas que sempre lhe esteve presente. Jonathan, mesmo com olhos fechados e tentando sempre lutar.

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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