Até que o Orgulho nos Separe

Prove

Dois dias depois do aniversário da Dona Beta, eu achava que finalmente minha vida de solteira havia voltado ao normal. Mas, em um momento de pura tranquilidade, recebi uma ligação que virou tudo de pernas para o ar.

— Alô, Adrien? — atendi, enrolada em toalhas, relaxando na minha banheira, me preparando para uma festa. — Fale logo o que você quer! — perdi a paciência, já ansiosa para voltar a relaxar.

— Marinette... — ele suspirou do outro lado da linha. — Você tem que dormir aqui em casa.

— Que? Lógico que não! Eu moro no meu apartamento, como sempre quis, longe de você!

Ele fez uma pausa que parecia durar uma eternidade.

— Marinette... é urgente... a minha vó vai dormir comigo e ela está perguntando por você.

Meu coração disparou.

— A vovó Betinha? Por que ela está na sua casa?

— Ela disse que vai fazer um exame cedo no centro da cidade e preferiu passar a noite com a gente.

"Puta que pariu..." xinguei mentalmente, quase escorregando na banheira. A última coisa que eu precisava era da Dona Beta invadindo minha vida de novo, especialmente agora que eu estava tentando ter um tempo longe de toda essa confusão.

— Adrien, você não pode simplesmente pedir para eu ir aí! Eu... eu tenho planos!

— Marinette, você sabe que isso não é uma simples visita. A vó está preocupada com você e quer muito ver você de novo.

— Isso não é justo! Eu sou a pessoa que está sendo arrastada para isso!

— Eu sei, eu sei... — a voz dele soou um pouco mais suave, como se ele estivesse tentando me convencer. — Mas você é importante para ela. E, honestamente, para mim também.

Suspirei fundo, tentando processar tudo. O que eu poderia fazer? Era a Dona Beta, depois de tudo.

— Tudo bem, mas se eu for, é só por uma noite.

— Ótimo! Eu prometo que vou fazer você se sentir em casa.

— É isso que eu temo! — retruquei, mas a verdade era que não consegui resistir à ideia de ver Dona Beta de novo.

Com um último suspiro resignado, desliguei o telefone, ciente de que minha "vida de solteira" poderia esperar mais um pouco. A única certeza que eu tinha era que essa noite seria cheia de surpresas… e eu só esperava que não fossem muitas.

Antes de sair, mandei uma mensagem para minhas amigas, avisando que não iria à festa. Em seguida, arrumei minha mala para passar a noite na casa do Adrien e, por fim, coloquei meu anel de casamento, como se aquilo pudesse me dar alguma proteção contra as loucuras que estavam por vir.

— Você vai me pagar por isso, Adrien… — resmunguei para mim mesma, com uma mistura de frustração e resignação.

Ao sair do meu apartamento, não pude evitar um último olhar para trás, como se estivesse dizendo adeus à minha liberdade por mais algumas horas.

Quando cheguei à mansão do Adrien, fui recebida com um abraço caloroso da Dona Beta, que não parava de me elogiar e fazer mil perguntas sobre minha vida.

— Marinette, você está tão linda! E como foi o piquenique com as amigas?

— Piquenique? — perguntei, confusa, antes de olhar para Adrien, que me lançou um olhar de incentivo para eu entrar na onda. — Ah, o piquenique foi maravilhoso!