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Alyssa Collins pov.

Acordei sentindo algo pesado sobre mim, e por um segundo, pensei que fosse alguma almofada perdida ou um cobertor. Mas então, me virei um pouco e percebi o que — ou melhor, quem — era. Rafe estava praticamente jogado em cima de mim, o braço largado ao redor da minha cintura, dormindo profundamente. Meu primeiro impulso foi de empurrá-lo, só para vê-lo acordar assustado. Mas… talvez fosse mais divertido esperar para provocá-lo depois.

Dei uma risadinha silenciosa, deslizei devagar para fora da cama, tentando não acordá-lo, e fui direto para o banheiro. Enquanto tomava banho, a lembrança da noite passada voltou à mente. Era surreal pensar que, depois de anos de provocação e inimizade, eu tinha passado a noite com Rafe Cameron dormindo no meu quarto — e ainda mais surreal que ele tivesse buscado a minha ajuda.

Quando saí do banho, me peguei sorrindo ao ver que ele continuava desmaiado na minha cama. Peguei meu celular para checar as mensagens e logo uma notificação me fez parar: minha colega de turma avisava que a tempestade tinha derrubado a energia da universidade e as aulas estavam suspensas por hoje. Bom, pelo menos eu teria um dia de folga, sem correrias.

Desci para a cozinha, pegando uma caneca de café e buscando algo pra comer. Enquanto eu colocava as torradas no prato, ouvi passos pesados atrás de mim. Rafe entrou na cozinha ainda meio desorientado, o cabelo bagunçado e o rosto amassado. Ele olhou em volta, parecendo se situar, e então me encarou, quase como se ainda não tivesse acreditado que estava ali.

— Bom dia, Bela Adormecida. Dormiu bem? - Perguntei, com um sorriso irônico.

Ele riu de canto, passando a mão pelo rosto.

— Melhor do que esperava. Mas… não me julgue. Nem todo mundo é tão sortudo de ter uma cama confortável assim. - Ele deu de ombros, tentando disfarçar.

Sentei-me à mesa com uma expressão de falsa surpresa.

— Sortudo, é? Acho que ontem você estava desesperado demais pra se preocupar com conforto, Cameron.

Rafe soltou um suspiro, como se estivesse reunindo coragem.

— Eu sei, tá bom? Sei que foi… bizarro eu aparecer assim, mas obrigado por… - Ele hesitou, buscando as palavras certas. — Por não me mandar embora.

Eu levantei uma sobrancelha, surpreendida pela sinceridade dele.

— Bom, se você estiver querendo se redimir, então talvez eu te perdoe.

Ele riu de leve, pegando uma torrada do meu prato sem pedir.

— É bom saber que a sua generosidade tem limite.

— Ah, tenho muitos limites. Mas você teve sorte. E… - parei, mudando de expressão para uma de pura diversão —, bom, tenho que dizer que você é bem carente dormindo. Achei que tava abraçando um ursinho de pelúcia.

Rafe congelou, o rosto ficando vermelho por um segundo, e depois ele soltou uma risada.

— Ta falando sério, Collins? Não lembro de nada disso. Mas bom saber que você gostou da companhia.

Revirei os olhos, jogando um guardanapo nele.

— Foi por necessidade, não por opção. Mas me fala, você pretende invadir minha casa toda vez que brigar com seu pai?

𝙄𝙣 𝙛𝙡𝙖𝙢𝙚𝙨 - 𝙍𝙖𝙛𝙚 𝘾𝙖𝙢𝙚𝙧𝙤𝙣 Onde histórias criam vida. Descubra agora