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Fechei o diário e o guardei debaixo do travesseiro, soltando um longo suspiro. Era estranho pensar que um caderno pudesse me fazer questionar tanto sobre quem eu sou. As palavras que escrevi pareciam ainda ecoar na minha cabeça: Eu sou um maldito narcisista. Era verdade. E, pior ainda, talvez eu nunca tenha sido mais do que isso.

Fiquei encarando meu reflexo no espelho ao lado da cama, esperando encontrar aquela imagem que eu sempre admirei. Mas tudo o que vi foi alguém inseguro e... vazio. Que tipo de pessoa eu sou? Um que só se preocupa com o próprio reflexo, com elogios, com as próprias qualidades? As palavras que li mais cedo voltavam à mente, me deixando desconfortável. Eu sempre pensei que a aparência era suficiente, mas agora... não tenho tanta certeza.

Agora eu não sou ninguém, eu agora acho ruim a única coisa em que eu era bom...

Minha cabeça estava um caos, e o silêncio do quarto não ajudava. Respirei fundo e me levantei, decidido a fazer algo, qualquer coisa que me distraísse dessa onda de pensamentos.

Desci as escadas e ouvi as risadas de Edd e Tom vindo da sala. Quando entrei, vi que estavam assistindo um filme, os dois rindo juntos. Eu adorava aquele tipo de cena, onde tudo parecia simples e fácil. Edd me viu e sorriu, acenando para eu me juntar a eles.

"Ei, Matt! Vem assistir com a gente! Esse filme é hilário!" Ele bateu na almofada ao lado dele, convidando.

Normalmente, eu não hesitaria nem um pouco. Sentaria ali, faria algum comentário engraçado sobre o filme ou sobre mim mesmo, e tudo estaria bem. Mas, agora, parecia que algo me segurava, como se eu estivesse preso dentro da minha própria cabeça. E se... E se eles também me achassem um narcisista chato? E se eu fosse só isso pra eles? De repente, parecia que cada olhar e cada risada era um julgamento, algo que me fazia questionar o que eles realmente pensavam de mim.

Mas Edd estava lá, sorrindo de forma tão genuína, como se o mundo fosse um lugar sem preocupações. Me esforcei para não pensar demais e finalmente fui até o sofá, me sentando ao lado dele. Quando me acomodei, notei como estava inquieto. De repente, o espaço ao lado de Edd parecia pequeno demais. Eu conseguia sentir o calor do corpo dele ao meu lado, e isso só aumentava a ansiedade que eu tentava controlar.

Comecei a olhar para o filme, mas nada do que acontecia na tela parecia fazer sentido. Toda vez que uma cena mudava, meus olhos se desviavam para Edd, tentando decifrar o que ele achava de mim. Ele estava rindo, despreocupado, tão confortável. A leveza dele fazia meu peito apertar. Me perguntei se algum dia eu conseguiria ser assim, alguém que não precisa fingir nada para ser aceito.

De repente, Edd virou a cabeça e me pegou olhando. Senti o rosto esquentar imediatamente e desviei o olhar, tentando disfarçar.

"Tá tudo bem, Matt? Você tá quieto hoje," ele disse, ainda com aquele sorriso amigável, sem perceber a confusão que estava rolando dentro de mim.

"Eu? Não, eu... tô bem, só... cansado," menti, forçando um sorriso que, no fundo, sabia que ele não compraria. Normalmente, eu adoraria uma chance de falar sobre mim, mas agora... agora eu nem sabia o que dizer.

"Bom, se precisar conversar, a gente tá aqui, né?" Edd me deu um leve empurrão no ombro, rindo. O gesto foi simples, mas senti meu peito aquecer de um jeito estranho.

Eu queria poder explicar o que estava acontecendo comigo, queria poder abrir o jogo e dizer o quanto me sentia... perdido. Mas, como explicar isso quando nem eu entendo? Em vez de falar qualquer coisa, apenas assenti e voltei a olhar para o filme, ainda que minha mente estivesse a quilômetros de distância.

Por que estar perto de Edd parecia tão complicado agora? Talvez fosse porque, pela primeira vez, eu queria ser algo mais do que um rosto bonito. Eu queria que ele visse algo bom em mim... algo real. Mas, quanto mais eu pensava nisso, mais inseguro me sentia. Quem eu era além do reflexo no espelho? Um amigo? Uma pessoa interessante?

Eu nem sabia responder.

De repente, o filme terminou, e Tom se levantou para buscar algo na cozinha. Edd também se levantou, se espreguiçando, e olhou para mim com um sorriso suave.

"Ei, Matt. Você andou meio estranho esses dias... De verdade, tá tudo bem mesmo?" O tom dele estava mais sério agora, quase preocupado.

Eu queria responder com algo simples, queria dizer que estava tudo bem, que ele não precisava se preocupar. Mas, em vez disso, as palavras escaparam antes que eu pudesse me controlar.

"Edd... o que você acha de mim?" minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Ao perceber o que disse, senti o coração acelerar, temendo sua resposta.

Edd pareceu surpreso, como se a pergunta tivesse pegado ele de guarda baixa. Ele piscou algumas vezes, e depois um sorriso gentil surgiu em seu rosto.

"Eu acho que você é o Matt, cara. Meu amigo. Aquele que, mesmo que às vezes exagere, é divertido pra caramba e tá sempre animado." Ele deu uma risada leve. "Sério, não tem por que se preocupar com isso."

Eu ri, tentando parecer despreocupado, mas aquelas palavras ficaram comigo. Ele me via como um amigo, alguém que ele realmente valorizava. Mas... e se ele soubesse sobre as inseguranças e o que eu descobri sobre mim mesmo? Será que continuaria me vendo assim?

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Eu permaneci ali na sala, ainda perdido nos meus próprios pensamentos, tentando assimilar o que sentia. Aquilo tudo era tão confuso e assustador, mas de alguma forma, a maneira como Edd me olhou - como se eu fosse algo mais do que um simples reflexo - me deu um pouco de esperança. Talvez, só talvez, eu pudesse ser alguém além da imagem que vejo no espelho.

Antes que eu pudesse me afundar ainda mais nesses pensamentos, um grito veio do andar de cima:

"QUEM PEGOU MEU MANGÁ?" A voz de Tord ecoou pela casa, cheia de indignação.

Olhei para Edd, que tinha acabado de voltar para o sofá, e ele soltou uma risada baixa. Tom apareceu na porta da cozinha, segurando um sanduíche, e começou a rir também.

"Cara, o Tord realmente precisa de um sistema de segurança pra essa coleção," disse Edd, com um sorriso.

"Ou ele podia só esconder melhor, né?" Tom acrescentou, rindo ainda mais.

Não consegui conter o riso também. A cena era tão típica do nosso dia a dia - Tord e sua obsessão pelos mangás...meio...como eu posso dizer?..adultos? Edd e Tom tirando sarro... Era algo que, apesar de todas as minhas inseguranças, eu realmente adorava. Eu não podia deixar de pensar que, mesmo com todas as minhas dúvidas e medos, esses momentos faziam tudo valer a pena.

O som dos risos encheu a sala, e, pela primeira vez em dias, senti que talvez eu não fosse tão horrível assim. Talvez eu pudesse ser algo mais. E, mesmo que não soubesse exatamente o quê, estar ali, rindo com eles, era o suficiente.

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Fim do Capítulo 3




I'm Just A Fucking Narcisist//Eddswolrd EddmattOnde histórias criam vida. Descubra agora