Prazer eu sou o Desejo

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Seria loucura demais querer recomeçar do zero?

Penso que quando se tem uma vida onde você não se sente feliz imagino que qualquer tentativa para sair da mesmice é válida, uma casamento frustrado, anos na mesma profissão, uma vida chata e monótona.

Seria um bom motivo para querer uma mudança radical?

Me perguntei isso por anos, exatos 10 anos na verdade quando fui forçada a um casamento que eu não queria e nem o noivo também, mas como filhos exemplares que éramos, eu com apenas 15 anos na época, acabamos acatando as ordens, e o resultado? 10 anos de um casamento onde o sexo era mais ou menos e a amizade prevalecia, sim nós tornamos melhores amigos, um casamento de fachada enfim, nenhum de nós estávamos felizes e decidimos por um fim naquilo tudo, Luca se apaixonou de verdade e não o julgo por isso,pelo contrário fico feliz por ele, mas oque fazer depois de 10 anos em um casamento de aparências? Como recomeçar?

Decidi começar por uma mudança no meu estilo de dança, bailarina a 7 anos, dona de um Studio de dança, hoje com 25 anos posso dizer que tenho uma carreira sólida, mas não quero mais isso, quero buscar algo novo, então vir para um congresso de dança em Nova York foi uma oportunidade para talvez me encontrar novamente, divórcio assinado estou livre para viver minha vida.

-Nova York... Aqui estamos nós - Sussurrei a mim mesma assim que desci pelas escadas no avião, peguei minhas bagagens e logo segui em direção ao carro de aluguel que já me aguardava no estacionamento, o tempo chuvoso e a neblina densa que se formava dificultava muito minha visibilidade na estrada enquanto eu dirigia, conhecia bem o caminho, já havia vindo para Nova York em outras circunstâncias, espetáculos de balé, mas essa série a primeira vez que não venho só para trabalho, alguns quilômetros dirigindo e dirigindo notei que algo estava errado.

-Não me lembro desse caminho ser tão longo - falei comigo mesmo imaginando que provavelmente pela neblina densa não enxerguei a entrada pela qual eu deveria ter seguido, respirei fundo tentando não deixar a irritação tomar conta de mim, mas foi quase instantâneo quando sinto um solavanco do carro e no painel aparecer que um dos pneus estava perdendo pressão.

-Droga, justo aqui - espalmei o volante conduzindo o carro para o acostamento e desci do mesmo, constatando o óbvio, que o pneu havia furado e imediatamente pensei em meu pai.

-Preciso de você aqui pai, porque não te dei ouvidos quando tentou me ensinar trocar a droga de um pneu.

Olhei em volta não vendo nada além de alguns metros de onde eu estava e voltei para dentro do carro sentando no banco do passageiro tentando pensar em alguma forma de resolver, olhava para ambos os lados da pista, implorando para que um pessoa de bom coração aparecesse e pudesse me ajudar, tentei ligar para a empresa do carro que eu havia locado, mas para variar meu celular não tinha sinal, sinceramente aquilo tudo mais parecia cena de filme de terror, noite fria, nublada,carro furando o pneu em uma rua deserta e sem sinal de celular, - Claro só falta agora um homem aparecer de capa, andando a passos lentos em minha direção segurando uma faca ou algo do tipo para me matar - Ri da minha perfeita imaginação fertil, - Isso acontece só em filmes ou será que não? - Questionei a mim mesma quando forço minha visão vendo sim um homem alto e forte vindo a passos lentos em minha direção, não conseguia ver seu rosto, pois ainda estava em uma distância considerável de mim - Só pode ser brincadeira - Pensei me levantando do banco do carro - Pelo menos não tem nada em mãos, o'que não muda nada - quanto mais ele se aproximava, mas aterrorizante aquela cena parecia, o cara fazia questão de andar bem devagar - Se vai me ajudar pode ao menos andar mais rápido - Gritei para que o mesmo escutasse, mas não obtive resposta, ao longe vejo luzes de carro se aproximando e dou sinal com a mão para que o mesmo parasse, ainda observando aquela homem que continuava caminhando até mim, respirei fundo aliviada quando vejo o carro reduzir a velocidade e parar logo a frente, mas ao me virar novamente para o tal homem seu rosto estava frente a frente ao meu - Como ele chegou tão rápido? não estava tão perto. - Pensei comigo, um capuz grande cobria praticamente todo seu rosto, naquela noite escura, seria praticamente impossível identificá-lo, então quando pensei em formular qualquer palavras me olhando nos olhos um brilho intenso de um vermelho quase que como chamas se fez presente naquelas grandes orbes, e sinceramente não sei dizer o'que aconteceu depois de ver seus olhos em chamas, pois acordei algumas horas depois no hospital assustada - Mas que porra foi aquilo ? - Questionei a mim mesma e logo uma enfermeira veio me atender.

Um pacto com o DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora