Olhares e Confusão

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Fomos até a cozinha e começamos a pegar as coisas que iríamos precisar para a pipoca e o brigadeiro. Marília me entregou uma panela e eu fucei nos armários até achar o leite condensado e o achocolatado.

Coloquei os ingredientes na panela, coloquei no fogo e fiquei mexendo, enquanto Marília preparava a pipoca no micro-ondas. Olhei para ela enquanto mexia e ela já estava me olhando.

Puta merda, alguém me segura, porque minhas pernas bambearam. Que olhar foi aquele?! Rapidamente voltei a encarar a panela como se fosse a coisa mais legal do mundo.

— Isa? - me chamou pelo apelido criado por ela e eu sorri

— Oi? - tiro a atenção da panela para olhá-la

— É...por que falou daquele jeito lá no quarto? - perguntou

— Q-que jeito?! - volto a encarar o brigadeiro que estava quase pronto

— O jeito que você me elogiou. Foi diferente, eu senti. - falou se aproximando um pouco

— Que isso, Mali. - resolvo usar o apelido que dei à ela também - Deve ser coisa da sua cabeça, eu falei normal. - tentei me acalmar

— Me engana que eu gosto, Maraisa. - deu um sorriso irônico - Pode falar. - se aproximou mais um pouco

— O problema é que nem eu sei, minha mente está uma confusão e não quero descontar em vocês. - falei sincera

— Tudo bem, quando estiver mais tranquila eu estarei aqui para te ouvir, ok? - falou calma

— Obrigada! - sorri fraco

Marília deixou um beijo em minha testa e nós subimos.

Minha mente anda uma bagunça, desde ontem, quando eu vi o story da Mali. Eu quero ver ela feliz, muito feliz, mas me incomoda saber que ela está namorando. Eu só queria saber porque isso me incomoda tanto.

Eu não posso estar gostando da Marília, não posso. Ela está comprometida, te preserve, Maraisa.”

Soltei um suspiro pesado.

— Irmã, tá tudo bem? - Maiara perguntou ao meu lado

— Tá, tá sim. - dou um sorriso forçado

— Em casa quero que me conte o que está acontecendo. - falou baixinho e eu apenas assenti

Assistimos dois filmes seguidos e depois disso nenhuma de nós aguentava mais ficar acordada, então nos aconchegamos na cama e apagamos.

[...]

Marília havia insistido para que dormíssemos lá e acabou que ficamos. Pegamos umas peças de roupa emprestada e ficaram imensas em mim e na Maiara, Luísa tinha algumas peças suas por aqui.

Acordamos no fim da tarde e voltamos a fofocar. Comemos mais besteiras, assistimos mais filmes e voltamos a dormir. Eu só queria ir para a minha casa logo, não que eu não goste da presença das meninas, mas eu precisava colocar minha cabeça no lugar.

— Irmã, vem cá. - Maiara me chamou no closet da Marília

— Oi? - falo parando em sua frente

— O que está acontecendo? Você era calada e tudo, mas você está calada demais. - falou

— É complicado, Mai. Minha cabeça está uma loucura, uma confusão imensa e eu não estou sabendo lidar com isso. - falo segurando o choro

— Oh meu amor, vem cá. - me puxou para um abraço - Amanhã nós vamos embora e conversamos melhor, pode ser? - se afastou limpando minhas lágrimas que caíram sem permissão

Assenti, me acalmando um pouco.

— Vamos voltar, daqui a pouco as meninas vão dar falta de nós. - me abraçou de lado e voltamos para o quarto

— O que aconteceu? - Luísa pergunta nos encarando

— Você estava chorando? - Marília se aproximou, segurando meu maxilar e analisando meu rosto

— Está tudo bem gente. - sorri fraco - Vai ficar. - falo um pouco mais baixo

— Se precisar, sabe que pode contar com a gente né? - Marília fala olhando no fundo dos meus olhos

Porra, isso está piorando minha situação.

— Obrigada! - sussurro e ela me abraça

A apertei em meus braços e nos separamos, voltando para a cama e desta vez indo direto dormir, já que estavam todas com sono.

[...]

Enfim, em casa. Dei um beijo nos meus pais e descobri que César estava na casa de um amiguinho. Eles crescem tão rápido. Não fiquei muito tempo ali e logo subi para o meu quarto com Maiara em meu encalço.

Entrei no meu quarto e deixei a porta aberta para Maiara que entrou logo em seguida e fechou a mesma.

— Prontinho, irmã. Pode me falar o que tanto te atormenta. - minha gêmea se sentou na cama ao meu lado

— Nem eu sei direito, irmã. Acontece que quando eu deveria estar super feliz, porque minha amiga está namorando e está extremamente feliz, eu não estou. - suspiro frustrada - Eu não sei o que está acontecendo comigo. - bufo

— Irmã, cê tá apaixonada pela loira. - ela falou com um sorriso meigo

— Não Maiara, nem brincando você fala um negócio desses. Eu não posso. - falo desesperada

— Irmã, você não escolhe isso. Não tem como fugir. - falou como se fosse fácil - Quando você entender que o seu “problema” é isso, a sua cabecinha vai parar de ficar confusa. - falou calma

— Irmã, até anteontem eu era hétero, nunca tinha me apaixonado por ninguém, aí agora vou me apaixonar justo por uma mulher, minha melhor amiga, que acabou de assumir um relacionamento?! - falo incrédula

— Aconteceu irmã, não tem muito o que fazer. - deu de ombros - Agora é você contar para a Lila, ou aprender a lidar com isso sozinha. - falou

— Eu consigo sozinha. - respirei fundo - A Marília não pode nem sonhar com isso, senão nossa amizade vai por água a baixo. - falei desesperada

— Pense bem, metade. Veja o que você acha que será o melhor para você. - me deu um beijo no topo da cabeça e foi para o seu lado do quarto

“Droga, não tinha outra pessoa? Tinha que ser justo a Marília?” - me jogo na cama

Fechei os olhos para tentar colocar a cabeça no lugar e pensar o que seria melhor, mas imagens de Marília me encarando invadem minha mente, me fazendo arrepiar no mesmo instante.

Abri os olhos e respirei fundo. Eu precisava manter um tempo afastada da loira para o meu próprio bem, espero que um dia ela possa entender.

Me levantei, tomei um banho gelado, vesti meu pijama e me deitei novamente, para tentar fugir dos problemas pelo menos durante algumas horas.

Continua...

Eita misamores, e agora??
Comentem bastante!!
Deixem a estrelinha.
Um beijo e até o próximo capítulo.

Medo Bobo - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora