Medo Bobo - Malila

Afastamento

A Maraisa está meio estranha comigo e eu queria muito saber o que está acontecendo com ela, mas ela não me dá abertura para perguntar.

Desde o final de semana do meu aniversário que ela está afastada de mim. Me enviou uma mensagem dizendo que não poderia mais me dar aulas extras e depois disso não respondeu nenhuma das mensagens que eu mandei.

Suspiro frustrada pensando nisso.

— Mai, o que está acontecendo com a sua irmã? - pergunto à ruiva que havia vindo em minha casa para passar a tarde

Ouço ela suspirar.

— São assuntos pessoais, Lila. Eu não posso falar, mas vai ficar tudo bem. - sorriu fraco

— Pois é, mas pelo que eu estou percebendo são assuntos pessoais que me envolvem, né? Já que desde o meu aniversário ela não fala sequer um “Oi, Marília.” - falo chateada

— Não é nada com você. É com ela mesmo, se um dia ela se sentir confortável ela vai falar. - falou olhando em meus olhos e assenti contrariada - Só dê um tempo pra ela, por favor. - pediu

— Eu estou tentando, mas em pouco tempo vocês já se tornaram muito importantes para mim e esse afastamento dela está acabando comigo. Estou achando que fiz algo de errado. - reclamo frustrada

— Vai ficar tudo bem, amiga. Você não fez nada. - Maiara me abraçou

— Eu espero que sim... - suspiro com o queixo em seu ombro

Maraisa

Já tem duas semanas que eu estou me mantendo afastada da Marília e isso está acabando comigo. Achei que fosse melhorar um pouco minha situação, mas está piorando muito.

Eu não paro de pensar na loira um minuto, estou quase ficando louca já. Deve ter umas cento e poucas mensagens da Mali no meu celular, mas não respondi nenhuma e nem sei se vou.

— Irmã, o que eu faço, hein? - me deito em seu colo

— Não sou a melhor pessoa para dar conselhos, mas acho que talvez você possa conversar com ela, explicar o que está acontecendo. - falou calma

— Isso só vai nos afastar mais. Ela está namorando, Mai. - suspiro frustrada

— Você sabe o que é melhor para você. Vou te deixar pensar um pouco, se precisar me chama. - me deu um beijo no topo da cabeça e saiu

Respirei fundo e fechei os olhos pensando no que seria melhor no momento. Se eu falasse com a Marília, ela poderia querer acabar a nossa amizade, mas se eu não disser, ela vai ficar chateada porque sabe que estou escondendo algo.

Meu Deus, por que tem que ser tão difícil?

Passo as mãos pelo rosto na tentativa inútil de pensar em algo que não seja nela. Peguei meu violão, meu caderninho de composições e aproveitei o momento em que eu estava sem vontade de fazer nada, para dar umas canetadas e ver no que dá.

“Toda vez que eu te vejo e você me fala ‘oi’
Na cabeça do meu coração, você fala bem mais
E o beijo no rosto que eu sei que vem depois
Se fosse um tantinho mais pra direita, seria bom demais

Será que você sabe
Que eu tenho segundas intenções?
Terceiras
Nas quartas, quintas, sextas-feiras
Enfim, só te quero a vida inteira

Ai, que vontade de estragar essa nossa amizade
Se eu beber, me segura que eu crio coragem
Vou falar que eu te amo, vou correr o risco
Ou eu ganho um amor, ou eu perco um amigo

Ai, que vontade de estragar essa nossa amizade
Se eu beber, me segura que eu crio coragem
Vou falar que eu te amo, vou correr o risco
Ou eu ganho um amor, ou eu perco um amigo
Mas amigo depois eu consigo”

Eu tinha conseguido escrever uma letra top e agora estava tentando criar a melodia no violão.

— Toda vez que eu te vejo que você me fala “oi”. - canto baixinho passando os dedos pelas cordas do violão

— Música nova, irmã? - Maiara entra no quarto

— É. - sorrio fraco - Tô procurando uma melodia que encaixe. - falei

— Posso ler? - pediu apontando para o meu caderno

— Claro! - falo e ela pega o caderno, começando a ler

— Irmã, isso aqui está incrível! - falou me olhando de boca aberta - Foi pra ela né? - perguntou

— Foi. - respondi de cabeça baixa

— Vem cá vem. - me puxou para um abraço

— Ai irmã, eu não sei mais o que eu faço. - resmungo

— Se os seus planos é ficar deitada aqui pensando, sinto muito, mas não vai adiantar de nada. Você tem que sair, conhecer pessoas novas, ir à festas. - falou

— Você sabe que eu não gosto dessas coisas. - choraminguei

— Mas é para o seu próprio bem, meu amor. Se você ficar nessa bolha que você criou, cê não vai esquecer nunca. - acariciou meu rosto

— Vou pensar. - suspirei

— Tem uma festinha esse fim de semana. - falou animada

— Como você consegue essas coisas? Ainda somos menores de idade. - pergunto

— Essa não entra de maior. - me explicou - Por favor, vai te fazer bem. - fez a cara do gato de botas

— Tudo bem, Maiara, eu vou. - falei entediada

— Só tem um problema. - falou e eu já sabia que era merda

— Qual, Maiara? - pergunto imaginando o pior

— A Lila vai. - falou baixo sem me encarar

— Puta que pariu! - falo e automaticamente coloco a mão na boca

— Mas você não pode evitar ela o resto da vida. Ela está chateada. - falou

— Tá bom, tá bom. Eu vou e vou tentar conversar com ela, está bem? - me dou por vencida

— Está ótimo! Te amo, irmã. - sorriu largo e me deu um beijo no rosto seguido de um selinho, saindo dali saltitante

— Eu também te amo. - grito para ela me ouvir enquanto eu dou risada

Respiro fundo e me deito na cama.

Continua...

Eita, eita
Será que vai rolar nessa balada hein?? 👀
Comentem mto senão eu não volto
Beijosss
Até o próximo capítulo