Capítulo 43

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Vitória Narrando

Depois do almoço, sentamos todos na sala para jogar imagem e ação, e nossa, fazia muito tempo que eu não me divertia assim com eles. Scott é péssimo, e sai com cada pérola que não tem como não rir. Luna acha que está em um jogo da internet, Thom é lerdo demais e Helena fica muito brava com ele, enquanto meus pais só riem do caos.

- Amor! Pelo amor de Deus - ela o repreendo, pela décima vez. A palavra era boi, e todos já haviam sacado, menos Thom.

- Ah, desisto - se joga no sofá - Qual era a palavra?

- Boi! - todos falamos em uníssonos e ele nos olha, inacreditado.

- Por quê você não apontou para o Scott? - diz, como se fosse óbvio e todos riem, menos Scott.

- Haha, como você é engraçado - Scott revira os olhos.

- Vou pegar mais pipoca - Helena sai, rindo.

Mordo os lábios, pensando se deveria mesmo ir atrás dela, antes de me levantar e segui-la até a cozinha.

- Oi - falo, e ela se vira, assustada.

- Vih, que susto - coloca a mão no peito.

- Desculpa, não queria te assustar - respondo, com um sorriso.

- Tudo bem - ela retribui, voltando a colocar a pipoca na tijela.

Fico em silêncio por um tempo, tentando criar coragem para perguntar.

- Aquela hora, no almoço - hesito - Por quê disse aquilo sobre o Jaison, olhando pra mim?

Ela me olha, receosa, se estica para olhar por trás de mim, em direção a porta, e então diz:

- Eu vi vocês - confessa, num suspiro - ontem.

Fico pálida, sentindo meu coração querer sair pela boca.

- Por favor, não conta pro meu irmão - peço, em súplica, e ela balança a cabeça em negação.

- Claro que não - afirma - Sei que isso seria muito complicado.

- Muito complicado - concordo, desviando o olhar.

- Você gosta dele? - pergunta, com cuidado.

- Não sei - confesso, pela primeira vez - Quero dizer, nós sempre nos odiamos, e agora, agora... - fico sem saber o que dizer, totalmente confusa com meus próprios pensamentos - Não sei o que estamos fazendo - respondo, em conflito.

- Será que se odiavam mesmo? - Indaga.

Fico parada, olhando para ela, pensando em suas palavras.

- Não importa - desvio o olhar - O Jaison não é do tipo que namora.

- Acho que ele não era do tipo que namora - afirma, sorrindo fraco, antes de colocar sua mão no meu ombro em sinal de reconforto e sair.

Demoro alguns longos segundos para voltar a realidade, pensando no que Helena disse. Será possível uma pessoa mudar de ideia sobre uma coisa que era inegociável para ela assim, do nada? Por minha causa? Será possível nossos sentimentos um pelo outro estarem mudando tanto assim?

Balanço a cabeça, tentando afastar todos os pensamentos confusos da minha mente. Não posso decifrar o que Jaison sente, não consigo decifrar nem mesmo o que eu mesma sinto, e para ser sincera, não sei se quero. Volto para a sala e me junto ao pessoal, me entretendo no jogo novamente, com muitas risadas e discussões.

{...}

Estou deitada na minha cama, de barriga para baixo, mexendo no celular, quando escuto batidas frenéticas na porta de casa. Levanto assustada, abro a porta do meu quarto e olho pelo corredor, mas não vejo nenhuma movimentação, nenhum barulho além das batidas. Desço a escadas e abro a porta.

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