Vitória Narrando
Hoje é sábado, meu aniversário, e o pior dia do meu ano desde que Cloe se foi.
Nós éramos 4 anos de diferença, ela era minha irmã mais velha depois de Thom. Mesmo com nossa diferença de idade, eu e Cloe éramos muito próximas, fazíamos tudo juntas, quase como se fôssemos uma só. Nós éramos muito parecidas, tanto na aparência como no jeito de ser, gostávamos das mesmas coisas, e tínhamos o mesmo senso de humor. Minha mãe até brincava que tinham colocado um clone da Cloe na barriga dela quando ela estava grávida de mim. Foi ela que me ensinou a tocar minha primeira música no violão. Cloe amava tudo que envolvia música, e me ensinou a amar também. Dizia que a melodia era alegria, assim como ela, e que não existia nada no mundo que não poderia ser consertado com uma boa canção.
Ela estava errada.
A dor que sinto por não tê-la mais ao meu lado não pode ser consertada, e nunca poderá.
Nós sempre brigávamos no nosso aniversário. Era muito difícil escolher um tema que agradasse uma criança e uma pré adolescente e, posteriormente, uma adolescente e uma pré adolescente. Agora sinto falta de não ter com quem brigar para escolher se o bolo será de chocolate ou de morango. Sinto falta dela.
Acordo 7:00 da manhã, sem vontade nenhuma de levantar da cama. O dia de hoje é, geralmente, um dia em que não saio do meu quarto, não vejo nem falo com ninguém. Mas esse ano eu estava no colégio interno, e precisava me levantar e ir pra casa, o que significava ter que encarar mais gente do que eu gostaria.
Tomo um banho demorado, como se esperasse que a água levasse todos os sentimentos ruins que eu estava sentindo naquele dia, coloco um shorts jeans claro e uma regata branca, prendo meu cabelo em um coque desajeitado, pego minhas coisas e desço.
- Bom dia senhorita Stuart - Dennis me cumprimenta, sorrindo com pesar.
- Dia Dennis, só dia - respondo com um sorriso triste e ele me olha com compaixão, sem dizer mais nada.
Dennis trabalha para nossa familia a tempo suficiente para saber o que o dia de hoje significa pra mim, e que falar sobre isso não é uma opção.
Ele pega minha mala e segue em direção ao porta malas para guarda-la enquanto espero Luna e Scott apoiada no carro, olhando ao meu redor com completo desinteresse. Avisto Jaison saindo do colégio, guardando suas coisas no carro e vindo em minha direção, e percebo que no meio da minha indiferença por todas as outras pessoas que estavam passando por ali, ele chamou minha atenção, e o mais surpreendente é que eu fico feliz que tenha sido ele que eu tenha que encarar dentre todas as outras pessoas que eu teria que encarar mais do que gostaria no dia de hoje.
- Bom dia estressadinha - sorri, e meu coração parece se confortar pela primeira vez no dia.
- Já tá com saudade de mim? - zombo tentando me animar, mas Jaison percebe.
- Não precisa fazer isso hoje - diz compreensivo.
Não sei se ele sabe o motivo pelo qual estou assim, até porque nunca conversei sobre a Cloe com ele, nunca conversei sobre a Cloe com ninguém. Mas de alguma forma Jaison parece entender que hoje não é um dia bom. Não digo nada, apenas o olho com olhar de gratidão acompanhado de um sorriso fraco.
- Vai fazer alguma coisa hoje? - pergunta.
- Parece que está me chamando pra sair - brinco e ele sorri divertido.
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Amor Entre Ódio
Roman d'amourVitória é uma menina de 15 anos que vai para a primeira série do colegial, mas surta quando descobre que seu Colégio virou um Colégio interno. Sua vida inteira muda quando as aulas começam e descobre que um idiota que ela esbarrou uma vez está na s...