▷18◁ 𝐎 𝐋𝐢𝐦𝐛𝐨

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"Eu sou apenas um Santo Tolo,
oh, querido, é tão cruel
Mas ainda estou apaixonado por Judas, querido
Eu sou apenas um Santo Tolo,
oh, querido, é tão cruel
Mas ainda estou apaixonado por Judas, querido"

~Judas - Lady Gaga


Naquele dia algo nos levou até lá a casa da avó de Barbara que é bem escondida. Descemos as escadas rangentes, e o cheiro de umidade e mofo tomou conta dos nossos sentidos. A lanterna na minha mão tremia um pouco, refletindo meu nervosismo, e Barbara andava logo atrás de mim, em silêncio, mas eu sentia a tensão no ar, até que parei pois escutei um ruído estranho.

- Você tem certeza que ouviu algo? - Barbara sussurrou, como se estivesse com medo de que a própria casa a ouvisse.

- Eu ouvi, sim. - Respondi, a voz baixa. - Tem algo aqui.

O porão estava cheio de caixas velhas e móveis cobertos por lençóis brancos, mas era o canto mais distante que me chamou a atenção. No final da parede, onde antes eu jurava que só havia tijolos desgastados, algo estava diferente. Uma rachadura... não, mais que uma rachadura. Uma fenda. E dela, estranhas vinhas roxas saíam como se estivessem vivas, pulsando de leve com uma energia que parecia impossível.

- Lizzie, o que é isso? - Barbara perguntou, agora ao meu lado, sua voz soando com uma mistura de curiosidade e medo.

Eu dei um passo à frente, incapaz de desviar o olhar. Era como se a fenda me atraísse, chamando meu nome silenciosamente. As vinhas pareciam convidativas, mas ao mesmo tempo... ameaçadoras. Meu coração batia rápido, e meu corpo inteiro estava em alerta, mas mesmo assim, não consegui resistir. Me aproximei.

- Eu... não sei. - Minhas palavras mal saíram, sufocadas pelo mistério que aquela coisa emanava. - Parece... um portal.

Barbara respirou fundo, o nervosismo aumentando. - A gente devia sair daqui, Lizzie. Isso não parece certo.

Eu sabia que ela estava certa, mas algo dentro de mim não queria ir. E então, antes que pudéssemos fazer qualquer coisa, as vinhas se moveram. Num instante, algo se enrolou em nossos tornozelos, rápido e brutal. Não tivemos nem tempo de reagir. Fomos puxadas.

Gritei, mas o som morreu na minha garganta quando fui engolida pela fenda. Barbara também soltou um grito agudo de desespero. Era como ser sugada por uma força invisível, sem ar, sem chão. Tudo ao nosso redor parecia girar, se desfazer em escuridão enquanto nossos corpos eram jogados em direções que eu não conseguia compreender.

Quando finalmente paramos de ser arrastadas, eu bati no chão com força. Tudo doía, como se eu tivesse sido despedaçada e remontada de forma errada. Pisquei, tentando recuperar a visão. A escuridão ao nosso redor era densa, pesada... mas não era a mesma do porão. Não era mais a casa da avó da Barbara.

𝑻𝒉𝒆 𝑼𝒏𝒆𝒂𝒓𝒕𝒉𝒆𝒅 𝑪𝒖𝒓𝒔𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora